Cuidar daqueles que mais precisam é indescritível”, diz enfermeira que atua em missões pelo Brasil

A enfermeira Jamila Fabiana de Oliveira Costa, de 45 anos, tinha o sonho de poder ajudar as pessoas mais vulneráveis, oferecendo assistência para aqueles que mais precisam. Durante a pandemia, a demanda por profissionais de enfermagem aumentou e surgiu uma oportunidade de ingressar no programa Médicos Sem Fronteiras (MSF). Foi quando ela começou a fazer parte da equipe.

“Iniciei atuando em São Paulo, em 2020, realizando atividades relacionadas à pandemia com pessoas em situação de rua nos centros de acolhimento, na casa de atendimento para mulheres trans, em centros de alimentação e em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI). Sempre com ações de busca ativa de novos casos, encaminhamentos de pacientes e promoção de saúde. Também trabalhei com a conscientização da população sobre o novo coronavírus, ressaltando a importância das medidas preventivas, como o uso de máscaras, a lavagem de mãos e o distanciamento social”.

Enfermeira Jamila em testagem de Covid-19 na comunidade Umburamas, localizada no sertão da Bahia

Jamila permaneceu em São Paulo atuando pela ONG por um ano. No início de fevereiro de 2021, começou a viajar para outros estados com projetos vinculados à Covid-19, passando por Amazonas, Rondônia, Ceará e Bahia. “É uma experiência que vai marcar a minha carreira profissional e pessoal para sempre. Pude praticar a essência da nossa profissão, cuidar do outro”.

Esse projeto lhe proporcionou muitos momentos de reflexão, de “olhar fora da caixinha” e conhecer realidades e culturas diferentes de cada região. “Como enfermeira, resgatei a filosofia e a ciência do cuidar, não importando onde ou a quem. Como pessoa, mudou minha perspectiva sobre o que é dificuldade e como é a realidade de quem sofre com a falta de recursos. Entendi melhor que o amor ao próximo é imensurável, que não há distinção de raça, cor, etnia, gênero, orientação sexual ou condições financeiras”, revela.

Jamila em ação na assistência a população em situação de rua em São Paulo

Durante uma das viagens para o Amazonas, Jamila relembra que o atendimento humanizado é fator primordial na assistência. A equipe do MSF foi para São Gabriel da Cachoeira, cidade conhecida por ser a mais indígena do país. “Nós adaptamos os atendimentos para respeitar a cultura desses povos, colocamos redes nos hospitais para que eles conseguissem dormir com mais conforto, já que não estão acostumados com camas. Também contratamos promotores de saúde locais que falavam as línguas indígenas”.

Para Jamila, ter a oportunidade de participar de um projeto internacional é muito gratificante. “Sou mulher preta da periferia e mãe solteira de uma adolescente. Umas das maiores dificuldades foi ter que administrar os cuidados com minha filha usando os recursos online, mas ela também tem consciência da importância do meu trabalho e me dá todo apoio. Comecei como enfermeira assistente e alcancei o cargo de referente médica (cargo de liderança) do Projeto de Covid-19 no Brasil”.

Médicos Sem Fronteiras (MSF) é uma organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por graves crises humanitárias. Foi criado em 1971 na frança, e veio para o Brasil há 30 anos. Em 1999 recebeu o prêmio Nobel da Paz.

Com a queda no número de casos e de óbitos, os projetos de MSF focados no combate à Covid-19 no Brasil foram encerrados. A organização continua acompanhando de perto a evolução da pandemia no país e pode voltar a atuar, caso seja necessário. 

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