Dia dos Povos Indígenas: Cuidado qualificado de Enfermagem aumenta resolutividade da assistência e diminui vulnerabilidades
Crises humanitárias recentes revelam a necessidade de elaboração de políticas que otimizem o cuidado e que permitam às equipes de saúde atuarem com integralidade e segurança
As populações originárias foram, por séculos, expostas a um processo sistemático de exploração e de anulação de direitos, sendo introduzidas em uma conjuntura de vulnerabilidade multidimensional. Entre os efeitos nefastos dessas violações, está a fragilidade na garantia plena da saúde, por meio de um cuidado que respeite os saberes e as suas particularidades culturais. Neste 19 de abril, Dia dos Povos Indígenas, é fundamental colocar os holofotes sobre o papel da Enfermagem na diminuição de disparidades históricas e no aumento da resolutividade da assistência a essa parcela da população.
Episódios recentes de crises humanitárias envolvendo populações indígenas no país, como a tragédia que tem acometido os Yanomami, mostram a urgência na elaboração políticas mais sólidas que otimizem o cuidado a esses povos e que permitam às equipes multiprofissionais de saúde atuarem com integralidade, superando dificuldades como difícil acesso e baixos salários.
A insegurança também é um problema latente. Em muitos territórios, a atuação desenfreada de garimpeiros e grileiros, bem como a ausência de fiscalização, impedem a assistência e facilitam o aumento de agravos como pneumonia, desnutrição, tuberculose e malária. Essa não é uma realidade isolada. Para além do Brasil, situações semelhantes são reproduzidas de forma conjuntural em outras localidades, especialmente na região das Américas.
O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) tem dado uma atenção especial à saúde indígena, buscando evidenciar o protagonismo da categoria na assistência ofertada. “Estamos trabalhamos para mapear, reconhecer e formular ações efetivas que otimizem a saúde dos povos indígenas. Seguimos avançando, por meio da educação permanente e do olhar atento à culturalidade e à ancestralidade”, destaca Betânia Santos, presidente da autarquia.
Paulo Murilo de Paiva, coordenador da Comissão Nacional de Enfermagem em Saúde Intercultural (Conenfsi), sinaliza a importância do respeito às especificidades desses povos. “Como regem os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), equidade é tratar aquele que mais precisa. Sob essa ótica, temos a obrigação de atender as populações ameríndias nas suas necessidades e excepcionalidades, sem ultrapassarmos seus conhecimentos e cultura”, frisa.
“A assistência de Enfermagem aos povos indígenas vem ganhando força, sendo marcada pela capacitação específica e pela qualidade com que é exercida. As entidades de governo reconhecem o papel fundamental exercido pela nossa categoria para aumentar a resolutividade do cuidado à saúde das populações originárias”, finaliza.
Profissionais do Cuidado 2 – Fruto do olhar atento do Cofen ao tema, a presidente da autarquia, Betânia Santos, visitou em 2023 a cidade de São Gabriel da Cachoeira (AM), município marcado pela grande concentração de etnias indígenas. Durante a passagem da dirigente, foi realizada a gravação do documentário “Profissionais do Cuidado 2”.
O curta mostra o trabalho da equipe de imunização e os desafios enfrentados nessa área, como as longas viagens pelos rios e as caminhadas extensas para atender à população. A produção também aborda a importância de melhores condições de trabalho para esses profissionais, incluindo salários mais justos e locais adequados para descanso, a fim de aprimorar a qualidade da assistência prestada aos povos originários.
Seminário Intercultural – O Cofen, por meio da Comissão Intercultural, vai realizar, nos dias 29 e 30 de abril, a terceira edição do Seminário Nacional de Enfermagem em Saúde Intercultural. O evento tem como tema “A diversidade cultural indígena e ribeirinha: diálogos, desafios e perspectivas sob o olhar da Enfermagem” e será realizado, a partir das 9h em ambos os dias, em Boa Vista (RR).
A programação inclui conversas sobre saúde mental de profissionais, estratégias de fiscalização em áreas remotas e novas tecnologias. Também é possível participar da discussão de forma remota, por meio da ferramenta multiplataforma CofenPlay. Quem comparecer receberá certificado.
Fonte: Ascom – Cofen
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