Setembro Amarelo do Coren-SP trata do autocuidado para o profissional de enfermagem
Nos dias 13 e 14 de setembro, foi realizado no anfiteatro do IAMSPE (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo) o evento anual do Coren-SP em alusão ao Setembro Amarelo – campanha nacional de prevenção ao suicídio.
Como de costume, o evento, que contou também com transmissão ao vivo, tratou de temas relevantes ligados à saúde mental, como autocuidado, práticas integrativas e assistência a tentativas de suicídio. O evento foi realizado como parte do projeto Cuidando de Quem Cuida, que leva temas de autocuidado aos profissionais de enfermagem.
As atividades se iniciaram com uma mesa de abertura composta pela vice-presidente do Coren-SP, Erica Chagas, pela conselheira Patrícia Crivelaro, pelo diretor-técnico do Hospital do Servidor Público Estadual, Marcelo Itiro Takano e por Fabiana Figueiredo Rossi, assistente de gerência do IAMSPE, que representou o diretor de enfermagem, Cláudio Luiz da Silveira. O presidente do Coren-SP, James Francisco dos Santos, participou da abertura por meio de um vídeo gravado.
“É um prazer, como presidente do Coren-SP, tratar de um tema tão importante que é a saúde mental. Abraçamos desde o início a missão de cuidar da saúde mental de nossos profissionais. Por meio do projeto “Cuidando de Quem Cuida”, tocamos em assuntos delicados, mas que precisam ser tocados”, colocou James no vídeo.
Já a vice-presidente do Coren-SP, contou um pouco da história do “Cuidando de Quem Cuida”. “É muito gratificante ver o quanto esse projeto cresceu desde que foi lançado, em 2019. Tudo começou com uma sondagem sobre a saúde mental do profissional de enfermagem, respondida por mais de 14 mil profissionais. Lá, entendemos que a enfermagem pedia socorro e começamos a trabalhar na prevenção para que os profissionais não adoeçam”.
Já Fabiana Figueiredo Rossi, parabenizou o conselho pela iniciativa: “Realmente, cada vez mais presenciamos e vivenciamos a necessidade de estar próximos de nossos profissionais em relação à saúde mental. Esse tema hoje permeia todas nossas ações”, afirmou.
Depois da mesa de abertura, um momento bastante especial emocionou a todos os que assistiam ao evento, e em especial à vice-presidente do Coren-SP, Erica Chagas. Erica recebeu uma homenagem feita pela conselheira Patrícia Crivelaro, em nome de todo o plenário do Coren-SP. A homenagem foi pelo importantíssimo papel que Erica vem desempenhando como vice-presidente da autarquia e ao mesmo tempo como idealizadora do projeto “Cuidando de Quem Cuida”, ainda em 2019, quando era conselheira.
Após a homenagem, Erica, fez a primeira palestra da programação do Setembro Amarelo, falando sobre a felicidade.
Erica trouxe à tona a importância e o impacto da felicidade em uma sociedade. “O bem-estar subjetivo, ou seja, a felicidade, tem impactos reais na sociedade. A Organização das Nações Unidas (ONU) tenta mobilizar os governos para que tomem ações que contribuam com a felicidade da população”, explicou.
Uma das reflexões colocadas por Erica foi sobre a possibilidade de adquirirmos felicidade, de acordo com os ensinamentos do precursor da psicologia positiva, Martin Seligman. “Quando Martin Seligman avalia os fatores que influenciam na felicidade, 50% deles são genéticos e não conseguimos mudar, mas 50% deles podemos mudar. 10% são circunstâncias externas que são difíceis de serem mudadas, mas 40% desses fatores que influenciam na felicidade são internos e cabe a nós mesmos mudarmos”, acrescentou.
A segunda palestra do evento foi ministra pela psicóloga Christiane Schumaker, que falou sobre o tema “Manejo do estresse e ansiedade – como lidar com a crise?”.
Em sua fala, Christiane focou na técnica do Mindfullness, uma prática terapêutica baseada em princípios da meditação budista. “Essa prática traz diversos benefícios. Ela melhora nossa capacidade respiratória, e relaxa nosso sistema nervoso, auxilia na redução da ansiedade, que está ligada à depressão, auxilia na redução do estresse e no combate ao burnout”.
A enfermeira e coach Carol Basílio fez a próxima palestra, com o tema “Inteligência Emocional”. Dentro do tema do Setembro Amarelo, Carol citou que desde 2020 já tem depoimentos de 88 pessoas falando que o treinamento de inteligência emocional salvou as vidas delas.
Um aspecto importante da Inteligência Emocional abordado por Carol foi a possibilidade de todos nós desenvolvermos essa habilidade. “Todas as pessoas podem ter Inteligência Emocional pois trata-se de uma soft skill desenvolvível”.
A enfermeira Leonice Kurebayashi falou sobre auriculoterapia e levou o público a uma prática de automassagem auricular. “O mais importante é prevenir a doença, trabalhando antes que ela se manifeste, pois a doença é a manifestação material das coisas”, colocou.
A enfermeira e palestrante Talita Pavarini, falou sobre o uso seguro dos óleos essenciais. “é muito importante a dosagem correta. É importante, por exemplos, diluirmos os óleos antes de usarmos na pele”. Talita explicou ainda a utilização do difusor e dos óleos no travesseiro ao deitar: “No travesseiro utilizemos apenas uma gota, pois ficará bem próximo do nosso rosto, portanto uma gota é o suficiente”.
