Versão brasileira da toxoplasmose pode ser transmitida pelo sangue

Na maioria dos casos, o causador da toxoplasmose é um parasita relativamente bonzinho – mas isso não é motivo para baixar a guarda diante dele, como acabam de mostrar pesquisadores brasileiros. Um estudo feito com gaúchos infectados pelo Toxoplasma gondii revelou que o microrganismo é capaz de circular pelo sangue dos pacientes mesmo após anos de infecção. Isso significa que é preciso um cuidado extra na hora de utilizar o sangue dessas pessoas em transfusões, por exemplo – o receptor pode acabar ganhando a toxoplasmose como brinde. O estudo, que já está aceito para publicação numa revista científica internacional, foi coordenado pelo imunologista Luiz Vicente Rizzo, superintendente do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein (SP). Num trabalho anterior, Rizzo e seus colegas já haviam demonstrado as características genéticas únicas do T. gondii presente em território nacional. Ele é muito diferente das cepas de toxoplasma encontradas em outros lugares do mundo, contou o imunologista. É possível que esse perfil genético diferenciado esteja por trás da maneira como o T. gondii brasileiro age. Assim como em outros lugares do mundo, a ação do microrganismo é relativamente mansa. O mais comum é que pessoas que carregam a criatura em seu organismo não sofram sintomas, enquanto ele se aloja principalmente em regiões com tecido nervoso. A infecção é tão comum que entre 50% e 80% da população adulta do país carrega o parasita, dependendo da região. O problema, ao menos no Brasil, é quando o toxoplasma vai parar nos neurônios da retina. Dependendo de como ele age, a pessoa afetada pode ficar com a visão embaçada, ter um inchaço no nervo óptico (que carrega as informações visuais captadas pela retina até o cérebro) e até desenvolver catarata.