Abertura da Semana Mundial do Aleitamento Materno foca no acesso da população negra à saúde
Um evento transmitido online gratuitamente pelo Coren-SP nesta segunda-feira (2/8) deu início à campanha do Agosto Dourado – mês dedicado à promoção do aleitamento materno conforme preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O evento, intitulado “Abertura Oficial da Semana Mundial de Aleitamento Materno: Uma Responsabilidade de Todos”, iniciou com a palavra do presidente do Coren-SP, James Francisco dos Santos. “Esta semana é muito importante, sobretudo quando verificamos que mais de 84% dos nossos profissionais são mulheres”, afirmou.
A vice-presidente da autarquia, Erica Chagas, e a enfermeira Erli Marques, gerente de enfermagem da Maternidade de Campinas, também participaram da abertura do evento. Erica destacou a importância do tema: “Trazer esse assunto para ser discutido dentro do Coren-SP é um ganho para todos os profissionais de enfermagem. É um dever social e um exercício de cidadania trazer esse assunto para dentro do Coren-SP”, destacou.
Já Erli, frisou a nobreza dessa causa: “É uma causa nobre. Estar à frente desse cuidado, com embasamento científico, é muito importante para trazer aprimoramentos de muita relevância para os profissionais de enfermagem e para a área da saúde”, disse.
Após a abertura oficial, a palestrante Paula Vieira, que é enfermeira obstetra, iniciou sua apresentação. “Essa é uma semana organizada justamente de maneira mundial para conscientizar e estimular ações que venham apoiar o aleitamento já pensando nos benefícios que ele traz à mãe e ao bebê. Há vários estudos que veem a amamentação como uma responsabilidade de todos”, afirmou.
Paula continuou sua palestra falando sobre a importância das políticas de saúde voltadas especificamente às populações negra e indígena. “Como o SUS é um sistema de saúde de acesso a todos, é um dever nosso promover ações que irão facilitar o aleitamento e a amamentação para todas as pessoas, incluindo mulheres negras. O recorte racial é necessário, pois nosso país teve uma base escravocrata. Além disso, há vários estudos que demonstram o quanto os indicadores de saúde das populações negra e indígena são muito ruins e piores do que os da população não negra e não indígena”, afirmou, justificando que há a necessidade de políticas específicas para que a saúde seja realmente garantida como direito de todos.
A enfermeira destacou ainda alguns dos indicadores sobre a saúde da população negra no Brasil: “Nós temos os piores indicadores em relação às taxas de mortalidade materna, mortalidade infantil e agravamento precoce de condições crônicas. O racismo impacta de forma geral na vida dessas mulheres negras e dessas crianças e também impacta na questão do aleitamento materno. O racismo pode ser combatido por meio da política integral da população negra, que é uma política que combate o racismo em suas várias expressões”.
Por fim, outra fala de Paula que merece destaque, é a necessidade da inclusão do quesito “cor” nas coletas de dados de saúde da população: “Se a questão da cor não é coletada, nós não teremos esses dados disponíveis para que possamos trabalhar sobre eles”, finalizou.