Evento da Rebraensp na sede do Coren-SP discute administração segura de medicamentos

O auditório da sede do Coren-SP foi palco do IV Encontro do Núcleo Metropolitano da Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente – Rebraensp, na última quarta-feira (6/11). O tema da atividade foi o “3º Desafio Global de Segurança do Paciente: Medicação sem Danos”.

Realizado durante todo o dia, o evento contou com palestras e mesas-redondas com especialistas membros da Rebraensp e convidados, além de ampla participação do público nos debates e discussões.

James Santos, Jenny del Carmen Arcentales Herrera e Rosali Monteiro

Após uma breve mesa de abertura, com a participação do conselheiro James Santos e das enfermeiras Jenny del Carmen Arcentales Herrera, coordenadora do Polo São Paulo da Rebraensp e Rosali Monteiro, coordenadora do Núcleo Metropolitano da rede, a primeira palestra foi sobre o tema central do evento.

Quem fez a palestra foi a enfermeira Renata Lourenzen de Oliveira, gerente de enfermagem do Hospital Sírio-Libanês. Ela contextualizou o público sobre a gravidade dos erros de medicação e citou algumas soluções para o problema. “Nos Estados Unidos os erros de medicação causam pelo menos uma morte por dia. Temos que colocar barreiras em cada etapa do processo de administração de medicamentos para evitar esses eventos adversos”, disse. A palestra de Renata foi coordenada por Jenny Del Carmen Herrera.

Renata Lourenzen de Oliveira

Uma mesa redonda sobre o uso seguro de medicamentos, coordenada por Luiza Dal Ben, deu prosseguimento ao evento. A mesa abordou o tema em três diferentes contextos: a saúde do idoso, gestantes e pediatria.

Denise Miyuki Kusahara, professora da Escola Paulista de Enfermagem, da Unifesp, falou sobre a pediatria. “Segundo a Organização Mundial da Saúde, crianças e idosos são as populações mais suscetíveis a efeitos adversos de medicamentos. A medicação de crianças é sujeita a uma série de fatores, como o peso da criança”, disse, citando um caso de erro ocorrido na Irlanda no qual uma criança teve seu peso mal avaliado e medicada com a dosagem incorreta de um analgésico.

Denise Miyuki Kusahara

Rosemeire Sartori, professora do curso de obstetrícia da USP, falou sobre o uso seguro de medicamentos no contexto das gestantes, sobretudo em relação à oxitocina, o fármaco mais usado no mundo durante partos naturais. A enfermeira lembrou que “cada parto é um parto, mesmo que uma mulher esteja em seu décimo parto, ainda assim ele é único”, ou seja, não existem soluções universais e cada caso deve ser bem avaliado para a administração de medicamentos seja feita sob medida e da forma mais segura possível.

Rosemeire Sartori

A enfermeira Rosa Maria Marcucci, responsável pela Área Técnica de Saúde da Pessoa Idosa da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, falou sobre o contexto dos idosos. Ela citou o crescente envelhecimento da população brasileira. “Só na cidade de São Paulo já são 15% de idosos, o que é considerado pelos critérios da OMS uma população envelhecida”, disse.

Rosa Maria Marcucci

Ela citou que o cuidado com a administração segura de medicamentos aos idosos deve ser grande. “Uma pesquisa em São Paulo mostrou que 84% da população idosa utiliza algum tipo de medicamento, o que a torna uma população de risco a erros de administração”, enfatizou.

O período da manhã do evento foi encerrado por uma apresentação dos núcleos da Rebraensp, feita pela enfermeira Tatiana Kazumi e coordenada pela enfermeira Sheila Siedler Tavares.

Tatiana Kazumi

Ela traçou um breve panorama da distribuição da Rebraensp pelo território nacional e pelo estado de São Paulo, apresentando o trabalho de cada núcleo.

“Aos poucos, por meio do nosso trabalho, vamos mudando a questão da segurança do paciente no Brasil e em nosso estado”, disse.

