Papel do Cuidador de Idosos é discutido no 67º CBEn

“Cuidadores & Enfermagem” foi o tema que norteou as discussões no segundo dia do 67º CBEn – Congresso Brasileiro de Enfermagem, realizado desde terça-feira (27), no Centro de Convenções Anhembi, na capital. A formulação de políticas públicas para o idoso, a redução do tamanho das famílias e a inserção, cada vez maior, da mulher no mercado de trabalho foram alguns dos aspectos levantados durante o talk show.

Vera Pedrosa Caovilla, membro-fundadora da Abraz (Associação Brasileira de Alzheimer) foi uma das participantes do talk show

O Relatório Mundial de Saúde e Envelhecimento aponta um envelhecimento acelerado da população brasileira em relação a média internacional. Enquanto a quantidade de idosos vai duplicar no mundo até o ano de 2050, ela quase triplicará no Brasil. Hoje são 23 milhões de pessoas acima de 60 anos, o que corresponde a 12,5% da população. Em 2050, serão 64 milhões, cerca de 30% da população.

A professora Yeda Aparecida de Oliveira Duarte, da USP, lembrou que cerca de 25% dessas pessoas não estão envelhecendo bem e precisam ser assistidas. “O cuidador deve complementar a lacuna da família que não está mais disponível para cuidar. Ele vem para agregar, não para competir no mercado de trabalho”, analisou. Já a assistente social Marília Berzins, da secretaria municipal de Saúde de São Paulo, destacou a violência institucional contra a pessoa idosa. “O estado é perverso porque exige o cuidado, exige o cumprimento do Estatuto do Idoso, mas não dá condições. O papel do cuidador precisa ser incorporado às políticas de seguridade social e de Saúde. Estamos atrasados nessa parte de planejamento do cuidado ao idoso”, ressaltou.

O conselheiro Edir Gonsaga durante discussão sobre o papel dos cuidadores

O conselheiro Edir Gonsaga, que na ocasião representou a ANATEN (Associação Nacional dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem), levantou a questão da atuação legal dos cuidadores, citando o PL 4702/2012, que ainda tramita na Câmara. “Há pontos do projeto de lei que pretende regulamentar a profissão de cuidador, como a administração de medicamentos, que entram em conflito com a Lei do Exercício Profissional da Enfermagem”, lembrou.

No período da tarde, o assunto continuou em pauta. A chefe de Fiscalização do Coren-SP, Monique Cavenaghi, explicou que não cabe à autarquia normatizar a atividade do cuidador. “Cabe ao Coren-SP garantir que o profissional de Enfermagem preste uma atenção cada vez melhor ao idoso. Acreditamos que a atividade do cuidador e da Enfermagem se complementam”, defendeu.

A chefe de Fiscalização do Coren-SP, Monique Cavenaghi, demonstrou preocupação ao atendimento prestado ao idoso

A geriatra e professora da UFMG, Karla Giacomin, falou da dificuldade do Brasil em se enxergar como um país que está envelhecendo. “Essa negação repercute na falta de políticas públicas para esse cuidado e no preparo dos profissionais”, analisou.

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