Coren-SP realiza palestra sobre questões raciais na enfermagem em encerramento do mês da Consciência Negra

Nesta sexta-feira (25), o Coren-SP promoveu a palestra “Transversalidade no quesito raça/cor no contexto da linha de cuidado do SUS” como encerramento das atividades em homenagem ao dia da Consciência Negra de 2022. A atividade teve o objetivo de disseminar as questões étnico-raciais aos profissionais de enfermagem para adoção de práticas antirracistas no trato da comunidade negra.

Representando o coletivo Kilombrasa – movimento constituído para formação e promoção de organizações de lutas antirracistas na saúde – a enfermeira especialista em Saúde da Família, Estefânia Ventura, esteve à frente das apresentações. Durante a apresentação, assuntos como letramento racial, saúde da mulher negra e estímulo de mudanças na grade curricular estiveram entre as pautas. “A comunidade negra possui vivências de ancestralidade diferentes e valorosas para o cuidado familiar”, aponta a palestrante.

“É impossível cuidar de um povo tão diverso com práticas pautadas, exclusivamente, em estudos europeus”, diz Estefânia

O conselheiro Wagner Batista e o primeiro-tesoureiro do Coren-SP, Gergézio Andrade, abriram o evento contando suas experiências na enfermagem enquanto pessoas negras.“O Coren-SP, sendo uma instituição de relevância, procura estar inserido e atualizado quanto à luta pela igualdade. A instituição trabalha com o objetivo de disseminar e conscientizar, não só os profissionais da saúde, mas todos que vierem a ter algum contato com o conselho”, diz Wagner durante a atividade. “Por representar parte considerável da enfermagem brasileira, o Coren-SP tem por princípio o apoio à enfermagem negra”, diz o conselheiro e primeiro-tesoureiro da autarquia, Gergézio.

“A sociedade nega todo e qualquer conhecimento vindo tanto de povos africanos como povos originários. Para mudança de uma estrutura racista, a produção de conteúdos que falem sobre decolonialidade é essencial”, explica Estefânia ao longo de sua exposição sobre a importância da implementação efetiva de matérias afrocentradas nos cursos superiores de saúde. Para a palestrante, a personalização e humanização na relação com o paciente é, além do reconhecimento da pluralidade da população brasileira, de extrema importância para que os usuários tenham boas experiências durante sua estadia hospitalar.

A representante da Articulação Nacional de Enfermagem Negra (ANEN), Alva Helena de Almeida, esteve presente e aproveitou a oportunidade para expor o propósito da associação que, segundo ela, é o de provocar a modificação na estrutura da enfermagem. “A atuação trabalha para o favorecimento e promoção da atuação de enfermeiras e enfermeiros negros”.

Alva destaca a educação como ferramenta principal na luta contra o racismo na sociedade

Por fim, Estefânia Ventura discutiu a importância da identidade étnico-racial na enfermagem e utilizou o momento para incentivar a criação de novos coletivos negros com o intuito de mudar o pensamento eugenista na saúde. O assunto também serviu como estímulo para o compartilhamento de relatos e dúvidas sobre o assunto.

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