Enfermeira líder do Plano de Imunização de SP conta como será a vacinação contra a Covid-19 no estado

Existe uma grande expectativa acerca do início da vacinação contra o novo coronavírus, causador da Covid-19. O governo de São Paulo está planejando que a vacinação possa ter início ainda em janeiro no estado, contemplando inicialmente grupos prioritários. Uma das profissionais que está coordenando o planejamento da imunização em São Paulo é a enfermeira e professora Núbia Virgínia D’Avila Limeira de Araújo. Ela é professora assistente do Departamento de Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da USP e foi escolhida para ser a Diretora Técnica da Divisão de Imunização do Centro de Vigilância Epidemiológica/Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo.

Núbia, que é enfermeira e professora, atualmente é Diretora Técnica da Divisão de Imunização do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo

Como uma das profissionais à frente do Plano de Imunização contra a Covid-19 no estado, Núbia concedeu entrevista exclusiva ao Coren-SP sobre esse projeto e sobre a importância da enfermagem na execução desse plano.

Coren-SP: Qual o objetivo do Plano de Imunização contra a Covid-19?

Núbia Virgínia D’Avila Limeira de Araújo: O Plano de Imunização é essencial, porque ele traz a fundamentação técnica, que direciona a operacionalização e a logística das ações a serem realizadas. Em nosso caso, o Plano tem como objetivos organizar as ações de vacinação contra a Covid-19 no estado de São Paulo e atingir altas e homogêneas coberturas vacinais nos grupos elegíveis para vacinação.

Coren-SP: E qual o papel que os profissionais de enfermagem terão no âmbito do Plano?

Núbia: A enfermagem é a “força propulsora” de todo esse mecanismo, de toda essa orquestração. A vacinação pública pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e mesmo em serviços privados, tem na enfermagem a gestão e execução da vacinação. Portanto, grande parte da credibilidade dos Programas Públicos de Vacinação deve-se ao esforço e dedicação de profissionais comprometidos com a prevenção de doenças, capacitação, definição de estratégias e coordenação logística.

Coren-SP: Você vê como promissora a vacina CoronaVac, que será utilizada em SP?

Núbia: Vejo com entusiasmo toda e qualquer vacina com potencial de prevenir doenças de forma segura e eficaz. Até porque, vacinas têm sido usadas diante de situações dramáticas como a varíola e mais recentemente o ebola, e em várias outras situações em que seu uso foi impactante no cenário epidemiológico. A vacinação tem sido descrita como uma das ações mais custo-efetivas na prevenção de doenças imunopreveníveis.

 

A vacina CoronaVac está sendo produzida pelo Instituto Butantan, em parceria com a empresa chinesa Sinovac Life Science Co Ltd.

Coren-SP: Como a vacinação contribuirá, na sua opinião, para o retorno à normalidade após esse período tão difícil de pandemia?

Núbia: A vacinação poderá contribuir na redução de adoecimentos, hospitalizações e mortes por Covid-19. Dessa forma, contribuirá indiretamente para que os serviços de saúde possam ser reorganizados e retornarem à rotina dos atendimentos antes da pandemia. Precisa-se aguardar outras respostas como a redução da transmissão da infecção. No entanto, muito provavelmente será fundamental manter as medidas de proteção como a lavagem frequente das mãos com água e sabão ou álcool 70%, etiqueta respiratória, distanciamento social e o uso de máscaras.

Coren-SP: Como profissional de enfermagem, o que você aprendeu durante esse tempo tão difícil de pandemia?

Núbia: Viver uma pandemia é uma experiência marcante, com grande oportunidade de aprendizados em todos os sentidos. Mas o que mais tenho refletido e está me causando transformação é a reflexão sobre o real significado da promoção, prevenção e proteção equitativa do bem-estar humano. Algumas premissas básicas devem nortear as decisões globais e locais no que diz respeito à alocação de vacinas, como transparência na priorização de grupos elegíveis, com evidências científicas disponíveis, igualdade de acesso aos grupos com maiores problemas no enfrentamento da Covid-19 e equidade na disponibilização de vacinas aos países de renda mais baixa.