Cartilha sobre prevenção ao suicídio na população autista é traduzida por estudantes e profissionais de enfermagem de SP e MG
Estudantes e docentes das turmas de enfermagem da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) – Unidade Passos e pesquisadoras colaboradoras do Centro de Educação em Prevenção e Posvenção do Suicídio (CEPS) da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP) traduziram a cartilha “Prevenção do Suicídio na População Autista: Sinais de Risco e Recursos para Acolhimento” para língua portuguesa em ação voltada para o aprimoramento técnico das equipes de enfermagem na assistência especializada. A adaptação do material produzido por Lisa Morgan e Brenda Maddox, especialistas em Educação e Psicologia Clínica, traz considerações a respeito dos sinais de risco e boas práticas para assistência em enfermagem adequada à população neurodivergente com comportamentos suicidas.
A cartilha discorre sobre pontos de atenção para desenvolvimento das atividades atribuídas às equipes de enfermagem na atenção à população com autismo e comportamentos suicidas, importância da rede de apoio e legislações referentes à garantia de atendimento correto.
A comissão organizadora da publicação expôs que a publicação foi iniciada sob a justificativa da importância do debate sobre as questões que tangem o exercício da enfermagem na atenção à população neurodivergente. O primeiro capítulo da adaptação apontou a ciência do compromisso social das universidades públicas brasileiras como motivação para a adaptação do material. “Esperamos que o material possa contribuir na identificação precoce, nas informações sobre o acolhimento e, sobretudo, abrir diálogo científico e social sobre a importância da prevenção do comportamento suicida em pessoas com autismo”, comentaram os autores durante a apresentação da publicação.
A sessão sobre a exposição de conceitos básicos e diferenças entre autismo e comportamento suicida mostrou o processo diagnóstico de comportamento suicida como multifatorial e singular. O capítulo detalhou os procedimentos necessários para análise e identificação correta de comportamento suicida na população com TEA devem estar atentos às características específicas do espectro autista, que podem ser confundidas com atributos que compõem a personalidade de pessoas neurodivergentes.
Os dados levantados pela pesquisa apontam ameaças de ferimentos e/ou tentativas de morte, busca de maneiras, métodos e meios para o suicídio e escrita constante sobre morte, morrer ou suicídio como características comuns entre pessoas com comportamentos suicidas. Esses sintomas tendem a ser percebidos durante os primeiros contatos com profissionais de saúde e denotam a importância das equipes de enfermagem na atenção especializada, uma vez que enfermeiros técnicos e auxiliares de enfermagem representam a primeira interação profissional com pessoas com comportamentos suicidas e devem estar aptos para realizar o diagnóstico.
As metodologias para acolhimento de pessoas com autismo citam o diálogo com perguntas claras e poucas palavras, auxílio no direcionamento de pensamentos, tempo extra para processamento de informações e redução no uso de gírias, metáforas, nuances sociais e alegorias como uma ótima ferramenta para construir uma relação receptiva e respeitosa com
pessoas com TEA. A adoção das práticas de comunicação fortalece o relacionamento das equipes assistenciais e facilita que as atividades do tratamento sejam realizadas com êxito.
O último capítulo da cartilha se dirigiu à importância da ampliação do respaldo legal sobre pessoas neurodivergentes, da rede de apoio para a prevenção do suicídio e atuação dos programas de saúde mental do Sistema Único de Saúde (SUS). A parte final da cartilha cita a contribuição dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e a Lei 7.853/ 1989, primeira norma que assegura o apoio às pessoas portadoras de deficiência e sua integração social.
“As pessoas autistas são individualmente únicas, com diferentes forças e lutas ao longo do espectro do autismo e devem ser consideradas como tal. Não compreender um sinal de alerta de suicídio em uma pessoa com autismo pode ter consequências importantes. Reagir e intervir sem compreender completamente o que a pessoa autista está vivenciando também pode ser traumático e prejudicial”, destacaram os autores.
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