Certificações: enfermagem e qualidade andam juntas
Profissionais de enfermagem compartilham suas experiências na conquista de certificações de qualidade assistencial
O avanço constante da enfermagem como ciência traz em seu bojo a expansão das áreas de trabalho disponíveis para os profissionais.
Uma dessas áreas, que vem ganhando importância dentro dos hospitais, é a gestão da qualidade. É o enfermeiro de qualidade que, entre outras coisas, costuma ser o responsável pelo processo de acreditação nos hospitais. Em muitas instituições, as certificações como a JCI (Joint Comission International) e a ONA (Organização Nacional de Acreditação) são vistas cada vez mais como imprescindíveis, seja do ponto de vista mercadológico, seja do aspecto assistencial.
A enfermeira Tatiany de Lima Nemitz Rodrigues trabalha atualmente como gerente de práticas assistenciais de um hospital particular da capital. Ela possui experiência na área da acreditação, já tendo atuado inclusive como avaliadora da ONA. Tatiany esclarece as vantagens que um selo de qualidade traz à assistência prestada por uma instituição de saúde: “A partir do momento em que o hospital tem a intenção de ter o selo, isso demonstra uma preocupação de estar alinhado às melhores práticas internacionais. O início do trabalho dentro dos modelos de acreditação é propulsor da segurança do paciente porque você passa a ter a visão externa de profissionais capacitados a avaliar sua assistência. Todos os modelos de certificação são pautados na segurança do paciente em todas as dimensões, independentemente de ser um selo administrativo ou diretamente assistencial”.
Além de impactar diretamente a qualidade da assistência e a segurança do paciente, a participação de um processo de certificação traz também benefícios profissionais a todos os membros da equipe de enfermagem que participam desse trabalho, como coloca Tatiany: “Sempre digo que trabalhar modelos de certificação não é só um ganho para a instituição, mas também uma evidente capacitação do profissional. É um profissional extremamente esperado no mercado, ou disputado pelo mercado, seja ele de nível médio ou superior. Se ele já participou de um processo de certificação, ele terá um olhar diferenciado e mais crítico”, afirma. Isso vale para enfermeiros, obstetrizes, técnicos e auxiliares de enfermagem.
Participação de toda a equipe
O Hospital Israelita Albert Einstein, localizado na zona sul da capital, recebeu em julho deste ano a certificação Magnet. Coordenado pela American Nurses Credentialing Center, é considerada a mais importante certificação de serviços de enfermagem no mundo e é sediada nos Estados Unidos. O Einstein foi o primeiro hospital da América Latina a receber o selo.
A diretora de enfermagem da instituição, Cláudia Regina Laselva, explica que todo o processo de adequação da assistência às exigências da Magnet levou cerca de dez anos. O interessante de um processo de certificação como esse é que ele deve ter a cooperação de toda a equipe de enfermagem. Além disso, é um processo contínuo e que se estende até hoje, pois toda certificação deve ser periodicamente revalidada – o padrão assistencial conquistado deve ser mantido, e isso é avaliado a todo momento por meio de indicadores.
No caso da Magnet, as revalidações acontecem a cada três anos: “Acho que a ideia por traz desse trabalho é o engajamento. Sempre tivemos uma estrutura de gestão muito compartilhada, de liderança compartilhada, então os profissionais são convidados a participar de discussões, do desenho do planejamento, a fazer parte das soluções”, conta. Apesar de trabalhoso, foi um processo que trouxe grande satisfação a toda a equipe de enfermagem do Einstein.
Cláudia Laselva conclui descrevendo um pouco do sentimento de realização que a certificação trouxe aos enfermeiros e técnicos de enfermagem: “Ver esse brilho nos olhos, o orgulho das nossas equipes, é algo que eu dificilmente saberia descrever para você. Por outro lado, essa felicidade vem também com uma responsabilidade muito grande de semear a conquista para que outras instituições, assim como nós, possam ingressar nessa jornada e conquistar a certificação. De verdade, isso se traduz em qualidade no cuidado aos pacientes, além de maior atração e retenção dos profissionais de enfermagem”.
Hospital de São José do Rio Preto recebe inspeção do governo americano
O Hospital de Base de São José do Rio Preto, por meio de seu Centro Integrado de Pesquisa (CIP), foi uma das instituições participantes, durante a pandemia, dos estudos clínicos do medicamento VERU-111, para o tratamento da Covid-19.
Por conta da boa performance do hospital na condução dos estudos, o Hospital de Base recebeu uma inspeção da USFDA (Unites States Food and Drugs Administration), agência governamental americana responsável pela certificação de alimentos e medicamentos. A USFDA cumpre, nos Estados Unidos, parte das funções que a ANVISA cumpre no Brasil.
A inspeção teve como objetivo certificar o CIP do Hospital de Base como tendo feito o estudo mediante “Boas Práticas Clínicas” (BPC). Todo o processo de condução do estudo e de participação na inspeção da USFDA teve a participação fundamental de profissionais de enfermagem.
“Esta certificação evidencia a qualidade, dedicação e acurácia dos dados produzidos pelo CIP. Não houve emissão de relatório de não conformidade. O CIP conduziu o estudo clínico de acordo com as Boas Práticas Clínicas (BPC), disposições planejadas e estabelecidas no protocolo e de acordo com os Procedimentos Operacionais Padrão (SOP)”, comemorou a enfermeira Ana Paula Demore Martins, gerente do Centro Integrado de Pesquisa do Hospital de Base de São José do Rio Preto.
Fonte: EnfermagemRevista
Veja também