Roda de Prosa favorece assistência ao idoso em Barra Bonita

Roberta Arik é enfermeira da Unidade de Saúde de Família do município de Barra Bonita, na região de Botucatu, e desde 2017 participa do programa “Roda de Prosa”, para ajudar a identificar os pacientes com vulnerabilidades, incapacidades ou indícios de sintomas iniciais da doença de Alzheimer. Em depoimento ao Coren-SP, ela conta um pouco sobre o trabalho que vem desenvolvendo e já favorecendo a qualidade de vida de idosos no interior do estado.

Eu nunca tinha trabalhado em uma unidade de saúde da família, então tive que conhecer toda a área, todo território, as pessoas fazem parte, se tinha mais criança ou mais idosos, e eu reparei nesse trabalho que a maioria da nossa população aqui, coberta pela USF, são idosos. Meio por alto, um número, seriam 80% de idosos.

Então, surgiu uma ideia que era de uma agente comunitária que já trabalhava na área de saúde há mais tempo, a Elizabeth Paiva. Ela é agente comunitária há anos e veio trabalhar conosco também, e ela tinha essa ideia de fazer um grupo de Roda de Prosa, em que os idosos pudessem conversar, falar do seu dia a dia, de onde vieram, quem eram os pais, que eles trabalham desde muito cedo e por isso não são alfabetizados. Então, aí você já pega uma questão de vulnerabilidade daquele idoso de não saber ler uma receita, não saber ver um medicamento, eles se referenciam muito com a embalagem e a gente sabe que cada laboratório vem com uma embalagem diferente.

A intenção não é encher um grupo com quarenta, cinquenta pessoas, e sim um grupo fechado pequeno, com no máximo dez pessoas, no qual cada um possa contar sua história sem ter pressa, contando sobre os filhos, se mora sozinho, se tem alguém que ajuda, se tem alguma dificuldade, seja ela qual for, social, financeira, de saúde, as doenças crônicas. Pra gente rastrear esses tipos de vulnerabilidade e poder atuar de uma forma mais correta, que seja mais efetiva, pra gente traçar um caminho de tratamento.

O encontro acontece uma vez por mês e dura cerca de duas horas. A gente sempre faz debaixo de árvore, em praças. Barra Bonita é uma cidade turística, então tem uns lugares bonitos onde a gente pode sentar. A gente procura esses lugares dentro da própria área.

A cada mês é um agente comunitário de saúde que organiza essa Roda de Prosa junto com seus pacientes. Isso é interessante porque a gente conhece nossos pacientes, mas quem melhor do que os próprios agentes comunitários, que estão dia a dia na rua, nas casas, pra conhecer melhor aquele paciente? Às vezes os agentes percebem que tem alguma vulnerabilidade que os pacientes não conseguem atuar, falar, não consegue se expressar no momento da visita domiciliar.

No grupo, o paciente vê uma pessoa falando, daí já lembra e fala também, consegue ver que o problema dele não é só dele, que é do colega ou do vizinho, ou do senhor que mora na rua de baixo. E eles podem ver que esses problemas têm solução. Interessante que eles falam assim: “Eu também tive isso, mas eu busquei tratamento ou fui na própria unidade, e fiz aquilo e deu certo, deu tudo bem, está tudo bem”.

Às vezes a gente faz pacotinhos, com desenho de sol (remédios para tomar de manhã), com lua (para tomar de noite), com um pratinho um garfinho (para tomar na hora do almoço). A gente faz esses pacotinhos e vai separando os medicamentos e vai verificando se ele está aderindo à essa forma. Ou não, ou se tem um problema maior ainda, às vezes o idoso tem uma vulnerabilidade, um problema maior então, a gente age de um jeito diferente.

A gente faz também genograma, ecomapa, estratificação de risco, pra gente ver certinho em qual ponto a gente precisa agir, se é só uma questão de enfermagem ou se é uma questão social. O bom do grupo é isso: as nossas estratégias não ficam somente no grupo, elas vão além. A hora que a gente chega na unidade, faz as reuniões e planeja todo um modo de assistir melhor aquela pessoa.

 

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