Em defesa da enfermagem no combate ao coronavírus

Em entrevista coletiva realizada na última terça-feira (31/3), o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, atribuiu à enfermagem o alastramento de casos de mortes por coronavírus no Hospital Sancta Maggiore, em São Paulo: “é um local concentrado, com centenas de pacientes idosos e em diferentes graus de imunossupressão, num ambiente em que a enfermagem, enfim, o meio do hospital, não conseguiu segurar a transmissão ali dentro, e eles têm ali dentro hoje um ponto extremamente grave”.

A fala é injusta e prejudicial não só à enfermagem do referido hospital, mas à toda categoria. Os profissionais de enfermagem são, como é sabido pelo ministro, a linha de frente da saúde brasileira e está tão exposta quanto os pacientes ao contágio e ao adoecimento por coronavírus. Além disso, é preciso lembrar que a enfermagem faz parte de uma equipe multiprofissional na assistência a saúde.

O Coren-SP vem acompanhando de perto a realidade da enfermagem paulista no combate ao coronavírus e na assistência à população. A autarquia mantém suas inspeções de fiscalização, recebe denúncias e presta orientações e atendimento pelos canais on-line (como Fale Conosco, chat, redes sociais e ouvidoria), de forma a cumprir seu papel de prezar por uma assistência segura aos profissionais e à sociedade. O Coren-SP também realizou denúncia ao Ministério Público do Trabalho sobre más condições de assistência, como a falta e a inadequação de EPIs e a ausência de treinamentos para as equipes, dentre outros. A enfermagem, além de tudo isso, vem sendo hostilizada em meios de transporte, acusada barbaramente de transmitir a covid-19, quando na verdade tem se exaurido ainda mais sobre seu combate e controle. Sem contar os abusos à segurança e à vida dos profissionais previstos pela Medida Provisória 927, que o sistema Cofen-Corens luta para derrubar.

O Ministério da Saúde orienta os profissionais com protocolos e normativas, portanto é plenamente ciente das ações da enfermagem no combate à pandemia. Portanto, a fala do ministro Luiz Henrique Mandetta surpreende negativamente a categoria, que precisa neste momento de suporte da sociedade e de todos os órgãos da saúde, como o Coren-SP tem realizado incansavelmente. Em momento anterior, o próprio ministro afirmou que “O pulmão da saúde primária brasileira é a enfermagem. Quem carrega esse piano é a enfermagem”, portanto a profissão espera este reconhecimento também nesse momento.

Por isso, o Coren-SP vem a público defender toda a enfermagem paulista, pondo-se à disposição do Ministério da Saúde para dialogar sobre ações que favoreçam o trabalho e a qualidade de vida dos profissionais, o que certamente trará benefícios à toda a população.

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