Enfermeiros discutem criatividade, assédio moral e estresse no segundo dia do Fórum

Os participantes do II Fórum Paulista de RH em Enfermagem viveram na manhã desta terça-feira, dia 30, momentos de descontração. No segundo dia do evento que ocorreu na Unoeste, em Presidente Prudente, os enfermeiros começaram a jornada com palestras sobre criatividade e flexibilidade.

A primeira palestrante foi a enfermeira Tânia Baraúna, professora da Universidade Católica de Salvador, que trouxe o tema “Processo de criar e inovar”. A professora começou dizendo que é preciso buscar fundamentos científicos para o assunto criatividade, e não banalizá-lo por meio do uso da técnica por si mesma.

De cara, Tânia deixou claro que criar é um treino, para o qual colaboram os múltiplos tipos de inteligência e a afinidade com o assunto. A criatividade é nosso processo de vida, começa desde a infância, e podemos bloqueá-la ou desenvolvê-la. “Depende da experiência e da exposição ao conhecimento fornecido”, explicou. Para ser mais criativo, é preciso exercitar, testar e, principalmente, errar. Ao final, a professora fez um exercício com alguns participantes baseado no Teatro do Oprimido, em que o desafio era sincronizar os movimentos do grupo para “matar” o imaginário mosquito da dengue.

No primeiro intervalo, foi fundada a Angepe – Associação Nacional de Gestão de Pessoas em Enfermagem. Os objetivos da nova entidade são atuar no processo de recrutamento, programas de avaliação de desempenho, plano de cargos e salários, saúde ocupacional, entre outros.

A segunda palestra da manhã foi ministrada pela professora Isabel Cristina Kowal Olm Cunha, da Unifesp, e assessora do COREN-SP. A enfermeira falou sobre “Flexibilidade: diferencial competitivo”. Nas organizações pós-modernas, os empregos têm competências múltiplas e a divisão do trabalho é informal. Por isso, as empresas buscam competência de força de trabalho, conhecimento e envolvimento em ações sociais. Aí entra a necessidade de ser flexível. “Flexibilidade e criatividade importam hoje mais que boa formação e especialização”, disse Isabel.

A flexibilidade significa ser polivalente e ágil na adaptação às situações imprevisíveis. Segundo a professora, é “estar aberto ao novo, uma competência pessoal e organizacional que precisa ser entendida, aceita e exercitada”. O profissional flexível é franco e transparente, dá retorno, incentiva o trabalho em equipe, prepara e escolhe sucessores. No final, para descontrair o público, Isabel convidou todos a se levantar e dançar a música YMCA, do grupo Village People.

Assédio moral e estresse

À tarde, os temas foram mais árduos, porém muito atuais na realidade do enfermeiro. A presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo, Solange Caetano, explicou o que é assédio moral, uma agressão psicológica praticada de forma prolongada e repetitiva no local de trabalho. Pode vir de superiores, de colegas em igualdade hierárquica ou mesmo de subordinados.

A sindicalista dedicou boa parte da palestra para diferenciar o assédio moral dos poderes válidos exercidos pelo empregador ou chefe: o diretivo, o organizativo, o disciplinar e o de controle. São regras que a empresa estabelece e que devem ser cumpridas pelos funcionários, como usar uniforme e fazer o controle de ponto. Porém, se o chefe exige do empregado que não saia durante o horário de almoço, trata-se de abuso, ou seja, assédio moral.

Diante de situações humilhantes, como ser deslocado de função ou ter o tempo de ida ao banheiro controlado, o enfermeiro adoece e se isola dos colegas. Para resolver o problema, deve-se procurar a chefia imediatamente superior para uma conversa. Se não surtir efeito, o sindicato deve ser acionado para ajudar na mesa de entendimento com a empresa. Em último caso, a saída é o pedido de indenização na Justiça, já que o assédio moral ainda não é crime. “Dar um basta à humilhação depende também da informação, organização e mobilização dos trabalhadores”, disse Solange.

Finalmente, o Fórum encerrou suas atividades com a professora Eliane da Silva Grazziano, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). A especialista apresentou o tema “Estresse: por que estamos tão vulneráveis?”. Entre os profissionais de saúde, o estresse crônico é conhecido como Síndrome de Burnout. Segundo Eliane, quem mais adoece são os profissionais que mais trabalham, geralmente idealistas e motivados.

Para reagir ao estresse, é preciso reconhecer o conflito no trabalho, saber a origem e os sentimentos envolvidos. Além disso, procurar ajuda de especialistas em casos mais graves.