Sistema de saúde barrou grávidas com covid e aumentou mortalidade

Conclusão é de pesquisa, publicada na The Lancet Americas, que entrevistou parentes de 25 grávidas e puérperas mortas por covid

Estudo brasileiro publicado na The Lancet Americas concluiu que o sistema de saúde estava despreparado para receber grávidas ou puérperas com sintomas de Covid-19. A pesquisa entrevistou parentes de 25 mulheres que morreram de Covid-19 na gravidez ou pós-parto, para melhor entender a experiência de busca por atendimento.  Algumas grávidas chegaram a percorrer até cinco centros de saúde antes de receberem o tratamento contra a doença. Por isso, chegavam com o quadro agravado, resultando em óbito.

O Brasil teve uma das maiores mortalidades maternas em decorrência da doença. Foram, no total, 1.948 óbitos, a maior parte em 2021. A altíssima mortalidade de grávidas por covid já havia sido apontada em 2020, quando o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), a Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras (Abenfo) e a Associação Brasileira de Enfermagem (Aben) publicaram nota técnica urgindo autoridades a adotarem medidas para conter a escalada de mortes de grávidas por covid.

A maioria (59%) de mulheres gravidas mortas por covid-19  no Brasil não tinham comorbidades. Dos 25 casos analisados na pesquisa, somente 7 envolviam alguma comorbidade. O estudo é de autoria das pesquisadoras Debora Diniz, professora da Universidade de Brasília, Luciana Brito e Gabriela Rondon, do Instituto Anis de Bioética.

A tragédia das mortes maternas por covid-19 inspirou a revisão de procedimentos e adoção de protocolos, como a “Hora do Colinho“, implementado na maternidade Frei Damião, na Paraíba para confortar bebês isolados em UTI sem a presença das mães – internadas ou mesmo mortas pela doença.

Fonte: Ascom – Cofen