O período da tarde deste primeiro dia de Setembro Amarelo começou com palestra da enfermeira Kelly Graziani Giacchero Vedana. Ela falou sobre a pósvenção ao suicídio. “Nós, profissionais de enfermagem, precisamos entender mais o comportamento suicida para cuidarmos tanto do outro quanto da gente também. Em geral, os profissionais têm uma baixa base educacional quando o assunto é suicídio e prevenção ao suicídio”.
O enfermeiro e psicólogo Fledson de Sousa Lima palestrou sobre o tema “Pósvenção como estratégia de apoio à família”. Ele explicou que cada suicídio afeta, segunda estudos, cerca de 130 pessoas e falou sobre os profissionais que devem lidar com familiares após esse tipo deperda. “O amor é uma potência. Se tem algo poderoso para lidar com tudo isso, é o amor”.
A enfermeira Maria Inês Puccia conduziu uma prática de Mindfullness com o público para encerrar o primeiro dia de atividades do Setembro Amarelo. Antes da meditação guiada, ela explicou um pouco mais sobre a técnica: “Mindfullness é estar presente conosco, é atenção plena no corpo e na mente. Aos poucos, vamos gradualmente aprendendo a lidar com resistências, dificuldades e vamos aprendendo a cultivar amorosidade, compaixão, desfrutar estar com nosso eu interior”.
A parte do evento realizada na quinta-feira (14), começou também com uma palestra sobre Mindfullness, feita por Cínthia Moreira de Menezes. “Não é apenas uma prática de meditação, mas consciência plena. É eu estar presente em tudo que eu faço, de corpo e alma”.
O enfermeiro especialista em enfermagem psiquiátrica, Kenny Paolo Ramponi, moderou uma mesa-redonda com o título “Cuidando do profissional de enfermagem no cenário de trabalho”, da qual participaram a própria Cinthia Moreira de Menezes e a também enfermeira Ana Carolina Siqueira.
Eles debateram sobre formas de cuidar dos profissionais de saúde dentro de uma equipe. “Muitas vezes o sofrimento que paciente traz, mexe conosco. Temos que aprender a lidar com isso, sem negar o fato de mexer com a gente”, colocou Ana Carolina Siqueira.
A enfermeiro Kenny Paolo Ramponi fez a palestra, após a mesa-redonda, com o tema “Enfermagem Solidária”, na qual ele falou sobre esse programa desenvolvido no âmbito do Conselho Federal de Enfermagem e coordenado pela conselheira federal Dorisdaia Carvalho de Humerez.
“Esse projeto surgiu durante a pandemia com o propósito da luta da Dorisdaia, ao observar que os profissionais estavam sofrendo. Ela observou isso e viu que ainda não havia um cuidado a esses profissionais. Aí veio a pandemia, e ela conseguiu reunir cerca de 150 profissionais especialistas em saúde mental para atender aqueles que estavam na linha de frente. Desenvolvemos uma média de 130 atendimentos por dia, terminando o primeiro semestre de 2020 com 2500 atendimentos”.
Kenny explicou ainda como esse serviço é acessado dentro da plataforma CofenPlay.
A parte da manhã desse segundo dia de evento se encerrou com palestra do tenente-coronel Diógenes Martins Munhoz, do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo. O palestrante falou sobre “Abordagens técnicas a tentativas de suicídio”, explicando formas de abordar as tentativas a partir da perspectiva de sua experiência prática e estudo acadêmico sobre o tema.
“Ao abordar um tentante, temos que gerar expectativa de luz, pois ele não consegue ver a luz no fim do túnel. Tenho que buscar fatores de proteção urgentemente e dar para ele um boleto para pagar, um objetivo de vida”, ensinou.
A parte da tarde, se iniciou de forma bem dinâmica, com a palestra “O Poder das Palavras”, com a enfermeira e coach Diana Cardoso. Uma das explicações dadas pela palestrante foi a da “Matriz de Crenças”. “Temos que cuidar das nossas crenças. Elas começam no pensamento e depois se retroalimentam. Se você não utilizar sua fé e não tomar uma atitude, sua vida não vai andar. Comece escolhendo três áreas da sua vida que precisam de mudança e comece por aí”.
O psicólogo Fernando Savino, abordou o tema do autocuidado. “Já que não podemos controlar nossas emoções, temos que ser mais empáticos conosco mesmos, mais acolhedores, aceitar quem somos para que com isso nos transformemos”.
Elaine Macedo fez a palestra representando o CVV – Centro de Valorização da Vida. Uma fala interessante da profissional foi sobre a diferença entre egoísmo e autocuidado. “Egoísmo é quando penso que só eu importo. Autocuidado é quando vejo que eu também sou importante, assim como os outros. Essa é a grande importância do autocuidado”.
A enfermeira Fabiana Dias da Silva fez a palestra “Conexão Corpo e Mente”. Ela baseou sua fala no trabalho da autora Louise Hay. “Doenças são reflexos de nossos pensamentos e crenças interiores e na maior parte das vezes têm fundo emocional”.
O evento se encerrou com uma palestra sobre performance, da conselheira Patrícia Crivelaro.
“Temos que ter consciência da importância de todas as nossas emoções, inclusive da tristeza. Vocês já repararam que a tristeza nos leva a refletir?”
Patrícia ainda falou sobre a importância de sairmos da nossa zona de conforto. “Apenas 3% das pessoas conseguem sair de suas zonas de conforto e sair dessa zona é um passo importante. Resiliência é outra ferramenta que quero que vocês analisem”.
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