Enfermeiras levam pré-natal de qualidade às aldeias indígenas

Neste 9 de agosto, Dia Internacional dos Povos Indígenas, o Cofen homenageia profissionais indígenas e os que atuam nas aldeias

Nas redes, nas ocas, em escolas rurais ou na traseira da caminhonete, a enfermeira Elandia Caetano escuta batimentos cardíacos de bebês, orienta gestantes e encaminha exames laboratoriais. São 72 gestantes, em 42 aldeias, na região de Campinápolis, no Mato Grosso. “O deslocamento é difícil, atravessando a mata e estradas de terra. Mas, conseguimos acompanhar essas gestantes no dia a dia em domicílios e dentro de suas culturas, sempre nos adaptando ao que elas vivem”, afirma a enfermeira que atua na Estratégia de Saúde da Família (ASF).

“Neste 9 de agosto, Dia Internacional das Populações Indígenas, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) homenageia enfermeiros, técnicos e auxiliares indígenas e todos aqueles que atuam para garantir a assistência de Enfermagem nos territórios”, afirma a presidente do Cofen, Betânia Santos. “Lançamos um olhar especial para as profissionais que acolhem e amparam a chegada dos bebês, unindo o conhecimento científico ao cuidado humanizado, com respeito à cultura local”.

A assistência qualificada de Enfermagem é essencial para aumentar a cobertura e resolutividade da assistência à Saúde da população indígena. Parte significativa mora em locais de difícil acesso e enfrenta vulnerabilidade social e econômica. Isto se reflete na prevalência de agravos como desnutrição e tuberculose, que é três vezes mais frequente na população indígena. Mortes sem assistência médica predominam, e a mortalidade materna supera a média nacional.

“Ampliar o pré-natal nos territórios indígenas é essencial para um atendimento seguro e humanizado. O pré-natal bem-feito, com equipe multidisciplinar, previne, identifica e trata fatores de risco. Nas aldeias e outras regiões isoladas, este atendimento da Enfermagem, em diálogo com outros profissionais de Saúde e com as tradições ancestrais, é imprescindível para proporcionar assistência, e até para possibilitar o encaminhamento ao parto hospitalar, se necessário”, afirma Herdy Alves, coordenador da Comissão Nacional de Saúde da Mulher (CNSM/Cofen).

Comissão Intercultural – O Cofen instituiu, em abril deste ano, a Comissão Nacional de Enfermagem Intercultural, que busca subsidiar o plenário com a elaboração de estudos, políticas e pareceres referentes a comunidades tradicionais e outros grupos minoritários. A comissão busca conhecer a realidade do atendimento, com um olhar atento aos indígenas,  quilombolas, ribeirinhos, extrativistas, ciganos e ainda imigrantes e LGBTQIA+. “Com a criação da Comissão Nacional de Enfermagem Intercultural buscamos ampliar o conhecimento e o diálogo, para garantir um acesso mais equitativo à Saúde”, afirma Betânia.

Para o coordenador, Paulo Murilo, o primeiro desafio da comissão é estabelecer a comunicação entre diversos atores da saúde nas regionais e levantar dados, que são escassos e insuficientes. “É essencial entender quais as condições de trabalho e saber como é o acesso a essas populações por região”, avalia Paulo Murilo.

Fonte: Ascom – Cofen