Março Azul Marinho – Mês de Prevenção do Câncer Colorretal

Condições traumáticas ou patológicas podem levar à necessidade da confecção de uma estomia intestinal ou urinária.

A partir da confecção desta estomia, uma nova oportunidade de vida é oferecida, onde a continuidade de suas atividades diárias deve ser, preferencialmente, com qualidade e independência.

Acredita-se que viver com estomia seja um grande desafio para a maioria das pessoas, que necessitam de cuidados, informações, capacitação e atenção especializados por parte dos profissionais de saúde, suprir as necessidades assistenciais e educação para o autocuidado.

Nesse contexto, a equipe de enfermagem desempenha um importante papel frente aos processos de mudanças no viver da pessoa com estomia, devido ao conhecimento técnico-científico e envolvimento desde o diagnóstico, passando pelo pré, intra e pós-operatórios, e permanecendo no acompanhamento ambulatorial, ações de educação em saúde e promoção do autocuidado.

Segundo o “Consenso Brasileiro de Cuidados às Pessoas Adultas com Estomias de Eliminação 2020”, as orientações relacionadas ao autocuidado devem iniciar no período pré-operatório e se estender até o pós-operatório tardio, proporcionando maior segurança a pessoa e familiares, favorecendo a compreensão da nova condição, a independência, a autoestima e contribuindo para diminuição do nível de ansiedade e melhor qualidade de vida.

As pessoas com estomias de eliminação perdem o controle da eliminação de suas fezes e gases, isso constitui um impacto emocional negativo, alteração da percepção corporal, da autoimagem e autoestima. Eles podem ter sua qualidade de vida prejudicada e passam a conviver com inúmeros impactos, como insegurança, medo, rejeição social, vergonha e inquietação.

O autocuidado representa um desafio àqueles que convivem com as estomias de eliminação, pois muitas vezes pode significar perda de autonomia na rotina de vida. Acredita-se que inicialmente não é fácil e o enfrentamento destas alterações pode gerar isolamento e depressão. Com o passar do tempo, novas alternativas devem ser apresentadas, e no decorrer das experiências diárias a pessoa com estomia irá estabelecer rotinas que facilitam o autocuidado. Essas adequações devem ser entendidas como novos rearranjos que farão parte da saúde física e mental da pessoa, evitando frustrações e complicações.

A Enfermagem em Estomaterapia está presente no processo para o autocuidado das pessoas com estomias, atuando diretamente junto a elas ou atuando na capacitação de profissionais de saúde pertencentes a equipe multiprofissional para que seja oferecida uma assistência segura e de qualidade.

A Missão da Estomaterapia é estar presente junto às pessoas com estomias em suas dificuldades, ansiedades, dúvidas e lutas durante esta caminhada. Sendo assim, a Sobest incentiva continuamente a campanha “Eu mereço um Estomaterapeuta”.

1- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada em Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática. Guia de atenção à saúde da pessoa com estomia / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Especializada em Saúde, Departamento de Atenção Especializada e Temática. – Brasília: Ministério da Saúde, 2021.
2 – Mota MS; Gomes GC; Petuco VM. Repercussions in the living process of people with stomas. Texto & Contexto – Enfermagem [online]. 2016, v. 25, n. 1 [Accessed 23 February 2022], e1260014. Available from: <https://doi.org/10.1590/0104-070720160001260014>.
3 – Consenso Brasileiro de Cuidado às Pessoas Adultas com Estomias de Eliminação 2020 organizadores Maria Angela Boccara de Paula, Juliano Teixeira Moraes. — 1. ed. — São Paulo: Segmento Farma Editores, 2021.
4 – Freire DA, Angelim RCM, Souza NR, Brandão BMGM, Torres KMS, Serrano SQ. Self-image and self-care in the experience of ostomy patients: the nursing look. REME – Rev Min Enferm. 2017.[Acesso em: 23 de fevereiro de 2022];21:e-1019. Disponível em: DOI: 10.5935/1415-2762.20170029
5 – Silva AL; Vieira ABD; Moraes RHG; Mazoni SR; Kamada I. Subjetividades e desafios de pessoas convivendo com estomia intestinal. ESTIMA, Braz. J. EnterostomalTher., 2021, 19: e1721

Ivan Rogério Antunes
Graduado em Enfermagem pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Especialista em GERIATRIA e ESTOMATERAPIA pela Universidade Estadual de Campinas “UNICAMP”, Membro pleno e Secretário interino da Sociedade Brasileira de Estomaterapia – SOBEST®