Coren-SP discute atuação da enfermagem em estética durante evento “Feridas 2022”
O Coren-SP marca presença no evento ”Feridas 2022”, cujo tema é: “Entre laços e entrelaços”. Organizado pela Sobenfee: Sociedade Brasileira de Enfermagem em Feridas e Estética, o evento reúne três congressos que serão realizados de 29 de novembro a 2 de dezembro, na capital: VIII Congresso Brasileiro de Prevenção e Tratamento de Feridas; XIII Congreso Iberolatinoamericano sobre Ulceras y Heridas – SILAUHE; I Congresso de Enfermagem em Estética.
O conselho conta com um estande no Feridas 2022 e com participações na programação científica.
Na última quarta-feira (30), a autarquia levou ao evento a mesa redonda “SAE como ferramenta de qualidade”, que teve palestras do conselheiro Vinícius Batista Santos, do fiscal Alexandre Juan Lucas e da coordenadora da fiscalização, Cristiane Garcia Sanchez e Souza.
A primeira fala da mesa foi de Vinícius, que também é professor da Unifesp e membro das Câmaras Técnicas do conselho. O tema foi “SAE – linguagem padronizada”. O palestrante trouxe a grande importância dos modelos teóricos de enfermagem, que embasam toda a prática do enfermeiro. “Mesmo quando não estamos conscientes disso, toda nossa assistência é baseada em algum modelo teórico. O que diferencia nossa ação como enfermeiros é o suporte teórico que alicerça nosso trabalho”, afirmou.
Dentro desse panorama, Vinícius explicou a necessidade da utilização do Processo de Enfermagem e das anotações: “O Processo de Enfermagem ordena e direciona o cuidado de uma maneira sistematizada, tendo como foco metas que são preestabelecidas”.
A partir dessas premissas, Vinícius então explicou as vantagens da utilização de linguagens padronizadas em todo o Processo de Enfermagem, como por exemplo a NANDA-I ou a CIPE.
“Diagnósticos de enfermagem são respostas humanas a condições de saúde ou processos de vida nos quais eu, como enfermeiro, posso atuar e intervir”, afirmou.
O segundo palestrante da mesa redonda foi o fiscal Alexandre Juan Lucas, que também é professor. Com o tema “Aspectos éticos e legais na SAE nos procedimentos estéticos e cuidado de feridas”, ele discorreu sobretudo sobre a responsabilidade de se registrar os atos de enfermagem, como pede a legislação. “É muito importante, quando prestamos nosso cuidado, termos esse embasamento legal e teórico, para que o prestemos com segurança. Quando falo de segurança nesse contexto, falo também da segurança do profissional”, colocou Alexandre Juan.
A mesa redonda foi encerrada com a palestra de Cristiane Garcia Sanchez, com o tema “SAE como instrumento de registro dos cuidados estéticos e feridas”. Entre outras coisas, Cristiane destacou a necessidade de não se causar danos na atuação como enfermeiro. “Temos que tomar cuidado para não causarmos danos, sobretudo na área estética onde atuamos com grande autonomia”, afirmou.
Ela trouxe um número impactante para reflexão: 67,4% das denúncias que a Anvisa recebe são relacionadas à área de estética e embelezamento.
Mesa de Abertura
No fim da tarde foi realizada a mesa de abertura do evento Feridas 2022, em uma solenidade que contou com a participação do presidente do Coren-SP, James Francisco dos Santos.
Além de James, diversas outras autoridades da enfermagem participaram da abertura, como a presidente da Sobenfee, Mara Blanck; o presidente da ordem dos Enfermeiros de Angola, Paulo Luvualo; a diretora da ABEn-SP, Ana Lygia Pires Melaragno e as representantes do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Heloísa Helena Oliveira da Silva e Cláudia Barbosa Ferreira, entre outros.
Em sua fala, o presidente do Coren-SP destacou a importância do evento e sua relação com o momento atual da enfermagem: “Hoje é um momento histórico. O Cofen aprovou recentemente a prescrição por enfermeiros de medicamentos manipulados, vemos a enfermagem ganhando em valorização e representação. Não posso deixar de falar também sobre a Lei 14.434/2022, que estipulou nosso piso salarial mas suspensa por uma canetada do ministro Barroso, do STF. Estamos trabalhando para criar a PEC da enfermagem e garantir nosso piso. A enfermagem não é responsável nunca por fechar leitos e hospitais e sim a má administração pública. Nós somos a mola mestra do sistema saúde”, afirmou.
