Descobertas 3 proteínas humanas aproveitadas pelo vírus da gripe aviária

Cientistas dos EUA, do Japão e da Indonésia anunciaram ontem, dia 10, a descoberta de três proteínas humanas aproveitadas pelo vírus da gripe das aves, o H5N1, para infectar células. O resultado da pesquisa veio de um estudo com moscas-das-frutas geneticamente modificadas para se tornarem suscetíveis à doença, de forma semelhante ao que ocorre com os mamíferos. Usando uma técnica especial para desligar os genes que produzem essas proteínas nos insetos, os animais de laboratório se tornaram imunes. O conhecimento existente sobre esses genes sugere o envolvimento em estágios particulares de infecção, disse à Folha Paul Ahlquist, virologista da Universidade de Wisconsin (EUA), um dos autores do estudo. Com o acúmulo de trabalhos como este, passamos a entender mais aspectos sobre como é a integração total do vírus com a célula infectada. O trabalho dos cientistas – publicado na edição de hoje da revista Nature – lista a descoberta de cem genes usados pelo vírus como porta de entrada das células das moscas. Três deles são aqueles que têm correlatos em humanos. Apesar de o H5N1 ainda ser essencialmente um vírus de aves, mais de 500 casos de infecção em humanos já foram relatados mundo afora, com 243 mortes. Cientistas temem que o acúmulo de mutações do patógeno possa chegar a um ponto em que ele seja capaz de se transmitir de pessoa para pessoa, desencadeando uma pandemia catastrófica.