Coren-SP critica o desmerecimento à enfermagem na série “Sob Pressão” e em reportagem
Como é de conhecimento público, com a pandemia da Covid-19, a atuação da enfermagem ganhou destaque nos meios de comunicação e, recentemente, em obras de ficção. Com a proximidade das eleições municipais, veículos de comunicação também vêm destacando a presença de profissionais de saúde, especialmente de enfermagem, concorrendo aos postos de prefeitos e vereadores. Em todo caso, ainda que as representações e as análises tenham a intenção de destacar a presença dos profissionais de enfermagem, só nesta semana, em duas situações a categoria acabou sendo menosprezada e preterida.
Na reportagem “Número de candidatos da área da saúde cresce nas eleições de 2020“, publicada pelo G1, há um levantamento do Tribunal Superior Eleitoral, que demonstra que técnicos de enfermagem e enfermeiros são as profissões da saúde com a maior quantidade de candidatos no país – ainda que a análise da matéria opte por destacar o crescimento proporcional de outras profissões, a despeito do grande quantitativo da enfermagem. A seguir, Eduardo Grin, professor do Departamento de Gestão Pública da FGV-SP, afirma equivocadamente que “Há uma hierarquia na área da saúde, em que o médico está no topo e o enfermeiro está abaixo”, desconsiderando a autonomia e a independência da profissão (respaldada pela Lei do Exercício Profissional da Enfermagem), a prática da profissão e o caráter multidisciplinar que as equipes de saúde têm nas mais variadas áreas de atuação, especialmente naquelas conduzidas pela enfermagem, como, por exemplo, a classificação de risco.
Já o episódio de estreia da quarta temporada da série “Sob pressão“, da Rede Globo, retratou o cotidiano dos profissionais de saúde no combate à Covid-19 com uma visão medicalocêntrica, centrando toda a atuação da equipe – que na vida real é multidisciplinar – nos personagens médicos. Como se sabe, é a equipe de enfermagem que passa 24 horas por dia ao lado dos pacientes, sujeita a uma alta carga viral que infelizmente tem milhares de contaminados como consequência, e que representa a maior força de trabalho da saúde brasileira – mas não é essa a perspectiva ilustrada pela série, desde sua primeira temporada, como o Coren-SP já sinalizou desde 2017.
O Coren-SP continua realizando seu trabalho de fiscalização do exercício profissional, prezando pela segurança na assistência do profissional à sociedade, mas sem deixar de lutar pela visibilidade necessária para a conquista de lutas como a jornada de trabalho de 30 horas semanais, o piso salarial, a aposentadoria especial, o combate à violência e o favorecimento da saúde mental, pois o real reconhecimento vai além de aplausos.