Livro aponta hospitais brasileiros como ?caros e ineficientes?

Os serviços hospitalares brasileiros são muito caros e nem sempre contribuem para melhorar a saúde das pessoas. A afirmação é do especialista líder em saúde do Banco Mundial, Gerard La Forgia. O autor do livro Desempenho Hospitalar no Brasil, escrito em parceria com Bernard Couttolenc, da Interhealth Soluções em Saúde, elencou seis pontos básicos a serem analisados no sistema público de saúde nacional: A alocação dos gastos – os serviços são caros e pouco eficientes e isso não acontece só no SUS; A maioria dos hospitais é ineficiente em escala e produtividade; Governança – Os gestores de hospitais com mais autonomia, mas que também são responsabilizados por suas iniciativas, conseguem uma eficiência maior do que a obtida no hospitais com administração pública ou corporativa; Os contratos e sistemas de pagamento atuais demandam pouco as melhorias de desempenho; Apesar de o Brasil ter um excelente marco de regulação em termos de abertura de hospitais e ser líder em sistemas de acreditação, os sistemas de qualidade ainda tem sido muito pouco implantados nos hospitais; Falta informação no sistema de saúde em geral, para poder controlar custos e medir o desempenho. Para Bernard Couttolenc, os dados disponíveis não constituem informação. Eles não são adequados para avaliar o que foi feito em termos de qualidade, custos e desempenho. Não temos informação voltada para resultados, declara. Os autores são categóricos em afirmar que o nível de eficiência é um problema crônico em todo o sistema. Há uma falsa idéia de que os hospitais privados são mais eficientes, mas neles o nível de ineficiência também é muito grande. Eles poderiam produzir muito mais. O livro mostra que, numa classificação de 1 a 0, sendo 1 o nível de eficiência mais alto encontrado, a média encontrada foi de 0,34. O hospital médio produz 1/3 do que os mais eficientes produzem com o mesmo recurso, revela Couttolenc. La Forgia afirma que a maioria dos hospitais brasileiros possui menos de 50 leitos e este é o principal determinante de eficiência. Os hospitais maiores têm níveis de eficiência melhores. Nosso estudo indica que eles começam a ser eficientes com 100 leitos. Couttolenc é incisivo. O hospital brasileiro típico é pequeno e muito ineficiente. Se fôssemos seguir estritamente o que determina a legislação, muitos deveriam ser fechados. Para La Forgia, a política de saúde pública precisa ser revista. É preciso racionalizar e organizar a oferta de leitos hospitalares. A média de ocupação no SUS é de 37%, mas sabemos que em alguns lugares há superlotação e outros hospitais ficam praticamente vazios. Se considerarmos a demanda, a oferta está mal distribuída.