Outubro Rosa: sensibilização das mulheres sobre prevenção ainda é um desafio

Enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem são os profissionais incumbidos de educar a população e distribuir informações que levam à prevenção da doença

No auge da campanha do Outubro Rosa – mês mundial de prevenção aos cânceres típicos da mulher, o Coren-SP foi acompanhar de perto o trabalho educativo que a enfermagem desenvolve nessa área tão importante. Para isso, conversamos com a enfermeira Meire Miyuki Setoguti Rabelo, que trabalhou durante 15 anos com saúde da mulher em oncologia na Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP).

De cordo com Meire, um dos principais papéis do profissional de enfermagem na oncologia da mulher é o educativo

A profissional destaca a importância de se falar sobre o câncer de mama, pois se trata do principal câncer que atinge a população feminina no mundo, com a maior incidência de mortalidade. “No Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), são estimados aproximadamente 60 mil novos casos de câncer de mama em 2019”, diz Meire.

Ela explica que um dos principais trabalhos da enfermagem na oncologia é auxiliar na prevenção da doença, sendo a propagação da informação uma das ações de prevenção e do auxílio para implementação de políticas públicas de combate ao câncer.

Especificamente sobre o câncer de mama, Meire explica que há três frentes de ação importantes,

todas elas com atuação da enfermagem:

“A primeira é a prevenção primária, ou seja, reduzir os riscos para a doença, por meio do controle dos fatores ligados ao estilo de vida. Devemos, como profissionais de enfermagem, estimular a diminuição do consumo de álcool, do excesso de peso, do sedentarismo e do tabagismo. A segunda frente de ação é o diagnóstico precoce. Para isso, os profissionais de enfermagem divulgam os sinais e sintomas de alerta da doença, estimulando a mulher a conhecer seu próprio corpo e a buscar ajuda profissional sempre que perceber pequenas alterações mamárias. A terceira ação é a realização da mamografia. Todo profissional deve saber que é recomendada a realização de uma mamografia de rotina a cada dois anos para mulheres de 50 a 69 anos”, explica a enfermeira.

O grande desafio

Segundo Meire, atualmente o grande desafio enfrentado pelos profissionais de saúde que trabalham com câncer da mulher é buscar o público-alvo de forma ativa, para que o trabalho preventivo e informativo possa ser realizado com mais eficiência.

“Aqui no Brasil, nós fazemos o que chamamos de rastreamento oportunístico: a mulher vem até a instituição para trazer o filho para ser vacinado, por exemplo, e aproveitamos a ocasião para oferecer a mamografia. Se ela estiver na faixa etária adequada para o exame. Nos países de primeiro mundo, esse rastreamento é feito de forma mais ativa. Nosso grande desafio atualmente é conseguir trazer o público alvo às unidades de saúde de forma mais ativa”, coloca a profissional.  

Meire frisa que os enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem acabam perdendo a oportunidade de realizar os exames em muitas mulheres, justamente pela dificuldade em trazê-las às unidades de saúde, e sugere que para transformar esse quadro, a mudança deve partir dos próprios profissionais de saúde.

“O sistema de saúde, de um modo geral, precisa estar pronto para acolher a paciente, receber, encaminhar e auxiliar no diagnóstico adequado. Acredito que para isso, todo o profissional, seja enfermeiro, técnico ou auxiliar de enfermagem, precisa conhecer as recomendações relacionadas à prevenção do câncer de mama. Só dessa forma nós conseguiremos de fato controlar essa neoplasia de tão grande magnitude”.

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