Inclusão social é destaque das novas premiações dos concursos promovidos pelo Coren-SP

Novas edições dos concursos de experiências exitosas trazem iniciativas de sucesso realizadas na assistência e nos bancos de faculdade

Em 2021, o Coren-SP lançou uma iniciativa de estímulo e valorização a projetos exitosos na assistência e no ambiente educacional de enfermagem. A primeira edição do chamamento público aconteceu durante o Setembro Amarelo daquele ano e foi seguida pela realização de outro, durante a Semana da Enfermagem de 2022, como abordamos na edição 30 de Enfermagem Revista.

Gabriel Silverio e Suzana Perandré idealizaram o projeto “Saúde em Libras”

Neste ano, os vencedores da categoria de estudantes para o tema “Experiências Inovadoras e Transformadoras na Enfermagem” foram Suzana Perandré Silveira e Gabriel Oliveira Silverio, recém-graduados em enfermagem na Universidade São Judas Tadeu, campus Unimonte, com o projeto “Elaboração de um aplicativo para promoção de saúde em deficientes auditivos”.

A ideia de criação da plataforma surgiu a partir da convivência de Suzana com dois parentes deficientes auditivos e com a percepção de que é raro encontrar profissionais com conhecimentos em libras para atender esse público. “Queríamos criar algo que reforçasse a ponte da promoção e prevenção de saúde para a comunidade surda”, destaca Suzana.

O objetivo desse projeto era colocar o máximo de informações sobre prevenção de doenças com um intérprete de libras, a partir da divulgação de vídeos que poderiam ser baixados e compartilhados pelos surdos e profissionais de saúde. “Ficamos honrados com a premiação”, celebra a vencedora. “O projeto seguirá adiante, a fim de fortalecer a educação em saúde para toda a comunidade surda e como ferramenta para os profissionais de saúde”. O aplicativo está em formato de protótipo e será o tema do projeto de mestrado de Suzana.

As integrantes da Liga-Mente destinaram atenção às mulheres em situação de vulnerabilidade e que recorrem a substâncias psicoativas

Também em 2022, e retomando a iniciativa quanto às experiências em saúde mental, a enfermeira Maria Cecília Zarpellom foi a vencedora na categoria de profissionais com o projeto “O enfermeiro sendo protagonista na assistência aos adolescentes em um hospital especializado em dependência química”. A proposta abrange os adolescentes em internação para tratamento da dependência química, com o enfermeiro sendo o protagonista na estratégia assistencial.

Após implementação do projeto no Hospital Lacan – SPDM Afiliadas, em São Bernardo do Campo, houve redução significativa na necessidade de contenções mecânicas no ambiente hospitalar. “Apresentamos oportunidades reais e factíveis a essa população que passa por situações de extrema vulnerabilidade, possibilitando a conquista de novas experiências saudáveis longe das drogas e os apoiando nos desafios fora da assistência”, explica.

Na categoria dos alunos, o projeto ganhador foi “Protagonismo estudantil em enfermagem: Ações da liga de enfermagem em saúde mental no cuidado a mulheres usuárias de substâncias psicoativas em situações de vulnerabilidade”, realizado pela Liga Acadêmica de Saúde Mental da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EE-USP), e com a participação de Sheila Ramos, Bianca Evangelista, Ana Laura de Oliveira Santos, Letícia de Oliveira Sousa, Ana Beatriz Borba Soares, Amanda Cristine, Fabiana Almeida , Isabella Forato e Vitoria Laurentino.

Maria Cecília Zarpellom é a autora principal do projeto que visou a importância do profissional de enfermagem na assistência à dependência química

A ideia de criação do projeto surgiu após pesquisas apontarem que as mulheres usuárias de substâncias psicoativas encontram barreiras para iniciar o tratamento, o que levou as participantes a pensaram em oferecer atenção a essas pessoas nos locais que frequentavam. “Ao considerar a mulher em situação de vulnerabilidade, que tem perdas de vínculos, verificamos a necessidade de reconstruir esses vínculos. Quanto mais tempo estão nas ruas, maiores os sentimentos de pertencimento a essa realidade”, avaliam, em conjunto.

O trabalho árduo em equipe, desde as pesquisas iniciais, elaboração até o desenvolvimento do projeto vem na lembrança após informação do primeiro lugar no edital. “Ainda assim, extremamente gratificante e marcante pelo retorno que as mesmas nos davam em cada conversa. Sempre nos lembramos das risadas, do choro, do abraço, do agradecimento e das palavras não ditas. A premiação foi uma confirmação que nosso estudo, tempo e esforço na construção deste projeto valeram à pena e nos motiva a continuar confiantes”, finalizam as ganhadoras.

Fonte: EnfermagemRevista, edição 31

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