1º Simpósio de Especialidades do Coren-SP traz discussões aprofundadas sobre a prática do profissional de enfermagem
Nos dias 28 e 29 de novembro, o Coren-SP levou ao auditório da Universidade Paulista (Unip), campus Swift, em Campinas, seu 1º Simpósio de Especialidades de Enfermagem.
O evento, coordenado pelas Câmaras Técnicas da autarquia, foi realizado em sete salas simultâneas e tratou da especialização em enfermagem de forma ampla, abrangendo áreas como saúde mental, APH, nefrologia, nutrição parenteral, ultrassonografia point-of-care, integridade cutânea, educação em enfermagem, tecnologia aplicada à saúde e outras. As palestras e discussões foram todas realizadas por profissionais de enfermagem membros das Câmaras Técnicas do Coren-SP, com reconhecida expertise nos temas abordados.
Uma das características do evento foi trazer discussões mais aprofundadas sobre a vanguarda da enfermagem dentro das especialidades. Dentro dessa proposta, a atividade de abertura do simpósio foi uma aula sobre ultrassonografia point-of-care na prática clínica do enfermeiro.
A conselheira Heloisa Ciqueto Peres, membro das Câmaras Técnicas da autarquia, reafirmou, na abertura da atividade, a importância da atualização profissional: “Estamos aqui para nos consagrar como detentores de conhecimento técnico-científico. Hoje falaremos sobre temas atuais e assuntos sobre os quais precisamos nos atualizar. Precisamos nos capacitar para o momento atual, onde temos um crescimento das tecnologias em saúde pois passamos do mundo da informação para o mundo da integração”.
Durante a exposição sobre ultrassonografia, o conselheiro Vinicius Batista, que foi um dos palestrantes e é estudioso do tema, afirmou que “A ultrassonografia point-of-care é como se fosse o 5º pilar da propedêutica (coleta de dados sobre a situação clínica de um paciente). Todos os estudos que comparam o exame físico e o raio-x com e sem ultrassonografia, mostram que os exames com ultrassom são superiores. É uma técnica que não utiliza radiação e permite um diagnóstico rápido. É um equipamento que veio para ficar”.
O conselheiro frisou como a utilização desse equipamento empodera a enfermagem, sendo o seu uso pelo enfermeiro regulamentado pela Resolução Cofen nº 679/2021.
Salas de especialidades
Ainda no primeiro dia de Simpósio de Especialidades, o Atendimento Pré-hospitalar (APH) foi a grande estrela na sala 2, com a palestra “Punção intraóssea e inserção da máscara laríngea”.
As palestrantes Bruna Busnardo, que é conselheira do Coren-SP, Nancy Felix e Thais Travaglia, explicaram de forma prática a técnica da punção intraóssea realizada pelo enfermeiro em situações de emergência que exijam esse procedimento. A punção intraóssea normalmente é utilizada em situações onde o acesso venoso tradicional não é possível.
A técnica apresentada foi a punção no úmero.
Na sala 6, o tema central foi o “Metaverso e ferramentas digitais no ensino em enfermagem”. A apresentação foi feita pela conselheira Heloisa Ciqueto Peres e pelas enfermeiras especialistas nesse tema, Raquel Acciarito e Débora Vaz.
A palestrante Raquel Acciarito tratou de acalmar os participantes que estavam ansiosos quanto a possibilidade da Inteligência Artificial, de alguma forma, prejudica-los profissionalmente. “A IA nunca vai substituir o humano. Ela é apenas uma ferramenta que nos auxilia no nosso dia a dia. O que acontecerá é que os profissionais que souberem utilizá-la terão mais oportunidades”.
Na sala 4, o tema foi “Manejo da terapia nutricional enteral e parenteral”, com a conselheira Cláudia Satiko, especialista no tema e os enfermeiros Ricardo Ferrer, Michele Coelho, Fernanda Totti e Lidiane Teles.
Um dos temas tratados na apresentação foi a segurança do paciente em nutrição parenteral.
A palestrante Lidiane Teles reforçou esse aspecto: “Diversos pontos podem ser levados em consideração para estarmos seguros: sinalização por cor, sinalização por etiqueta, sinalização dos cateteres. Quanto mais estivermos seguros, quanto mais acharmos que sabemos, mais os erros podem acontecer conosco”, afirmou.
Na sala 5, a palestra foi sobre o tema “Biofilme em feridas – da limpeza à seleção de cobertura”, com a palestrante Mariana Takahashi Ferreira Costa.
Uma das discussões levantadas por Mariana foi sobre a qualidade dos produtos de cicatrização e antissepsia de feridas. “Temos que ter atenção aos produtos que utilizamos. Eles têm que ter laudo de irritabilidade dérmica, de causticidade e ter PH semelhante ao da pele saudável, que é de 5.5 a 6.5”.
As outras salas deste primeiro dia de evento foram: “Administração de medicamentos intravenosos” (sala 3), com os palestrantes Marcos da Eira Frias. Monica Oscalices; Simone Oliveira e Edna Duarte Ferreira e “Boas práticas de telenfermagem” (sala 7), com os palestrantes Rodrigo Jensen, Neurilene Batista de Oliveira, Roberta Rúbia de Lima e Osmeire Aparecida Chamelette Sanzovo.
