Enfermagem do Instituto Central do HC compartilha experiências no enfrentamento à Covid-19
Dentre as muitas histórias de superação contadas por profissionais de saúde durante a pandemia da Covid-19, está a da equipe de enfermagem do Instituto Central do Hospital das Clínicas da FMUSP, na capital: um hospital de referência e de grande porte que se adaptou de forma rápida à atual situação, no combate à pandemia.
A diretora da Divisão de Enfermagem e responsável técnica (RT) pela unidade, enfermeira Maria Cristina Peres Braido Francisco, conta que a preparação para lidar com a Covid-19 começou bem antes da declaração oficial da pandemia pela Organização Mundial da Saúde, em meados de março: “Em fevereiro foi formado o Comitê de Crise, ocorrendo as primeiras reuniões estratégicas sobre o novo coronavírus. A Secretaria de Estado da Saúde, alinhada à alta direção do HC-FMUSP, definiu a criação do “Centro de Tratamento do Coronavírus” no Instituto Central, com a liberação de 900 leitos exclusivos para pacientes com a Covid-19, sendo 300 de UTI”.
Com esses 900 leitos no total, entre UTI e enfermaria, o Instituto Central passou a se preparar, já em fevereiro, para ser o maior centro de referência da Covid-19 no estado de São Paulo, antes da declaração oficial da pandemia pela OMS, ocorrida em 11 de março.
No dia 30 de março, o Instituto Central se tornou, oficialmente, o maior Centro de Referência para o tratamento da Covid-19 no estado de São Paulo. O grande desafio para a RT Maria Cristina, a partir desse momento, foi conseguir pessoal suficiente para lidar com a pandemia.
“Íamos passar de 94 leitos de UTI para 300. Para isso, tivemos que fazer contratações emergenciais e convênios com outros hospitais e unidades de saúde, como o Sírio-Libanês, o Albert Einstein, o GRAU, a AACD, a Beneficência Portuguesa e o HCor. Com isso, conseguimos ampliar o quadro de pessoal, contratando 1200 profissionais entre enfermeiros e técnicos de enfermagem, e treinar aqueles que havíamos contratado emergencialmente, pois não bastava apenas termos mão de obra, mas sim, mão de obra qualificada para atuar nas UTIs”.
Durante os cinco primeiros meses da pandemia, a unidade ficou em primeiro lugar em quantidade de atendimento a casos de Covid-19 no estado de São Paulo. Também merecem destaque a eficiência e a baixa taxa de infecções internas que o Instituto Central manteve.
“Demos muita atenção ao treinamento e ao uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual, na paramentação e sobretudo na desparamentação, pois tivemos acesso a estudos feitos em outros países mostrando que a maior parte das contaminações das equipes de saúde foi na hora da desparamentação”, contou Maria Cristina.
Outro trabalho de destaque realizado pela enfermagem do Instituto Central foi a prevenção de úlceras por pressão nos pacientes com Covid-19. “Esses pacientes tinham muitas alterações vasculares, então a probabilidade de lesões por pressão era muito grande por conta desse comprometimento trazido pelo vírus. Colocamos uma enfermeira estomaterapeuta para fazer a busca ativa e orientação in loco nesses 300 leitos de UTI. Além disso, tínhamos um grupo com enfermeiros, fisiatras, fisioterapeutas e outros profissionais que ajudaram a reduzir as úlceras por pressão”, conta Maria Cristina.
Coragem da equipe
Além de destacar o apoio do estado, da diretoria do HC e das instituições parceiras, Maria Cristina conta que a coragem da equipe de enfermagem tem sido essencial para o sucesso do combate à Covid-19 pelo Instituto Central.
“A equipe foi muito corajosa e determinada. Cada unidade tinha um planejamento de abertura. Continuamente, toda a equipe foi treinada utilizando metodologia ativa e tutoria pelas lideranças experientes, como estratégia nos treinamentos dos novos colaboradores”.