Mesa redonda “Fórum de Regulamentação da Enfermagem Estética”
A conselheira Ivany Baptista participou da mesa-redonda “Fórum de Regulamentação da Enfermagem Estética” nesta quarta-feira (30) durante a abertura do I Congresso Brasileiro de Enfermagem Estética. O evento abordou assuntos como atribuições dos profissionais de enfermagem na estética, legalidade de procedimentos e resoluções relacionadas ao exercício profissional da enfermagem na estética.
O Grupo de Trabalho de Enfermagem em Estética do Coren-SP foi o assunto durante sua primeira fala. A conselheira explica que a criação do grupo especializado no exercício legal da enfermagem nesse campo ocorreu devido ao aumento de profissionais interessados na área e, consequentemente, pelo surgimento de dúvidas sobre a legalidade da atuação.
A conselheira Ivany, que também coordena o GT, comentou as atividades produzidas pelo grupo para auxiliar no exercício da enfermagem. “Recebemos as dúvidas no Grupo de Trabalho e, por meio das resoluções deliberadas pelo Cofen, podemos auxiliar na jornada dos profissionais de enfermagem na estética. Além disso, a troca de experiência e a constante iniciativa de aprimoramento são ferramentas importantes para criação de uma base sólida nessa vertente da enfermagem”, finaliza.
O debate ainda contou com representantes de diversos conselhos regionais que também apresentaram seus projetos e a implementação desses como ferramenta para institucionalização da atividade de enfermagem na estética. Representando o Coren-PB, Graziela Cahú destaca a necessidade do desenvolvimento de práticas voltadas, exclusivamente, para o exercício da enfermagem. Durante sua fala, a enfermeira e esteticista explicou como o desenvolvimento de mais projetos científicos direcionados à enfermagem auxilia na transformação da estrutura acadêmica na saúde e ainda complementou “A área que mais possui destreza no cuidado com o paciente é a enfermagem. É necessário incentivarmos a criação de ciência para a área da enfermagem”.
Segundo dia
Na manhã desta quinta-feira (1), a gerente de fiscalização da capital e região metropolitana do Coren-SP, Roberta Zloccowick de Alcântara, participou da mesa-redonda abordando o tema “Fórum fiscalização na prática da enfermagem estética”.
A abertura da mesa foi feita pela enfermeira Heloisa Helena Oliveira da Silva, especialista em Enfermagem do Trabalho pela Faculdades Integradas de Patos (FIP). Em sua apresentação, Heloisa explicou a importância da fiscalização na enfermagem em estética, sendo uma especialização recente, regulamentada em 2016, que entrou em rigor a partir da Resolução Cofen n° 529/16, que autoriza a prática legal dos enfermeiros especialistas em saúde estética.
“O sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem estão para prestar todo suporte aos profissionais, e também para valorizá-los. Necessitamos de união ampla da categoria”, destaca Heloisa.
A Fiscalização é o ato de examinar a legalidade e a legitimidade do exercício da enfermagem, sujeitos a sua jurisdição, quanto aos aspectos legais, éticos e técnicos de atuação dos profissionais regulamentados por meio da Lei n° 7.498/1986 e seu decreto regulamentador.
Em um dos exemplos citados pela enfermeira, trouxe a Notificação Pessoa Física, que é um procedimento administrativo processual mediante o qual é dado conhecimento ao profissional, pessoa física, de despacho ou decisão que ordena fazer ou deixar de fazer algo, indicando a ilegalidade e/ou irregularidade, com sua respectiva fundamentação legal ou ética, ofertando prazo de cumprimento para as providências necessárias.
”Estamos pensando em dar uma chance para que o profissional notificado se explique, trazendo o seu ponto de vista sobre a situação envolvida”, explica a enfermeira.
Após a palestra, foi aberta uma rodada de considerações finais para os representantes dos conselhos presentes no encontro. Roberta Zloccowick representando o Coren-SP, trouxe dados sobre as clínicas de estética registradas no estado de São Paulo, sendo apenas 73 do total de 20 mil instituições. E os números de profissionais registrados são ao todo de 463 em todo estado.
