Enfermeira de Várzea Paulista conta como socorreu crianças feridas na tragédia de Capitólio

No último sábado, 8/1, uma tragédia ocorrida em Capitólio (MG) comoveu o Brasil. O desabamento de um paredão de rochas em um cânion nas margens do lago da represa de Furnas matou 10 pessoas e deixou ao menos 32 feridos.

A tragédia poderia ter sido pior se não fosse pela atuação de uma enfermeira paulista: Jane de Freitas, 46, enfermeira há 12 anos. Jane é servidora da Prefeitura Municipal de Várzea Paulista e estava no lago a passeio no momento do acidente.

Ela conta que escapou da tragédia por pouco: “Estávamos eu e um grupo de amigos em uma lancha, um pouco afastados dos cânions, pois um amigo havia pedido para usar o banheiro antes de chegarmos, o que fez com que nossa se atrasasse por pelo menos 10 minutos. Assim que chegamos na entrada do cânion já havia algumas embarcações paradas e pediram para que fôssemos embora pois havia ocorrido um acidente”.

A enfermeira Jane de Freitas, de Várzea Paulista, durante o resgate das vítimas

Uma decisão de momento de Jane foi então fundamental: “Foi aí que me identifiquei como enfermeira e falei com o barqueiro que nos conduzia que eu queria ficar para ajudar as vítimas. Pedi para ele chegar um pouco mais perto do local de acidente e avistamos umas crianças feridas que estavam em um jet-ski”.

A profissional então se apressou a socorrer a criança: “Ele estava com a perna bastante machucada, com lesão na coxa e trauma no músculo. Não deu para saber se havia fratura ou não”. Jane avistou então uma segunda criança e colocou as duas no seu barco.

“Nós seguimos com essas crianças tentando controlar o estado emocional deles. Fomos então para um restaurante flutuante e coloquei as crianças deitadas. Chegando lá, havia outras quatro crianças. Calculo que auxiliei umas seis ou sete pessoas”, afirmou.

A principal dificuldade na assistência às vítimas foi a falta de materiais de primeiros-socorros. “Faltou estrutura de primeiros-socorros. Não havia kits nem nas embarcações nem no restaurante. Depois de um tempo chegou uma lancha com um pequeno kit, tive improvisar e cortar ataduras para dividi-las entre o maior número de pessoas. Também cuidei para que ninguém tivesse hipotermia”, conta Jane.

Após alguns dias do ocorrido, Jane contou que trouxe uma lição do acidente: “fica como um alerta, para que todos nós, profissionais de saúde, tenhamos kits de socorros sempre às mãos.  No meu carro eu tenho, mas em um passeio a gente não costuma pensar em levar. Também liguei para um conhecido meu que é de Capitólio e pedi para que ele recomendasse que todas as embarcações passem a carregar material de primeiros-socorros”.