Aplicativo CIPE-APS: processo de enfermagem na atenção primária
A enfermagem tem buscado o fortalecimento da prática clínica e, para isso, se apropriado de vocabulário próprio pelos sistemas de linguagem padronizada e conhecimentos estruturados que possibilitam uma linguagem organizada para o cuidado. Dentre as classificações de enfermagem, destaca-se a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®), sistema amplo e complexo que representa o domínio da prática da enfermagem no âmbito mundial(1).
O Conselho Internacional de Enfermagem apoia que centros de pesquisa construam subconjuntos terminológicos a partir da CIPE® aos diversos cenários assistenciais. Os subconjuntos terminológicos da CIPE® são definidos como um conjunto de enunciados ou títulos de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem, direcionados a determinadas condições de saúde, especialidades ou contextos de cuidados e fenômenos de enfermagem, a favorecer a adoção de linguagem universal acessível aos enfermeiros. São referência de fácil acesso aos enfermeiros no seu contexto de cuidado, dado que estes subconjuntos são desenvolvidos a clientes de prioridades de saúde selecionadas, além de poderem melhorar a segurança e a qualidade dos cuidados de saúde ao se fornecerem dados sistemáticos e recuperáveis acerca do cuidado(2).
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Nesse contexto, houve a iniciativa de docentes do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) – Universidade Estadual Paulista (UNESP) e da coordenação de Atenção Básica do município de Botucatu/SP em desenvolverem ações para o fortalecimento do Processo de Enfermagem (PE) na Atenção Primária à Saúde (APS), decidindo-se pela construção de subconjuntos terminológico da CIPE®. Em momento posterior, houve também a parceria com os municípios Lins e Cafelândia, para a organização de um grupo de trabalho em Saúde Mental.
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Entre os anos de 2015 e 2018, grupos de trabalho empenharam esforços para construção e implementação de subconjuntos para a APS nesses municípios, como parte do projeto de extensão “Processo de Enfermagem na Atenção Básica”, coordenado pelo Prof. Dr. Rodrigo Jensen (FMB-UNESP). Nesse momento, houve a expansão do projeto envolvendo alunos de graduação e de pós-graduação e foram produzidas orientações de trabalhos de conclusão de curso, iniciação científica, dissertação e tese.
Os subconjuntos tiveram como foco a consulta de enfermagem na APS nas áreas: saúde mental; saúde da mulher; pré-natal e pós-parto; saúde da criança; e saúde do adulto e idoso. Foram construídos por grupos de trabalho formados por docentes da FMB-UNESP, enfermeiros assistenciais e gestores da APS dos municípios citados.
Os conteúdos dos subconjuntos foram pautados em políticas públicas, Cadernos da Atenção Básica e Manuais do Ministério da Saúde, outros sistemas de classificação, necessidades de saúde e na experiência de seus autores. Os subconjuntos foram construídos a partir da CIPE® e baseados no Modelo da Terminologia de Referência de Enfermagem ISO 18104:2014(3). Referem-se a diferentes fases do desenvolvimento humano e determinadas situações/agravos do processo saúde-doença e pautados nos referenciais teóricos das Necessidades Humanas Básicas(4), Necessidade Humanas e Sociais(5) e das Necessidades Essenciais das Crianças(6).
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Propôs-se então disponibilizá-los no formato eletrônico. Assim, o aplicativo CIPE-APS foi construído, a partir do banco de dados dos subconjuntos terminológicos CIPE®. O CIPE-APS está disponível para uso em smartphone e tablet nas plataformas Android (Google) e iOS (Apple) e é de uso livre e gratuito.
A construção do aplicativo contou com o apoio do Núcleo de Educação a Distância e Tecnologias da Informação em Saúde (NEAD.TIS) – FMB – UNESP, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Acordo da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)/ Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) para apoio a Cursos de Mestrado Profissional.
No menu do aplicativo, são apresentados os cinco subconjuntos terminológicos (Figura 1) que fizeram parte do projeto e o ícone de informações sobre o aplicativo, no canto superior direito da tela.
Ao clicar em um subconjunto, é possível visualizar a lista de diagnósticos de enfermagem disponíveis, apresentado no item Todos (Figura 2). Os diagnósticos e as respectivas intervenções são apresentados dentro de categorias de necessidades, segundo o modelo teórico utilizado na construção do subconjunto, e organizados em ordem alfabética.
Há também ferramenta de busca que permite ao usuário localizar diagnósticos no subconjunto por um termo do título do diagnóstico.
Ao selecionar um diagnóstico, o usuário é direcionado à tela de detalhamento. Nesta, é possível adicioná-lo à lista de Favoritos do subconjunto. O símbolo de estrela, no canto superior direito da tela, é utilizado para que o usuário selecione o diagnóstico à sua lista de Favoritos
A estrela, símbolo de diagnóstico favoritado, se mantém à frente do diagnóstico na lista Todos, assim como no item Favoritos, na qual é apresentada a lista de diagnósticos que foram selecionados pelo usuário como favoritos, dentro do subconjunto
A tela de informações sobre o aplicativo apresenta o logo do projeto CIPE-APS, e-mail de contato e links relevantes (Figura 3).
O aplicativo CIPE-APS permite que enfermeiros, professores e estudantes de enfermagem tenham acesso ao conteúdo dos subconjuntos terminológicos construídos para a APS em municípios do Estado de São Paulo, com vistas a favorecer a difusão do conhecimento e fortalecer o raciocínio clínico do enfermeiro na consulta de enfermagem. Como impacto sócio-econômico e ambiental, o aplicativo reduz custos e recursos naturais para acesso ao conteúdo do material.
Autoria
Rodrigo Jensen
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Marli Teresinha Duarte Cassamassimo
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Pamela Roustini da Fonseca
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Patrícia Helena Corrêa Alegre
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Referências
1. Garcia TR, Nóbrega MML. A terminologia CIPE® e a participação do centro CIPE® brasileiro em seu desenvolvimento e disseminação. Rev Bras Enferm. 2013;66(esp):142-50.
2. Ordem dos Enfermeiros. Linhas de orientação para a elaboração de catálogos CIPE®. Lisboa: Ordem dos Enfermeiros, 2009.
3. The International Organization for Standardization. ISO 18104:2014: Health informatics — Categorial Structures for Representation of Nursing Diagnoses and Nursing Actions in Terminological Systems. 2a ed. Geneva: ISO, 2014.
4. Horta WA. Processo de enfermagem. São Paulo: EPU, 1979.
5. Garcia TR, Cubas MR. Diagnósticos, intervenções e resultados de enfermagem: subsídios para a sistematização da prática profissional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
6. Brazelton TB, Greenspan SI. As necessidades essenciais das crianças: o que toda criança precisa para crescer, aprender e se desenvolver. Porto Alegre: Manole, 2002.
Fonte: EnfermagemRevista, edição 31
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