Coren-SP promove discussão sobre atuação da enfermagem na saúde digital em simpósio inédito

O Coren-SP encerrou o calendário das atividades do mês de abril com a realização do I Simpósio de Saúde Digital, com o propósito de discutir o papel e as atribuições da enfermagem no ambiente virtual. O evento, realizado nos dias 26 e 27/4, contou com apresentações de membros das Câmaras Técnicas do Coren-SP e figuras representativas da enfermagem, abordando temas relevantes para o exercício legal da enfermagem, bem como panoramas da saúde digital no Brasil e inovações nas atividades de enfermagem.

Silvia comenta como a má distribuição de profissionais de enfermagem afeta os mais diversos sistemas de saúde

Como abertura do evento, a enfermeira e assessora regional de enfermagem e técnicos da saúde da Organização Pan-americana de Enfermagem, Dra. Silvia Cassiani, ministrou a palestra “Políticas educacionais e de formação para a saúde digital”. No espaço, Silvia apresentou metas de investimento para a educação brasileira e expôs o papel da tecnologia na formação de profissionais de saúde. Os indicadores expostos durante a palestra denotaram a necessidade de maiores aplicações financeiras nas instituições de educação. Com isso, a enfermeira disse que parte insignificante da verba utilizada para o combate da pandemia da Covid-19 solucionaria as necessidades de investimento na educação até 2030.

Silvia também explica que os investimentos na educação geram “contribuições inestimáveis” para o mercado e a população, como movimentação da economia, emprego digno, bem-estar da sociedade e segurança das atividades de saúde. “Investir em educação é apoiar a força de trabalho, criar capital humano e ampliar o acesso à saúde”, discorre.

A atividade seguinte contou com a moderação da integrante do GT de Empreendedorismo e Inovação do Coren-SP, Vanessa Guarise, para falar sobre os Panoramas da Saúde Digital. Junto dos Dr. Juliano Gaspar, membro da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde e do Núcleo de Informática em Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG; Dra. Grace Teresinha Marcon Dal Sasso, coordenadora do SIG Telenfermagem e do Programa de Mestrado Profissional em Informática em Saúde da UFSC; e Osmeire Chamelette Sanzovo, especialista em Gestão de Serviços de Saúde e consultora do Hospital Sírio Libanês, a mesa-redonda pautou temas como: a importância da relação entre a equipe de construção de software e profissionais da saúde, estímulos necessários para introdução na saúde digital e estratégias para atividade será e de qualidade.

A segunda metade do primeiro dia do Simpósio foi aberta pela palavra do Dr. Alexandre Barbosa, gerente do CTIC-BR, para introduzir a mesa-redonda “O uso das tecnologias no ensino e as perspectivas pedagógicas: modelos híbridos, virtuais e tradicionais”. O debate discutiu sobre a Estratégia de Saúde Digital 2020-2028 (ESD 2020-2028), abismo digital e transversalidade na criação de novas práticas para a saúde digital e contou com a participação das Dras. Maria Elizabeth Bianconcini, vice editora-chefe e membro do comitê editorial da Revista e-Curriculum; Daniela Costa, coordenadora do TIC Educação; e Luciana Portilho, economista e coordenadora de pesquisas sobre o uso de tecnologias da informação e comunicação nos estabelecimentos de saúde brasileiros, pelo CTIC-BR.

Dra. Maria Elizabeth classifica a insterseccionalidade na produção de estudos nas áreas de saúde como essencial para o avanço das discussões relacionadas à assistência

Ao longo de suas falas, Maria Elizabeth conta as diferentes perspectivas pedagógicas aplicáveis e fala que o investimento em tecnologia também deve aplicado em populações com menos acessos. Ela acredita que, além da capacidade de intermediar e potencializar a compreensão das informações, a tecnologia também possui o poder de transformação social. “Estamos vivenciando um processo de resignificação do que é permitido e potencializado pelo o que vivemos durante o isolamento social”, disse.

Dando seguimento às apresentações, a palestra “Metodologias ativas: Formação Docente”, apresentada pela Dra. Roseli Ferreira da Silva, enfermeira e assessora para inovação pedagógica no ICEPi- SES do Espírito Santo, tratou sobre como fortalecer a relação entre os docente e o aluno. Como exemplo, Roseli compara a relação do professor e aluno com a de profissional e paciente. Segundo ela, “ambas relações são pedagógicas. Todos os princípios utilizados na educação também são utilizados na relação com o paciente”.

A conselheira Heloisa conta que o levantamento de dados faz parte das etapas essências para a pesquisa científica

A última atividade do primeiro dia do evento foi a mesa-redonda “Desafios na capacitação e na formação superior e do técnico e auxiliar de enfermagem”, dividida pelas exposições das Dras. Marta Cristina Alves Pereira, docente das matérias de gestão, inovação e empreendedorismo em saúde e enfermagem da EEUSP Ribeirão Preto; Selma Tavares Valerio, coordenadora de treinamento assistências de ensino coorporativo da sociedade beneficente Israelita Albert Einstein; Tereza Cristina da Silva, doente e coordenadora do Centro Paula Souza.

O segundo dia do evento deu continuidade aos debates com mesas-redondas a respeito da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), Certificação Digital e Registro Eletrônico de Saúde e Enfermagem.

No que se diz respeito à Certificação Digital, a Dra. Heloísa Helena, chefe do DGEP/Cofen, contou que todas as recomendações para garantia autenticação legal podem consultadas na legislação do Cofen. Heloísa ainda apresentou alguns benefícios proporcionados pela digitalização da certificação, como assinatura de documentos instantaneamente e redução da produção desnecessária de papel e parabenizou a atuação da subseção de São Paulo pelo trabalho exitoso na imersão digital. “Tratar desse assunto de forma tão pioneira e desafiadora, como o Coren-SP, nos faz crer, enquanto Conselho Federal de Enfermagem, que estamos logrando êxito no caminho certo, de especialização e engajamento na matéria”, comentou.

Wilza Spiri, conselheira do Coren-SP e coordenadora das Câmaras Técnicas, esteve presente como moderadora em diferentes discussões durante os dois dias de evento

A premiação do programa para fomento da divulgação e troca de experiências exitosas referentes ao desenvolvimento de produtos tecnológicos digitais em enfermagem, Pitch Tech-Enf 2023, encerrou as atividades do I Simpósio de Saúde Digital com a gratificação de trabalhos de profissionais de enfermagem do estado de São Paulo. Na sessão, os trabalhos “Desenvolvimento de um Aplicativo Móvel para o Autocuidado de Pacientes em Pós-Operatório de Cirurgia Cardíaca” e “Priventon: Um Aplicativo de Games sobre a Sexualidade na Adolescência” foram gratificados nas categorias Prototipação de um produto para aprimoramento da assistência e Aplicação dos recursos tecnológicos na prática profissional, respectivamente.

A conselheira do Coren-SP e coordenadora da Câmara Técnica de Enfermagem Digital, Heloisa Ciqueto Peres, concluiu sua participação dizendo como a realização de espaços de discussão sobre a prática auxilia na democratização do acesso à saúde de qualidade. “É um imenso prazer poder participar da construção e realização desse evento importantíssimo para a enfermagem paulista e brasileira. A abrangência dos segmentos apresentados contribui muito para a continuidade do incentivo à produção de novas ciências valorosas para o bem-estar da saúde pública”, finaliza.

Confira o primeiro dia de evento

Confira o segundo dia de evento

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