A fiscalização das clínicas de estética também faz parte do escopo de atuação do Coren-SP. “Em 2023 também entra em nosso planejamento de fiscalização essas instituições. E o profissional de enfermagem precisa estar junto com o seu conselho porque a formalidade trás credibilidade. Então caso o profissional de enfermagem queira abrir sua clínica em estética venha até nós, para que podemos orientar e dar o suporte, para qualquer dúvida nos procedimento temos as Câmaras Técnicas em Estética para passar toda informação necessária”, explica Roberta.
“A fiscalização traz também um papel educativo, de orientação, além do nosso papel disciplinar de proteger a sociedade e todos os pacientes”, finalizou a gerente.
Presidente do Coren-SP fala sobre legislação
Para encerrar a participação do Coren-SP na quinta-feira (1), o presidente da autarquia, James Francisco dos Santos, falou sobre legislação na mesa redonda “Avanços da legislação de enfermagem para o cuidado de feridas e em estética e o protagonismo profissional: o que esperar do futuro?”.
A mesa redonda foi coordenada pela presidente da Sobenfee, Mara Blanck, e também contou com participações do enfermeiro Conrado Augusto, de Minas Gerais e da vice-presidente do Coren-MG, Maria do Socorro Pacheco Pena.
O primeiro a falar foi Conrado. Sua fala foi registrado em um vídeo gravado que foi exibido no telão do auditório, onde Conrado falou sobre os desafios dos profissionais de enfermagem na busca do protagonismo profissional. A fala de Conrado focou na área de estética e feridas. Ele levantou a questão de ainda existir relativamente pouca produção científica nessa área, com base em uma busca no site Biblioteca Virtual da Saúde (BVS). “É um desafio nosso fazer nossa prática e contar o que estamos fazendo. Há falta de artigos na área estética e de feridas”.
A vice-presidente do Coren-MG, Maria do Socorro Pacheco, focou sua fala na questão dos avanços da legislação e do protagonismo a partir da atuação dos Conselhos Regionais. A palestrante reforçou a importância dos conselhos e da regulamentação que promovem no aprofundamento da autonomia do profissional de enfermagem. “Temos que falar da importância do sistema Cofen/Conselhos Regionais para a segurança jurídica da enfermagem e a partir daí fomentar o empreendimento da categoria”, reforçou.
Maria do Socorro ainda expôs sua opinião acerca do momento vivido pelos profissionais de enfermagem no Brasil: “Estamos na era do empreendedorismo e da autonomia profissional. Temos que aprender a sermos empreendedores e protagonistas”, refletiu.
O presidente do Coren-SP foi o último a falar. Ele fez uma palestra intitulada “Avanços da legislação e protagonismo da enfermagem a partir dos Conselhos Regionais: experiências e compartilhamentos do Coren-SP”.
James fez um breve apanhado do desenvolvimento da enfermagem como profissão até chegar ao atual grande ciclo de inovação tecnológica. “A inovação passa por um momento muito importante: o momento de manter a empatia dentro do mercado profissional”, alertou James, lembrando que a inovação tecnológica deve caminhar sempre ao lado da empatia e do acolhimento humanizado ao paciente: características que não podem ser esquecidas.
O presidente do Coren-SP também falou que é muito importante, no momento atual, que os novos profissionais que ingressam no mercado de trabalho passem por uma formação adequada. A boa formação também é um dos pilares do empoderamento do profissional de enfermagem. “Para avançarmos é preciso conhecimento, é preciso formarmos bem nossos alunos. Eles são os profissionais que amanhã estarão cuidando de todos nós”.
Um dos pontos mais importantes trazidos por James foi a necessidade de o enfermeiro especialista registrar sua especialidade no Conselho Regional. “A lei determina que a especialidade deve ser registrada. Se você é um profissional atuando como especialista mas não tem a especialidade registrada, você está cometendo um ato ilegal. Se você é especialista, registre seu título”, afirmou, lembrando que a maior parte das denúncias éticas contra profissionais da área de estética é exatamente em relação à falta de registro no conselho.
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