Covid-19: profissionais de enfermagem contam experiência como voluntários nos testes da vacina
Atualmente, estão sendo testadas no Brasil quatro potenciais vacinas contra a Covid-19: a vacina CoronaVac, fruto da parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica chinesa Sinovac; a vacina da Universidade de Oxford, em parceria com a farmacêutica britânica AstraZeneca; a vacina da americana Pfizer, em parceria com a BioNTech e a vacina belga do laboratório Janssen-Cilag.
Milhares de brasileiros, trabalhadores da área da saúde, estão se voluntariando para os testes e estudos de desenvolvimento das vacinas, prestando um serviço inestimável para a sociedade. Os estudos estão em sua fase final.
Profissional de enfermagem há 23 anos e conselheiro do Coren-SP na gestão 2021-2023, o enfermeiro Sérgio Aparecido Cleto é um dos voluntários que participaram dos estudos da vacina CoronaVac.
Sem saber se recebeu a vacina ou um placebo, Sérgio tem retornos semanais on-line e presenciais trimestrais com os pesquisadores que estão desenvolvendo o imunizante. “Tenho um anseio grande que muito em breve não apenas esta, mas várias outras vacinas possam estar disponíveis e acessíveis a todos. Assim poderemos ter de volta um pouco dos relacionamentos e atividades que perdemos ou deixamos de fazer”, espera ele.
Outra profissional que está participando como voluntária dos estudos é a enfermeira Jane Cristina Dias Alves. Gerente de Enfermagem da UTI do Hospital São Paulo, instituição onde trabalha desde 2003, Jane é voluntária nos estudos da vacina da Universidade de Oxford/AstraZeneca.
Ela tem grandes esperanças de que os imunizantes contra a Covid-19 em breve consigam derrotar a doença e fazer com que a vida retorne à normalidade. “As expectativas são muito positivas, pois presenciamos nas ações deste grupo de estudo muita seriedade e comprometimento em todas as medidas e cuidados tomados com cada um de nós, voluntários, seja no atendimento ou em esclarecer dúvidas”, conta.
Como alguém que lida diretamente com pacientes da Covid-19 na UTI onde trabalha, Jane conta que o contato direto com a pandemia a fez ver alguns aspectos da vida de forma diferente. “Passamos a valorizar pequenas coisas de nossa rotina que não valorizávamos, como um passeio no parque e até conhecermos melhor nossas emoções e nossa espiritualidade. A necessidade de adaptação e de planejamento foram pilares que provavelmente não serão esquecidos”, afirma.
A enfermeira Mônica Aparecida Calazans, que trabalha no Hospital Emílio Ribas, também se voluntariou para os testes da vacina CoronaVac. Ela conta que já tomou as duas doses e não teve nenhum tipo de reação. “Sou monitorada periodicamente. Além disso, há um canal do WhatsApp pelo qual entram em contato semanal comigo”, explica.
Ela também está otimista com a vacina. “Eu acredito que vai dar certo. Precisamos da vacina para voltar à vida normal”, diz Mônica, que vê seu trabalho voluntário nos testes da CoronaVac como um serviço aos seus semelhantes: “É uma forma de ajudar a humanidade. Vou tomar a vacina e se der certo o meu nome estará lá como participante da pesquisa da vacina, será um orgulho”.
A dedicação e o empenho que os profissionais de enfermagem têm demonstrado na linha frente do combate à pandemia é a mesma que se evidencia no voluntariado relacionado às pesquisas de novas vacinas. “A necessidade de adaptação e de planejamento que estão sendo demonstrados durante a pandemia são pilares que provavelmente não serão esquecidos, assim como o trabalho em equipe sem medir esforços”, finaliza Sérgio.