Nova vacina pode combater gripe aviária antes de pandemia

Pesquisadores anunciaram na quinta-feira uma forma de vacinar as pessoas contra a gripe aviária antes de uma eventual pandemia da doença. Até agora, especialistas diziam que a vacina era inviável por ser impossível saber de antemão que cepa do vírus se adaptaria aos humanos. O atalho foi anunciado por pesquisadores do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas (Niaid), de Mayland, e da Escola de Medicina da Universidade Emory, em Atlanta, ambos nos EUA. A vacina pode proteger as pessoas contra a mudança que habilitaria o vírus H5N1, que atualmente atinge principalmente aves, a atacar também humanos com facilidade, segundo o artigo publicado por Gary Nabel, do Niaid, e seus colegas na edição de sexta-feira da revista Science. O que o dr. Nabel e seus colegas descobriram vai ajudar na preparação contra uma futura ameaça, disse Elias Zerhouni, diretor do Instituto Nacional de Saúde, em nota. Embora ninguém saiba se e quando o H5N1 vá saltar de aves para humanos, eles acharam uma forma de antecipar como esse salto pode ocorrer e formas de responder a isso. Até agora, o vírus só afeta pessoas que têm contato direto com aves doentes, mas cientistas temem que ele sofra uma mutação que permita o contágio direto entre humanos, propiciando uma pandemia com até milhões de mortos. Desde 2003, segundo a Organização Mundial da Saúde, a doença contaminou 319 pessoas, das quais 192 morreram. Os pesquisadores estudaram várias cepas do H5N1 e o compararam com o pior vírus de gripe já visto – o H1N1, da chamada gripe espanhola, que matou entre 50 milhões e 100 milhões de pessoas nos anos de 1918 e 1919. Eles acharam uma pequena mutação que torna uma cepa do H1N1 mais propensa a afetar aves, enquanto outra prefere humanos. A mutação ocorre na parte do vírus que se liga às células do trato respiratório. Os cientistas então fizeram a mesma alteração no vírus H5N1 e vacinaram ratos com o DNA dessa versão geneticamente modificada. Descobriram que havia um anticorpo capaz de neutralizar ambos os tipos de H5N1 – o que afetava aves e o que fora alterado para atingir humanos. Sendo possível produzir uma vacina que proteja contra vírus que tenham tal mutação, pode ser factível vacinar populações inteiras antes mesmo que uma pandemia comece, segundo os pesquisadores. Os laboratórios já fabricam vacinas para humanos contra o H5N1, mas elas só servem para a atual cepa do vírus, que dificilmente contamina pessoas. Por Maggie Fox, da Reuters