Cuidado baseado no relacionamento e os benefícios para o paciente

A palestra de abertura do 2º Fórum de Enfermagem do COREN-SP e do 1º Fórum Brasileiro de Medicina (organizado pela Associação Médica Brasileira – AMB), eventos conjuntos à Expo Enfermagem, teve como tema o modelo de cuidado com foco no relacionamento – entre a equipe, o paciente e a família. As enfermeiras Luciana Mendes Berlofi e Suzana Maria Bianchini, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (São Paulo), apresentaram a palestra “Cuidado baseado no relacionamento – como implementar?”.

As profissionais participaram ativamente do processo de implantação do modelo assistencial de Cuidado Baseado em Relacionamento (RBC, na sigla em inglês, Relationship Based Care) do hospital paulistano. A instituição, que possui 225 leitos de internação e 34 leitos de UTI, teve o primeiro contato com o modelo em 2009, quando colaboradoras do hospital visitaram o NewYork – Presbyterian, nos Estados Unidos. “As colaboradoras que fizeram a visita perceberam que existia algo diferente, não mensurável, um ambiente agradável e acolhedor naquele hospital que favorecia o trabalho da equipe e a recuperação dos pacientes”, explica Luciana Berlofi.

O RBC propicia a transformação da prática profissional, pois é um processo pelo qual o poder dos relacionamentos é aproveitado em toda a organização. “No RBC, o paciente é o centro do modelo e todas as atenções são também dispensadas aos familiares”, explica Luciana. Além do paciente e da família, que estão no centro, o relacionamento entre a equipe é bastante valorizado. Para que o modelo aconteça, outras dimensões devem caminhar junto ao cuidado personalizado, como num catavento que gira. São elas: liderança, trabalho em equipe, prática profissional, entrega do cuidado, recursos e resultados.

Já a enfermeira Suzana Bianchini destacou que algumas premissas são fundamentais para que o modelo de Cuidado Baseado em Relacionamento aconteça. “A essência do cuidado está nas conexões humanas, que resultam em harmonia e cura”, explica. “A relação entre pacientes, familiares e equipe é o coração do cuidado, mas é preciso cultivar relacionamentos saudáveis de trabalho também”.

Para que a implantação do modelo seja bem-sucedida, as profissionais ressaltaram que os colaboradores devem ser envolvidos, pois “precisam visualizar os resultados”. Suzana diz ainda que “se as pessoas não veem evidências de sucesso nas mudanças que a instituição propõe, elas abandonam o processo”.

Pesquisa – Conforme apresentado por Luciana, uma pesquisa realizada com 5.000 pacientes nos Estados Unidos mostrou o que eles e suas famílias desejam no cuidado hospitalar. “O paciente e sua família desejam antecipação de suas necessidades; ser ouvido e tratado com respeito e gentileza; ter alguém coordenando o plano de cuidado; uma comunicação eficaz entre a equipe; informação, honestidade e participação nas decisões; e ter seus medos acalmados”, enumerou Suzana. “O que o paciente quer é ser visto como uma pessoa e não um diagnóstico. E é nesse ponto que o RBC atua principalmente”.

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