Mãe de criança autista, técnica de enfermagem faz a diferença na assistência de pessoas com o transtorno

A técnica de enfermagem Patrícia Nogueira Pereira, de 41 anos, teve a vida totalmente transformada com a chegada de seu filho, Fabrício Pereira. Patrícia sabia que havia algo de diferente com o filho, ela notou que no primeiro ano de vida ele se comportava de forma muito agressiva e só andava na ponta dos pés. Mesmo levando-o ao pediatra, sempre ouvia que o comportamento de Fabrício era perfeitamente comum para a idade.

A técnica de enfermagem Patrícia Nogueira Pereira e seu filho Fabrício Pereira

Com o tempo, a técnica viu a necessidade de investigar com mais profundidade e procurou orientação na escola. Quando Fabrício fez seis anos, conseguiu identificar que ele era autista, depois de transferi-lo para uma escola mais inclusiva. “A psicopedagoga o encaminhou para uma avaliação mais detalhada, com uma psicóloga, pediatra e neurologista, foi então que descobri que meu filho era autista nível um, com a Síndrome de Asperger”, relembra Patrícia.

De acordo com a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), autismo ou transtorno do espectro autista (TEA), se refere a uma série de condições caracterizadas por algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação, na linguagem e por uma gama estreita de interesses e atividades que são únicas para o indivíduo.

Após o diagnóstico do filho, Patrícia passou a buscar mais informações sobre o espectro autista e isso resultou em uma mudança não só em sua vida pessoal, mas também na forma de atender durante seus plantões. “Fiquei mais atenta ao comportamento das pessoas que vinham à UBS. Percebi que muitas crianças e adultos apresentavam comportamento do espectro autista e, por eu já ter mais conhecimento sobre o assunto, buscava orientar os familiares para que procurassem um especialista. Tudo isso me fez mudar como profissional, percebi que meu atendimento precisa ser diferente com essas pessoas. Durante qualquer procedimento que eu fosse realizar, fazia questão de deixá-las seguras e confortáveis, para que confiassem em mim e a assistência não fosse traumatizante”.

Uma história que marcou Patrícia aconteceu durante um dos seus plantões, quando atendeu um adolescente já diagnosticado com autismo. O pai estava apreensivo, pois sempre que levava o filho à unidade de saúde ele ficava agressivo. “Quando o pai relatou o diagnóstico do filho, as pessoas ficaram com receio em atendê-lo, pois ninguém tinha experiência com a situação. Então, me ofereci para aplicar o medicamento no garoto, que estava muito agitado. Na hora pedi para que o pai agisse com o filho da mesma forma que acontece em casa, para tentar acalmá-lo. Naquele instante, o pai conseguiu tranquilizar o rapaz, e foi quando consegui aplicar a injeção. Foi um momento único para a família. O pai saiu sorrindo e me agradecendo imensamente, pois nunca tinham conseguido fazer aquilo em uma unidade de saúde antes”.

Patrícia acredita que muitas informações sobre o espectro autista já estão sendo mais divulgadas e acha importante, cada vez mais, a população e os profissionais da saúde saberem identificar. “Fico muito feliz por ver esse crescimento de informações, busco fazer a diferença e espero que mais profissionais da enfermagem venham para somar nessa jornada de empatia e humanização”.