Saiba mais sobre a atuação do enfermeiro em genética e genômica

A enfermagem em genética e genômica atualmente é uma especialidade, contando, inclusive, com uma sociedade de especialistas dedicada à titulação na área. Mas nem sempre foi assim: o desenvolvimento dessa especialidade foi um longo processo.

A atuação do enfermeiro em genética e genômica no Brasil começou em 1988, quando foi iniciado o aconselhamento genético de gestantes em idade avançada. Dez anos depois, a Isong (International Society of Nurses in Genetics) lança pela primeira vez diretrizes norteadoras para o trabalho do enfermeiro na área, estabelecendo níveis de competência.

Em 2000, duas enfermeiras começaram a trabalhar com pesquisa em oncologia e no estabelecimento do Registro de Câncer Familiar do Departamento de Oncogenética do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo. Em 2002, foi criado o serviço de Aconselhamento Genético Reprodutivo da Universidade Federal de São Paulo, coordenado por uma enfermeira. Também foi criada uma sociedade para enfermeiros da área e o primeiro congresso científico para enfermeiros em genética e genômica. No entanto, essas iniciativas acabaram se perdendo com as dificuldades enfrentadas ao longo dos anos.

Recentemente, houve grandes transformações na profissão, com avanços no conhecimento sobre genética e genômica. A Resolução nº 468/2014 do Conselho Federal de Enfermagem reconheceu a atuação do enfermeiro em Aconselhamento Genético e a Resolução nº 570/2018 reconheceu a enfermagem em genética e genômica como especialidade.

Em 2015 foi criada a Sociedade Brasileira de Enfermagem em Genética e Genômica (SBEGG), que desde então já realizou cinco congressos e um encontro na área. Em 2020, mais um marco: a titulação dos dez primeiros enfermeiros especialistas em genética e genômica do Brasil.

Essa caminhada foi árdua, pois não encontrava parceiros com conhecimento específico em enfermagem para colaborar com a construção da atuação da especialidade. Houve, no entanto, a parceria de profissionais médicos que estavam dispostos a trabalhar no formato multidisciplinar e com o entendimento de que o enfermeiro poderia fazer genética e genômica baseado em modelos utilizados nos Estados Unidos.

O desbravamento dessa área pelos enfermeiros ocorreu no dia a dia, mostrando a capacidade de organização que o enfermeiro tem, seu conhecimento científico e a vontade de aprender. Na medida em que tudo isso foi ficando mais claro, tudo foi se naturalizando aos poucos, sobretudo pela evidência da vantagem de se ter um enfermeiro no serviço de Aconselhamento Genético. Na medida em que se entende a atuação do enfermeiro nessa área, o trabalho desses profissionais vai se inserindo cada vez mais no contexto da equipe multidisciplinar.

Os profissionais de enfermagem que buscam essa especialidade devem entender que é um mercado que está em ascensão. Atualmente há um programa chamado Genomas Brasil, com vários desdobramentos, sendo o principal deles  demonstrar a integração da genética e da genômica no cuidado e saúde. Cada vez são mais necessários profissionais capacitados para traduzir e interpretar a genética para o paciente. Trata-se de uma especialidade que tem grande capacidade para absorver mais profissionais de enfermagem, mais necessários do que nunca – desde que estejam dispostos a procurar continuamente por mais conhecimento.

Conheça a Sociedade Brasileira em Enfermagem em Genética e Genômica