Evento do Abril Verde do Coren-SP trata da saúde mental dos trabalhadores de enfermagem

Foi realizado, na sede do Coren-SP, nesta quarta-feira (24/4) o evento “Abril Verde: Conscientização para a Prevenção de Acidentes e Doenças do Trabalho”, com o objetivo de promover a reflexão e discussão sobre as problemáticas ambientais que afligem a saúde e a segurança do trabalhador de enfermagem.

Leila Maria Claudino Lage

Com o tema “Biossegurança”, a palestra de abertura, proferida pela enfermeira Leila Maria Claudino Lage, representante da Associação Nacional de Enfermeiros do Trabalho (ANENT). Ela falou especificamente sobre os riscos ocupacionais relacionados ao exercício da enfermagem. Entre os assuntos abordados, Leila mostrou as classificações de riscos e explicou um pouco normas como a NR-12.

Após a palestra de Leila, a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) do Coren-SP teve uma momento para se apresentar aos participantes. Flávia Bianchin, gerente de gestão de pessoas do Coren-SP; Patrícia Vitorino, engenheira; Sérgio dos Santos, gerente financeiro e Rodrigo Aparecido dos Santos, agente administrativo se apresentaram aos presentes.

Henrique Paiva

Assuntos de extrema relevância no ambiente de trabalho como assédio moral, burnout, doenças mentais e seus impactos para a saúde ocupacional foram tratados em uma mesa-redonda.

Alexandre Juan Lucas

Primeiro, o médico psiquiatra Henrique Soares Paiva, do Hospital das Clínicas da USP, falou um pouco sobre as doenças mentais, sobretudo sobre a depressão e a síndrome de burnout.”Pesquisas mostram que os profissionais de saúde, os professores e os profissionais do mercado financeiro são os mais propensos a terem síndrome de burnout”, disse, acrescentando que essa questão de saúde só começou a ser reconhecida oficialmente recentemente. “O burnout, por incrível que pareça, ainda não consta no DSM-5 – catálogo internacional de doenças psiquiátricas”, concluiu.

Marcio Anderson de Jesus Conceição

O segundo palestrante da mesa-redonda foi o fiscal do Coren-SP, Alexandre Juan Lucas, que é enfermeiro do trabalho. Ele começou sua palestra falando sobre os aspectos biopsicosocioespirituais da enfermagem, indicando que nosso atual modo de vida, com rotina estressante e ambiente de trabalho insalubre colaboram para o surgimento de fenômenos como a depressão e a síndrome de burnout. “A enfermagem é uma profissão estressante. Já é mais do que hora de termos acesso a jornadas menores, como a de 30 horas semanais e a um piso salarial digno. Isso contribuiria para diminuir o estresse e os problemas de saúde mental que atualmente afetam nossos profissionais”, disse.

Já o enfermeiro Márcio Anderson de Jesus Conceição, que é coach sistêmico para profissionais de enfermagem e analista corporal e comportamental, falou sobre assédio moral no ambiente de trabalho. “As cobranças em si não constituem assédio moral, se são feitas de forma educada. O que constitui assédio são as cobranças repetitivas, ameaças, constrangimentos, que transformam o local de trabalho em um local de desprazer e desconfiança”, disse.

CIPA do Coren-SP

O período da tarde trouxe outra mesa-redonda, bastante multidisciplinar, afinal, contou com palestras do engenheiro Rubens Brasil, do SESMT do Hospital das Clínicas da USP e do economista Luiz Bósio, com moderação da auxiliar de enfermagem Andreia Teixeira, do Hospital das Clínicas da USP.

O engenheiro Rubens explicou que o SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) é obrigatório para toda empresa, explicando como funciona esse serviço no Hospital das Clínicas. “Nosso SESMT hoje conta com 74 profissionais, pois temos um efetivo de 19 mil trabalhadores no HC”, disse.

Rubens Brasil

O economista Luiz Bósio explicou brevemente aspectos da história da saúde do trabalhador. “O profissional de enfermagem é o fator de sustentabilidade da saúde humana e social”, concluiu.

A conselheira Érica França, especialista em Práticas Integrativas, e o voluntário do CVV (Centro de Valorização da Vida) Antonio Batista falaram um pouco sobre prevenção ao suicídio. Antônio explicou como funciona o trabalho no CVV: “ouvir é um gesto de doação. Estamos doando um pouco do nosso tempo. Esse trabalho é importante pois sentir é algo da natureza humana, mas nem sempre falamos dos nossos sentimentos”, disse.

Luiz Bósio

Em seguida, Érica conduziu uma meditação com os participantes, ensinando-os a relaxar, técnica que pode ser útil em momentos de estresse no dia a dia. “A enfermagem lidera o ranking de suicídios entre as profissões. Justo nós, que cuidamos da vida. Não era para estarmos nesse ranking”, frisou.

A mesa-redonda contou com a moderação da conselheira Josileide Bezerra.

Andreia Teixeira

A conselheira Michelle Madeira fez o encerramento do evento, agradecendo a presença de todos.”O que ficou claro deste evento é que, como profissionais de enfermagem, temos que ter atenção conosco e com o outro”, finalizou.

Antonio Batista

A estudante de enfermagem Patrícia Gonçalves Ramos, que assistiu a todo o evento, deixou claro que o conteúdo foi de grande utilidade para ela: “de cada apresentação extraí um conhecimento diferente. Foram tratados assuntos que estão bastante em voga, dos quais ouvimos falar bastante, como burnout e o suicídio entre profissionais de enfermagem”, disse.

 
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