Segundo dia
A abertura oficial do 1º Simpósio de Especialidades de Enfermagem do Coren-SP foi no segundo dia de evento (29), com a participação do presidente da autarquia, Sergio Aparecido Cleto; da vice-presidente, Ana Paula Guarnieri; do primeiro-tesoureiro do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), James Francisco dos Santos; da coordenadora de enfermagem da Unip no Brasil; Raquel Cavalca Coutinho e dos representantes da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, Juliana Dias Roman e Jorge Mendes Ávila.
Em um monte bastante especial, o presidente do Coren-SP fez a entrega dos certificados aos enfermeiros formados em inserção de DIU no primeiro curso sobre o tema promovido pelo Coren-SP. As conselheiras Patrícia Crivelaro e Vanessa Morrone, também receberam o certificado, como concluintes do curso.
A primeira palestra do segundo dia do simpósio foi a palestra magna realizada pela enfermeira e professora Paulina Kurcgant, uma das profissionais mais reconhecidas da enfermagem brasileira.
Paulina falou sobre liderança na enfermagem, assunto sobre o qual dedicou muitos anos de estudo em sua reconhecida carreira acadêmica como professora na Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EE USP).
Um dos temas tratados pela professora Paulina foi a competência educativa de um bom líder em enfermagem. Ele deve capacitar sua equipe para enfrentar os desafios da atualidade, como a utilização das novas tecnologias. “Temos que capacitar os profissionais da nossa equipe de enfermagem para a utilização de novas tecnologias. Essa capacitação, no início, deve ser compulsiva, porque a utilização de novas tecnologias é uma obrigação nossa, é um caminho que não tem mais volta”.
Palestras
Um dos assuntos que mais levaram público às salas de discussão nesse segundo dia de evento foi a pediatria e neonatologia. Em sala coordenada pela conselheira Maria Madalena Januário Leite, a especialidade foi tratada de forma ampla, com palestras sobre tópicos como “Avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor – DENVER 2” (Rosângela Filipini); “Reconhecendo os sinais de alerta oncológico na criança
Ministrante” (Juliana Pepe Marinho); “Reconhecendo a sepse na pediatria
Ministrante” (Denise Kusahara ). “Escore pediátrico de alerta” (Carolina Cagnacci) e “RCP na pediatria e na neonatologia”, esta última ministrada pela conselheira Bruna Bunardo.
Com sua experiência tanto como conselheira quanto como enfermeira do SAMU de Sumaré, Bruna destacou o caráter imprescindível da perícia na execução de ações assistenciais no contexto do APH. “Mesmo que existam Resoluções do Cofen que permitam que realizemos certas técnicas, devemos ter a certeza do que estamos fazendo. Temos que ter capacitação e equipamento adequado para a realização de qualquer ação assistencial, ainda que as normas e legislações permitam a realização da ação em questão”, colocou.
Uma discussão extremamente atual foi desenvolvida na sala “Inovação em Enfermagem” (Sala 4), em atividade conduzida pela conselheira Vanessa Morrone e com palestras feitas também pela conselheira Natali Petri (“Enfermagem do Futuro na Era da Inovação: Como tirar sua ideia do papel e ser um protagonista na Enfermagem”) e pelas profissionais Daniele Neias (“Apresentação Pitch”) e com uma oficina de inovação ministrada pelas três participantes encerrando a sala.
Em uma de sua falas, a conselheira Vanessa Morrone explicou que a área da enfermagem no Brasil oferece total condição para aqueles que desejam empreender e que o que falta é o conhecimento de como empreender de maneira eficiente para que essa área se expanda. “Temos muitas oportunidades de empreender e um ambiente favorável em nosso país, segundo pesquisas, mas nós, da enfermagem, não estamos sabendo aproveitar essas oportunidades. Temos de, juntos, construir o ecossistema de inovação em enfermagem”.
O segundo dia de evento ainda teve uma palestra do primeiro-tesoureiro do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), James Francisco dos Santos, em uma mesa que contou também com o primeiro-secretário do Coren-SP, Wagner Batista e com o conselheiro Vinícius Batista.
A palestra de James foi sobre o tema “Segurança do paciente”, onde o palestrante explicou de forma completa a origem das discussões sobre segurança do paciente e suas implicações, inclusive econômicas. “Quando temos qualquer situação que provoque o risco ao nosso paciente, isso traz um impacto financeiro muito grande. Devemos saber que o planejamento de todas nossas ações é fundamental para minimizar o risco ao paciente”, explicou.
O segundo dia de evento ainda contou com uma palestra feita pelo presidente do Coren-SP, Sergio Cleto, com o tema “Nefrointensivismo”, sobrea atuação do enfermeiro em nefrologia na área da Terapia Intensiva.
Um dos principais tópicos abordados por Sergio, que tem especialização na área e experiência clínica de mais de 26 anos, foi a diálise. “A diálise é tão importante para o enfermeiro em nefrologia quanto o é a ventilação mecânica para o fisioterapeuta. A diálise é uma área de reconhecida competência do enfermeiro e é onde nos destacamos pela nossa qualidade e conhecimento técnico-científico”, concluiu.
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