Sheila Siedler Tavares

A parte da tarde começou com uma palestra da médica psiquiatra, pediatra e neonatologista Maria Magalhães Dolabella. Ela, que coordena a qualidade e segurança das unidades afiliadas às SPDM, falou sobre os fatores humanos e sua relação com a segurança do paciente. A palestra foi moderado por Rosali monteiro.

Maria Magalhães Dolabella

“Já foi provado que cada interrupção na preparação de um medicamento aumenta em duas vezes a chance do profissional que faz o preparo errar. Duas interrupções aumentam em dez vezes a chance de erro”, explicou. Outro dado que a profissional trouxe foi o da pesquisa que demonstrou que após 17 horas de trabalho, todas as funções cognitivas de um indivíduo tem uma redução de 50%.

“Temos que simplificar os processos. Quanto mais complexos os processos, maior a carga cognitiva exigida por eles e maior a chance de haver erros”, ensinou, completando que “errar é humano. O que temos sempre que nos perguntar é o porque nós erramos”.

O talk show “Desafios e Avanços da Segurança do Paciente na Atenção Primária, Atenção Pré-hospitalar e na Atenção Domiciliar” deu continuidade ao encontro.

Rosana Garcia, Marisa Malvestio, Maria de Jesus Harada e Soraya Rizzo

A mesa teve participação de Rosana Aparecida Garcia, que coordenou a atenção básica no município de Campinas; Marisa Malvestio, enfermeira intervencionista do SAMU e consultora do Ministério da Saúde e Soraya Rizzo, enfermeira estomaterapeuta e empresária. O talk-show foi moderado por Maria de Jesus Harada, professora da Escola Paulista de Enfermagem.

As três participantes concordaram que em suas respectivas áreas há pouquíssimos estudos sobre segurança do paciente – os estudos sobre o tema normalmente se concentram sobre a área hospitalar. “No Brasil, 85% dos equipes de atendimento pré-hospitalar são compostas por um técnico de enfermagem e um condutor de ambulância. Esse técnico normalmente medica sob orientação telefônica de um médico”, disse Marise, ao explicar que a realidade de trabalho dos profissionais de APH é radicalmente diferente daquela dos trabalhadores da atenção hospitalar, o que exige um olhar diferente e adaptado a casa caso quando se discute segurança do paciente. “O ambiente de trabalho do profissional de APH é a rua. Como posso falar sobre lavagem das mãos se ele está atendendo o paciente no meio da rua?”, questionou.

Vinicius Batista Santos

Após o talk-show, o enfermeiro e professor da Escola Paulista de Enfermagem, Vinicius Batista Santos, fez a palestra “Gerenciamento de Medicamentos de Alta Vigilância na Transição do Cuidado”. Sua fala focou na questão da transição do cuidado do ambiente domiciliar para o hospitalar e vice-versa.

Liliane Bauer Feldman

Durante sua fala ele lançou um alerta: “72% dos eventos adversos relacionados à medicação ocorrem depois da alta, quando o paciente chega em casa. Precisamos pensar no planejamento da alta desse paciente. O maior erro de planejamento de alta é que ele é feito em cima da hora, quando o paciente está indo embora, pensando em um monte de outras coisas. A retenção que ele tem do conteúdo a ele passado, nesse caso, é mínima”, assinalou.

Mavilde Pedreira

A exposição foi moderada pela enfermeira Vilma Terezinha Marcondes, que atua na Casa de Saúde de Santos .

O IV Encontro do Núcleo Metropolitano da Rede Brasileira de Enfermagem em Segurança do Paciente foi encerrado com uma exposição da Pesquisa sobre a Formação Profissional e Dimensionamento em Enfermagem e a Segurança do Paciente, feita pela enfermeira e professora da Escola Paulista de Enfermagem, Mavilde da Luz Pedreira.

A palestra foi moderada pela enfermeira e professora da Escola Paulista de Enfermagem Liliane Bauer Feldman.

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