Enfermeira escreve artigo sobre a invisibilidade das mulheres negras na profissão

Autora do artigo “Mulheres Negras e realidade da enfermagem no Brasil”, a enfermeira Alva Helena de Almeida, especialista em saúde pública e doutora em ciências, atuou por 11 anos na área assistencial. Realizou cursos de especialização em urgência e emergência no exterior, participou de congressos internacionais sobre traumas, com apresentação de trabalho no Brasil e na Argentina.

Enfermeira especialista em saúde pública, Alva Helena de Almeida

O artigo da enfermeira Alva trata sobre a invisibilidade das profissionais negras na historiografia da enfermagem brasileira, na mídia, nas publicações científicas e a manutenção majoritária dessas profissionais na base da pirâmide ocupacional da enfermagem e do setor saúde. “Essa invisibilidade é injusta, desrespeitosa e veicula uma falsa identidade profissional, que não reconhece a contribuição de todos os grupos raciais e sociais que compõe a sociedade brasileira”, avalia.

Em seu trabalho, ela aponta dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) de 2016, destacando que a população negra, somatória de pretos e pardos, constitui 54,9% frente a 44,2% da população branca no país. 

Outra questão levantada pela enfermeira é em relação ao perfil dos profissionais de enfermagem, de acordo com a pesquisa realizada em 2017 pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). Os dados apontam que, dos 1.804.535 profissionais pesquisados,  85,1% são mulheres, 23% são enfermeiros, 77% são técnicos e auxiliares, 53% são negras, 42% brancas e 0,6% indígenas. 

“Segundo estudos e pesquisas, quando confrontamos o quantitativo de profissionais pesquisados e sua distribuição por raça e escolaridade, contata-se que 57,4% são trabalhadoras negras do nível médio, sob o comando de 57,9% de enfermeiras brancas”, destaca Alva.

Do ponto de vista histórico, a profissional avalia que durante o Brasil colonial (1500-1822), coube às mulheres pretas e pardas as práticas de cuidados e curas, chamadas de “cultura dos cuidados”. Estudos apontam que houve intensa participação de mulheres negras como parteiras, amas de leite, domésticas, babás e mães pretas. Entretanto, o processo de profissionalização em meados de 1860 lhes negou o espaço para atuação.

Leia aqui o artigo “Mulheres Negras e realidade da enfermagem no Brasil” na íntegra.