Coren-SP realizará desagravo público contra agressões realizadas em Bauru

O Coren-SP vem a público manifestar seu repúdio a mais um caso de violência sofrida por duas profissionais de enfermagem. A enfermeira Juraci Maria Fernandes e a técnica de enfermagem Lilian de Farias Silva sofreram agressão física na UPA Vila Ipiranga, em Bauru, no dia 16/3, durante a classificação de risco de pacientes.

Confessando a agressão, a autora da violência afirmou em entrevista para o jornal JCNET que “na triagem, já pedi que o colocassem como atendimento prioritário, mas percebi que outras pessoas fora desta categoria passaram na frente”. Essa percepção demonstra um desrespeito confesso à autonomia e ao conhecimento técnico-científico da enfermagem, que é responsável por realizar a classificação de risco, que consiste justamente na avaliação dos pacientes para determinar a ordem de prioridade de atendimento, com base em seu quadro clínico.

Além disso, como é de conhecimento público, todas as instituições de saúde sofrem com o sobrecarga de atendimento decorrente da pandemia da Covid-19. A enfermagem é o maior contingente da linha de frente do enfrentamento da pandemia e lida diariamente com as consequências de anos de subfinanciamento do SUS, como a falta de condições adequadas.

A agressora também afirma em reportagem que “chegou ao seu limite”, mas talvez desconheça a realidade de situações-limite a que a enfermagem está submetida diariamente: assim como Juraci e Lilian, 77% dos profissionais de enfermagem já foram agredidos em seu local de trabalho87% afirmam ter sintomas de burnout decorrente da sobrecarga de trabalho e 75% das mulheres da enfermagem ganham menos de 4 salários mínimos por mês. Todos esses dados refletem a necessidade de acolhimento da enfermagem pela população.

Além disso, no estado de São Paulo, a enfermagem já teve mais de 7600 casos de contaminação pela Covid-19 e 93 óbitos decorrentes da doença. Portanto, fica claro que os profissionais, humanos e cidadãos que são, também são vítimas da pandemia e da falta de condições adequadas para a assistência – como a demora no atendimento, a falta de medicamentos e demais situações narradas pela agressora e que infelizmente fazem parte e prejudicam o cotidiano da enfermagem.

O Coren-SP ressalta a importância da realização de boletim de ocorrência junto à polícia para todo caso de agressão, para que os casos sejam tabulados e combatidos. O conselho ressalta que abrirá desagravo público em favor da enfermeira Juraci Maria Fernandes e da técnica de enfermagem Lilian de Farias Silva, por entender que a agressão é um ataque direto à integridade das profissionais e de toda a categoria.