Coren-SP debate prevenção do suicídio em evento com CVV e Narcóticos Anônimos

O Setembro Amarelo segue repleto de atividades voltadas para a enfermagem, em uma parceria entre o Coren-SP e o Centro de Valorização da Vida (CVV). Nesta segunda-feira (16), a sede da autarquia sediou palestras que abordaram a depressão e a prevenção ao suicídio. Com palestras voltadas aos profissionais de enfermagem, a atividade instrumentalizou enfermeiros, técnicos e auxiliares a lidarem com esse delicado tema, tanto em relação a eles mesmos, por meio do autocuidado, quanto em relação a colegas e pacientes. 

As palavras de abertura do evento foram do segundo-secretário do Coren-SP, Paulo Cobellis

Na abertura oficial do evento, o segundo-secretário do Coren-SP, Paulo Cobellis, destacou sondagem realizada pelo Conselho em abril deste ano, que trouxe dados alarmantes. “A sondagem nos mostrou que a depressão entre os nossos profissionais é um problema real, decorrente de fatores como sobrecarga de trabalho, falta de sala de descompressão e jornadas de trabalho exaustivas, nas quais o profissional deve lidar com o sofrimento humano”, colocou, indicando a relevância e urgência do tema que foi debatido ao longo do dia. 

A primeira palestra da manhã foi ministrada pelo especialista em psiquiatria, José Gilberto Prates,  enfermeiro do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP. 

O enfermeiro José Gilberto Prates citou sinais que podem indicar risco de suicídio

Ele tratou da depressão e do suicídio de forma didática e direta, mostrando alguns dos sinais que nos ajudam a prever comportamentos com potencial suicida em colegas e pacientes. “O silêncio, a angústia, o humor depressivo, o desânimo, a ansiedade, a irritabilidade, o medo, a desconfiança, a dificuldade de se concentrar e a diminuição do apetite são sinais claros de depressão”, esclareceu, lembrando que 50% dos profissionais de enfermagem apresentam algum tipo de adoecimento mental. 

José Gilberto destacou que o apoio mútuo entre profissionais é vital. “O ser humano não nasceu para viver sozinho. Temos que estar mais juntos com as pessoas. É disso que estamos precisando”. 

Tino Perez utilizou sua experiência como voluntário no CVV para sensibilizar o público

A segunda palestra foi conduzida por Tino Perez, que é voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV), serviço voluntário de prevenção ao suicídio por meio de atendimento telefônico gratuito (188). 

Tino utilizou-se de sua experiência como voluntário, lidando cotidianamente com suicidas em potencial. Um dos momentos mais fortes de sua palestra foi quando destacou a importância da comunicação nessa questão. “O apoio emocional, para nós, é compreensão empática e respeito. Falar é a melhor solução [para quem está em depressão]. Aquilo que não dizemos, acumula-se no corpo”, pontuou. 

Uma rodada de relatos de experiência de membros dos Narcóticos Anônimos (N.A.) fechou a parte da manhã. Os palestrantes contaram, de modo bastante pessoal, suas experiências como adictos, ex-usuários de drogas em recuperação do vício. “Viemos trazer uma mensagem de força e de esperança e dizer que é sim possível se livrar das drogas”, falaram. 

Eles explicaram que é fundamental que o usuário de drogas queira se livrar do problema para que a recuperação tenha início. “Costumamos dizer que se uma pessoa quer usar drogas, o problema é dela. Se ela quer se livrar das drogas, o problema é nosso”, pontuou um dos membros. 

Marcelo Luiz foi o segundo voluntário do CVV a falar durante o evento

O período da tarde começou com outra palestra do CVV, com o voluntário Marcelo Luiz. Ele trouxe um dado alarmante sobre o suicídio. “Se nada for feito para a prevenção do suicídio, até 2020 os números atuais dobrarão. De um suicídio a cada 40 segundos no mundo, passaremos a ter um suicídio a cada 20 segundos”, disse. 

Ele falou de sua visão sobre o suicídio e sua prevenção, baseado na experiência como voluntário do CVV. “As dores da alma são intermináveis, intoleráveis e inescapáveis”, frisou. 

A conselheira Érica Chagas fez uma tocante palestra sobre a felicidade

A felicidade, como pólo oposto da depressão, foi  tema central da palestra da conselheira Érica Chagas, que falou sobre a busca de uma vida mais plena. Ela destacou o papel fundamental da felicidade em uma vida sã e equilibrada: “A felicidade é tão importante que ela é discutida no mundo inteiro. A ONU faz, desde 2012, um relatório anual de felicidade, com 146 países diferentes, fazendo um ranking dos mais felizes”, disse.

Ela contou ainda que há pesquisas científicas que relacionam claramente a alegria e a felicidade à saúde e à longevidade. Em um momento mais prático, Érica utilizou uma ferramenta chamada Teste de Satisfação da Vida, para que o público fizesse uma auto-avaliação, descobrindo dessa forma suas potências e suas deficiências, tendo em mãos uma indicação clara daquilo que devem mudar em suas vidas na busca da felicidade.