Semana da Enfermagem 2021: eventos discutem ética e enfermagem em tempos de crise

 A programação científica da Semana da Enfermagem 2021 do Coren-SP continuou na última sexta-feira, com palestras no período da tarde e à noite.
À tarde, a conselheira Ana Paula Guarnieri moderou a palestra “Aspectos Éticos Relacionados à Profissão de Enfermagem”, ministrada pela conselheira coordenadora das Comissões de Ética de Enfermagem do Coren-SP, Ivete Trotti.

Conselheiras Ana Paula Guarnieri e Ivete Trotti durante a palestra sobre ética

Ivete falou sobre a ética profissional que permeia todos os aspectos da enfermagem. No início da atividade, a conselheira deu uma dica prática sobre como determinar se devemos ou não fazer algo. “Podemos aplicar um filtro triplo, nos perguntando antes de cada ação: Quero fazer isso? Devo fazer isso? Posso fazê-lo? Se a resposta for ‘não’ a qualquer uma dessas três perguntas, é melhor nos abstermos de realizar a ação em questão”, pontuou.

Ivete também abordou um tópico bastante atual: a utilização ética das redes sociais por profissionais de enfermagem. “Devemos divulgar bons conteúdos, criar postagens úteis, fazer networking, nos comunicar com contatos pessoais e influenciar positivamente as pessoas. Por outro lado, há coisas que não devemos fazer nesses meios de comunicação, como falar mal dos outros, fazer postagens com discursos de ódio e desabafar problemas pessoais ou financeiros”, orientou.

No período noturno, a Semana da Enfermagem 2021 continuou com a mesa-redonda “Estratégias para a continuidade do cuidado de Enfermagem em tempos de crise”, moderada pela enfermeira Daiana Bonfim.

Palestrantes da mesa “Estratégias de continuidade do cuidado em tempos de crise”

A primeira expositora da mesa-redonda foi a enfermeira Adriana Dias, coordenadora do Grupo de Enfrentamento à Morte Materno-infantil da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo. Ela falou sobre o tema “Enfrentamento à Morte Materna e Infantil” e sua experiência com um grupo de trabalho dedicado a esse enfrentamento na Secretaria de Saúde.

Com o advento da pandemia da Covid-19, Adriana viu a rede de assistência materno-infantil da Secretaria em um momento delicado e o grupo começou a utilizar as novas tecnologias a seu favor: “Com a declaração da pandemia, ficamos em dúvidas sobre o que iríamos fazer. Nossa opção foi adaptar nossa forma de atuar, tivemos a possibilidade de ampliar nossa capacidade de comunicação por meio de plataformas digitais, então ampliamos nosso grupo de trabalho e a proposição foi para que pudéssemos trabalhar em rede”, afirmou a profissional.

A segunda palestrante da noite foi Débora Rebollo Campos, enfermeira do Hospital de Amor de Barretos. Ela também trouxe a experiência de continuidade do cuidado durante a pandemia, com foco nos pacientes de oncologia pediátrica. Uma das ações positivas adotadas pelo Hospital de Amor, durante a pandemia, foi a disponibilização em formato online de um curso que a entidade já oferecia presencialmente.”Dentro do contexto da tecnologia, da pandemia e da oncologia pediátrica, uma de nossas reinvenções foi um curso anual que nossa instituição oferece gratuitamente para os profissionais médicos e enfermeiros da rede básica do Brasil todo com conceitos sobre oncologia pediátrica. Defendemos que a ponta da assistência seja altamente capacitada para fazer os encaminhamentos corretos dos pacientes para o cuidado especializado”, contou Débora.

A expositora Maria Amélia Zanon Ponce, Coordenadora do Programa de DST/Aids da Secretaria de Saúde de São José do Rio Preto, também participou de medidas de continuidade do cuidado durante a pandemia em sua região. Ela contou como os profissionais de enfermagem tiveram um papel preponderante nessa adaptação para a nova situação: “Quando falamos para a enfermagem que temos que reconstruir e pensar novamente, eles são os primeiros a falar ‘conte comigo’, e trazem novas ideias”.

A mesa-redonda foi finalizada por Anderson da Silva Rosa, Pró-reitor de Assuntos Estudantis no Departamento de Saúde Coletiva da Escola Paulista de Enfermagem (EPE) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ele falou sobre o impacto nos tempos atuais na assistência à população de rua, população LGBTQIA+ e pacientes psiquiátricos. Anderson trouxe o conceito de marcadores sociais que influenciam no perfil de saúde e doença de determinados grupos. “Entender a complexidade que envolve as relações humanas, as relações políticas e sociais que temos no nosso país, é fundamental para que nosso cuidado seja prestado da maneira como se deve. O conceito que eu queria trazer é o conceito do marcador social, que são características sociais e raciais que caracterizam determinada pessoa”, explicou.

Sobre a Semana da Enfermagem 2021

Com programação científica feita em parceria entre o Coren-SP e a ABEn-SP, a Semana da Enfermagem de 2021 será transmitida online nos períodos diurno e noturno, contemplando, de forma inédita, todos os enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, independentemente do período no qual trabalham. As inscrições para as atividades são gratuitas e já estão disponíveis no site do Coren-SP.

Além das atividades de aprimoramento profissional, a Semana da Enfermagem 2021 será o momento de lançamento da campanha Maio Verde Esmeralda, de valorização do trabalho da enfermagem. A campanha lembrará do papel preponderante dos enfermeiros, obstetrizes, técnicos e auxiliares de enfermagem no acesso da população à assistência em todos os momentos da história, focando em situações de desastres, pandemias e guerras, e com o propósito de homenagear os profissionais, enfatizando a importância da categoria para a saúde da população, colocando em pauta todas as lutas por mais reconhecimento, valorização e principalmente melhores condições de trabalho.