Enfermagem de São Paulo dá assistência a vítimas de enchentes

GRAU e Corpo de Bombeiros estiveram em Santa Catarina. Sergio Dias Martuchi e Antonio Claudio de Oliveira são Enfermeiros. Ambos partilham de uma experiência profissional e pessoal que vai além de qualquer situação que tenham vivenciado anteriormente: eles foram a Santa Catarina prestar socorro às vítimas das enchentes de novembro do ano passado. Além de seus empregos, respectivamente, no Hospital Municipal M’Boi Mirim e no Hospital do Coração, ambos na capital, Sergio e Antonio Claudio são Enfermeiros do GRAU, o grupo de Resgate e Atendimento a Urgências, da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, que trabalha em parceria com o Corpo de Bombeiros. Em novembro de 2008, o grau esteve presente na cidade de Luis Alves, em Santa Catarina, com três equipes de dois Enfermeiros e dois médicos, num total de seis profissionais de cada área – cada equipe permaneceu entre dois e três dias na cidade. Sergio e Claudio fizeram parte do segundo grupo. Quando eles chegaram ao local, a situação já não estava mais tão crítica quanto nos dois primeiros dias. “A primeira equipe pegou a parte mais pesada, com vítimas dos desabamentos e soterramentos. Nós também atendemos alguns traumas remanescentes, além de sintomas de doenças, inclusive em bombeiros”, conta Sergio Martuchi. “Como o trabalho dos bombeiros era de muito risco, nós também íamos acompanhá-los até os locais de deslizamentos, como prevenção, para prestar socorro em caso de algum possível acidente”, conta Antonio Claudio, que é supervisor de Enfermagem do GRAU. Cenário desolador O Enfermeiro Sergio tenta encontrar palavras para descrever o cenário da tragédia: “Muita sujeira, uma quantidade absurda de lama. Na cidade, ainda havia muitas áreas alagadas. Os rios eram barro puro e alguns até chegaram a mudar de curso, tamanha a violência da água. Vimos muitas estradas desmoronando, casas desabadas e vilarejos que mais pareciam cidades-fantasma – era um cenário totalmente desolador, tanto dentro da cidade quanto nas redondezas”, descreve. “Em São Paulo acontecem muitos desabamentos, mas lá era diferente, pois o lugar simplesmente deixava de existir. Eu fui a um vale onde havia uma casa e um sítio. A montanha desabou e o lugar acabou, sumiu. O proprietário nunca vai poder voltar para lá. Isso era muito impressionante”. Dia-a-dia do trabalho A estrutura para o trabalho da equipe era bastante completa e adequada. “O Corpo de Bombeiros de São Paulo levou tudo: alimentação, água, combustível, colchões, equipamentos para soterrados, equipamento para salvamento em altura e até cães farejadores. Não faltou nada para a realização do nosso trabalho”, conta Antonio Claudio. Além de participar dos resgates nos deslizamentos, os Enfermeiros do gRAU também realizaram visitas aos abrigos onde as pessoas estavam alojadas, para prestar assistência a quem estivesse precisando. “Também havia muitas pessoas idosas que estavam em casa e não queriam sair, e nós as visitávamos para ver como eles estavam”, conta o Enfermeiro Antonio Claudio. A equipe também trabalhou em parceria com o Pronto Socorro da cidade. “Nós fomos avaliar a capacidade do Pronto Socorro, que é bastante pequeno, para sabermos exatamente que tipo de vítimas poderíamos encaminhar para eles. Às vezes chegavam pacientes em estado mais grave e nós precisávamos acionar um transporte aéreo que os encaminhasse para instituições com mais recursos”, explica o Enfermeiro Sergio Martuchi. Reconhecimento e recompensa Pelos serviços prestados em Santa Catarina, toda a equipe, desde os bombeiros até os profissionais de saúde, recebeu uma medalha da Associação Brasileira das Forças Internacionais de Paz da ONU. “Isso, para nós, foi o ápice do reconhecimento de 15 anos de trabalho dentro do Corpo de Bombeiros”, orgulha-se Sergio. O Enfermeiro descreve a experiência nas enchentes em Santa Catarina como uma das mais marcantes de sua carreira: “Quando um Enfermeiro consegue participar de um movimento desses, em atendimento à sociedade, voluntária e espontaneamente, ele chega muito próximo do máximo da capacidade de oferecer o cuidado a alguém, seja na emergência, seja na carência afetiva e emocional”, define. Sergio e Antonio Claudio também consideram a experiência uma grande bagagem para suas vidas pessoais. “Quando uma pessoa se propõe a ir para um cenário desses, ela se sente importante e orgulhosa por poder ajudar. Dá até uma certa vaidade. Mas quando ela está lá e vê a imensidão da tragédia e da desgraça que aconteceu ali, pensa: ‘quem sou eu na face da Terra?’”, define Sergio. “Mesmo com todo o treinamento, a experiência e o conhecimento das pessoas que foram para lá, ver aquilo de perto ensina o quanto nós somos pequenos, o quanto devemos ser humildes e a importância de um bom trabalho em equipe”, aponta o Enfermeiro. “É em situações como essas que nós nos damos conta de que temos que aproveitar a vida enquanto estamos aqui, e de que devemos fazer sempre o melhor pelo nosso paciente, já que, muitas das vezes, nós somos a última esperança dele”, conclui o Enfermeiro Antonio Claudio. Trabalho em Equipe