Coren-SP realiza seminário “Enfermagem, Ética e Política”
Um tema fundamental para o avanço da enfermagem foi tratado na manhã do último sábado (30), pelo Coren-SP, no auditório da Universidade Paulista (Unip), campus Paraíso, na capital. O seminário “Enfermagem, Ética e Política” tratou da politização da enfermagem e da ética profissional que, como fio condutor da profissão, deve guiar também a atuação política de enfermeiros, obstetrizes, técnicos e auxiliares de enfermagem.
Contando com representantes políticos da enfermagem e profissionais interessados em ingressar na política, o seminário teve em seu palco cerimonial de abertura a presença do presidente do Coren-SP, Sergio Cleto; do primeiro-tesoureiro da autarquia, Luciano Santos; da conselheira Heloísa Ciqueto Peres; do conselheiro coordenador da Comissão de Relações Institucionais (CRI), Ivan Santana; do conselheiro federal e primeiro-tesoureiro do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), James Francisco dos Santos; do deputado distrital do DF e conselheiro do Coren-DF, Jorge Vianna e da coordenadora da graduação em enfermagem da Unip, professora Taís Lorenzetti.
O presidente do Coren-SP, em suas palavras de abertura, tratou de desfazer um dos mitos sobre a profissão: o da desunião. “Estou feliz em ver lideranças da enfermagem querendo demonstrar o nosso papel político e ético. Eu digo para vocês que, ao contrário do que normalmente se fala, a enfermagem não é desunida. Nós somos, sim, desorganizados. Precisamos nos organizar para demonstrarmos coletivamente nossa força”, colocou.
A conselheira Heloísa Peres, destacou o papel central da enfermagem no sistema de saúde e a necessidade da reprodução dessa centralidade também no campo político, para que as pautas da profissão avancem. “Temos um poder intrínseco na nossa profissão, que vem sendo negligenciado. Somos a espinha dorsal da saúde e isso pode ser muito bem caracterizado quando fizemos nossa mobilização pelo piso. No entanto, nossa participação política ainda não é equivalente à nossa força”, abordou.
O primeiro-tesoureiro do Coren-SP, conselheiro Luciano Santos, representou os técnicos e auxiliares de enfermagem no evento. Ele destacou o papel central da política na vida de todos nós e a necessidade de, por essa razão, nos aproximarmos dela: “É importante estarmos dentro da política suprapartidária. Toda nossa vida passa pela política, pudemos vir isso há cerca de um ano atrás pela conquista do nosso piso salarial. Naquela ocasião, só conseguimos avançar porque houve uma conscientização política da nossa categoria”, afirmou.
A primeira palestra da manhã foi feita pelo segundo-secretário do Coren-SP, conselheiro Mauro Antônio Pires Dias da Silva, com o tema “Ética na Enfermagem: Princípios e Práticas”.
Em sua fala, o conselheiro abordou a importância do pensar no coletivo como fio condutor da atuação política. “Quando falamos em política, subentende-se que a enfermagem quer mais poder. O poder se dá pelo indivíduo, mas ele deve somar no coletivo”, explicou.
Outro ponto importante da fala do conselheiro foi em relação à importância da conscientização de enfermeiros, obstetrizes, técnicos e auxiliares de enfermagem sobre as relações de poder que perpassam a profissão. “A enfermagem foi instrumentalizada historicamente por aqueles que geral capital. Saúde gera grandes capitais e quem mantém esses grandes capitais é a enfermagem, que é uma mão de obra barata. Temos que estar mais conscientes dessas relações de poder estabelecidas para que possamos começar a pensar em atuar politicamente”, destacou.
Em seguida, o público foi brindado com a mesa-redonda “A Influência das Políticas Públicas na Prática da Enfermagem”, que teve a participação do primeiro-tesoureiro do Cofen, James Francisco dos Santos e da enfermeira e ex-deputada federal pelo Paraná, Rosane Ferreira. A mesa-redonda foi moderada pelo conselheiro Marcelo Carvalho da Conceição.
Rosane, que participou remotamente, contou um pouco do seu histórico na política e tratou de desfazer alguns mitos comuns. “Existe muita gente boa na política, muita gente que luta, que acredita e sabe que a política é o único caminho possível para a transformação, não é só bandido como dizem”.
James também destacou a necessidade de organização da enfermagem. “Somos a categoria que tem a maior capacidade de força, devido ao nosso tamanho e importância no sistema de saúde. É necessário apenas que nos organizemos”, explicou.
O seminário foi encerrado com uma mesa-redonda com o tema “Formação Política”, voltada a profissionais de enfermagem. Participaram da mesa Jorge Vianna, o conselheiro Ivan Santana e o deputado estadual e enfermeiro Gilmar Júnior, de Pernambuco, que também preside o Coren-PE.
“O profissional de enfermagem falar sobre política não é errado. Ou você fala de política e gosta de política ou será governado por quem gosta”, colocou Gilmar Júnior, que também deu algumas dicas de comunicação para profissionais que desejam percorrer o caminho da política. “Atualmente as redes sociais são nossa maior arma, pois atualmente há muito mais pessoas que são impactadas por essas redes do que pela televisão e outras mídias tradicionais”, afirmou.
Já Jorge Vianna, destacou a necessidade de liderança por parte do profissional de enfermagem que deseja entrar para a política. “Na minha opinião, aquilo que define se o profissional de enfermagem será eleito ou não é o fato de ele ou ela ser um líder da categoria. É dito que enfermagem não vota em enfermagem, mas acredito que enfermagem vote em líderes da enfermagem”, pontuou.
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