Semana da Enfermagem 2021 traz palestras sobre novas tecnologias e politização

O segundo dia de programação científica da Semana da Enfermagem 2021 do Coren-SP e ABEn-SP teve início na tarde desta quinta-feira (13/5), com a mesa-redonda “Tecnologias para Gestão e Assistência de Enfermagem: Experiências Inovadoras”, moderada pelo conselheiro Vinícius Batista Santos.

A primeira palestra da noite foi feita pelo enfermeiro Rodrigo Jensen, professor assistente no Departamento de Enfermagem da Faculdade de Medicina de Botucatu, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Rodrigo trouxe à pauta o tema “Processo de Enfermagem na Atenção Primária à Saúde – aplicativo CIPE-APS”, com o relato de experiência do desenvolvimento de um aplicativo para auxiliar os enfermeiros a utilizarem a Classificação Internacional de Processo de Enfermagem (CIPE) – uma forma de padronização da nomenclatura utilizada em consultas de enfermagem.

Componentes da mesa-redonda “Tecnologias para gestão e assistência de enfermagem: experiências inovadoras”

“Atualmente já temos mais de um smartphone por habitante no Brasil. Resolvemos tudo pelo celular, então por que não disponibilizar esse material pelo aplicativo que os profissionais já utilizam no seu dia a dia?”, indagou quando apresentou o projeto.

Rodrigo destacou que a tecnologia ainda traz a vantagem de permanecer sempre atual: “Uma coisa interessante é que o recurso tecnológico não se encerra quando temos o produto final, porque temos a fase de implementação dessa tecnologia e da atualização que precisa ser constante”, esclareceu.

Na sequência, a segunda apresentação da tarde foi da professora Heloisa Helena Ciqueto Peres, Professora Titular da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP). Heloisa trouxe um assunto que complementou bastante o tema abordado por Rodrigo: “Sistema de Apoio à Decisão Clínica: Classificações NNN e a Prática Baseada em Evidências”.

Heloisa tratou sobre o sistema de classificação Nanda/Nic/Noc e destacou bastante o papel do uso da tecnologia nas anotações de enfermagem. “Comparado com o documento em papel, o registro eletrônico possui dados mais claros, legíveis e que se prestam a codificadores para análises, utilização e implementação de políticas de saúde. Já há vários estudos caminhando para que se elimine o desperdício, melhore a qualidade do dado e que se recupere essas anotações para o ensino e a ciência”, colocou.

A terceira palestra da mesa ficou por conta de Elizabete Mitsue, Head de Práticas Assistenciais Corporativa na DASA, uma rede privada de saúde integrada, com o tema “Sistemas Inteligentes para Apoio na Gestão de Enfermagem e na Coordenação do Cuidado”.

Elizabete tratou bastante sobre o valor gerado pela prática assistencial, chamada de “saúde baseada em valor”. Ela discutiu como a tecnologia e a gestão de saúde por sistemas inteligentes pode aumentar o valor da assistência, ou seja, aumentar sua eficiência sem aumentar o custo ou utilização de mais recursos.

“A pandemia demonstrou que efetivamente a interação tecnológica na saúde é efetiva e temos muitos trabalhos publicados sobre isso”, destacou Elizabete, que também trouxe o exemplo da navegação do paciente auxiliada por sistemas inteligentes. “Dentro desse sistema, o enfermeiro tem muita autonomia para a tomada de decisão e encaminhamentos desse paciente, com a vantagem de ter em tela todo o histórico do paciente,desde que entrou nesse programa”, explicou.

No período da noite, a Semana da Enfermagem 2021 trouxe à tona um tema de grande importância, com a palestra “Representatividade Política na Enfermagem”, moderada pelo segundo-secretário do Coren-SP, Mauro Antônio Pires Dias da Silva, e realizada por Renata Pietro, enfermeira especialista em terapia intensiva e ex-presidente do Coren-SP.

O moderador Mauro Silva e a palestrante Renata Pietro discutem a representatividade política na enfermagem

Renata falou sobre a importância da conscientização política dos profissionais de enfermagem para que consigam, como categoria fortalecida, mudanças positivas e melhores condições de trabalho.

“Não dá para termos mais esse discurso de ódio dentro da nossa profissão. Precisamos construir um cenário sólido e isso é união da categoria, precisamos ser mais unidos e fazer cada vez mais com que nossa profissão seja vista e valorizada”, destacou Renata, enfatizando a união como condição necessária para a mobilização política dos enfermeiros, obstetrizes, técnicos e auxiliares de enfermagem.