Dimensionamento de equipes ainda levanta dúvidas entre enfermeiros

O dimensionamento da equipe de enfermagem é uma competência gerencial privativa do enfermeiro, e que exige deste um conhecimento profundo da sua instituição, dos seus pacientes e dos cuidados prestados. Desconhecer qualquer um desses fatores expõe o enfermeiro ao risco de super ou subdimensionar a equipe, e a todas as consequências negativas resultantes tanto de um quanto de outro desses erros de avaliação.

A palestra “Dimensionamento de pessoal de enfermagem: da teoria à prática”, que fez parte da programação do 12º CBCENF – Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem, tratou deste e de outros aspectos ligados ao tema. O documento que deu base à palestra da vice-presidente do COREN-SP, Cleide Mazuela Canavesi, foi a Resolução COFEN 293, de 2004, que define o percentual de profissionais nas diferentes unidades, conforme o tipo e complexidade da assistência prestada, grau de dependência dos serviços de enfermagem, além de indicar as fórmulas matemáticas para o cálculo preciso dos números.

Embora a Resolução seja complexa, Cleide defendeu a necessidade de o enfermeiro apoderar-se das ferramentas do dimensionamento, para que possa desenvolver e fundamentar estratégias, visando negociações com os gestores da instituição para adequação do número de colaboradores nas equipes de enfermagem, visando a segurança, qualidade e garantia de continuidade da assistência. Mas a vice-presidente do COREN-SP alerta que, antes de iniciar o processo de dimensionamento, o enfermeiro precisa redesenhar os processos de trabalho da enfermagem. “É preciso fazer um levantamento de diversas situações, dentre elas, quais atividades a equipe está realizando e que não pertencem, necessariamente, à enfermagem; as taxas de absenteísmo e também as taxas de rotatividade dos profissionais.”

Um outro ponto discutido na palestra foi a atual necessidade de revalidação da Resolução 293 que, embora recente, já pede ajustes. Cleide explica que fatores, como os avanços científicos recentes e cada vez mais rápidos, a mudança na complexidade das doenças, o aumento da expectativa de vida dos brasileiros e a peculiaridade da assistência do paciente idoso, estão determinando esta revisão. “O enfermeiro de hoje já tem muito mais atribuições do que à época da aprovação da Resolução, e isso mostra que já é hora de começarmos a repensar o dimensionamento.” Segundo a vice-presidente, em breve será formada uma comissão nacional para a revalidação da Resolução, que iniciará uma investigação profunda, para definir o dimensionamento sob novos e melhores parâmetros.