Enfermagem do Hospital Mário Gatti realiza projeto de visitas virtuais para familiares de pacientes com Covid-19

O Hospital Mário Gatti, em Campinas, desenvolveu um projeto para aproximar os familiares que, infelizmente, não podem estar pessoalmente ao lado de seus entes queridos, contaminados pela Covid-19.

As visitas virtuais tiveram início após a enfermeira e coordenadora de enfermagem da instituição, Ivani Genghini Nicoletti, testar positivo para coronavírus, no dia 12 de maio. Durante o período de internação, ela diz que recebeu um vídeo de sua equipe, em que todos expressavam palavras de carinho e entusiasmo pela sua recuperação.

Enfermeira e coordenadora de enfermagem do Hospital Mário Gatti, Ivani Genghini Nicoletti

“Cada pessoa da minha equipe reproduzia uma fala de carinho, o que foi muito interessante naqueles dias de isolamento. A ideia inicial do vídeo foi da minha estagiária Ludmila, que está no último ano da graduação”, diz.

Ao retornar do isolamento, a enfermeira pensou em desenhar um projeto para atender os pacientes que não podiam receber visitas. Segundo ela, sua equipe começou a confeccionar folders para envolver os familiares e chamar a atenção para a iniciativa.

“Quando os familiares vinham até o hospital para receber notícias, estavam fazendo aglomeração. Então pensei em entregar os folders e criar um e-mail exclusivo para receber os vídeos das famílias para seus entes queridos. Os tablets que usamos na educação continuada também foram utilizados. Assim, levávamos os vídeos da família até o paciente internado na UTI e filmávamos a reação dele”, explica.

Ivani ainda ressalta que o vídeo apresentado ao paciente deve ser feito com o celular na posição horizontal, com duração máxima de dois minutos e, também, podem ser gravados dois vídeos por paciente e por semana. Depois da gravação, ele deve ser encaminhado por e-mail com o nome completo do paciente que irá receber. Os vídeos são apresentados de terça e quinta-feira.

Paciente recebendo mensagem da família durante a visita virtual

A ação ainda se torna exclusiva para aqueles que não possuem celular ou têm dificuldades para manuseio. “Mandamos os vídeos também para os pacientes entubados, pois entendemos que a audição é o último sentido que perdemos. Tivemos casos de pacientes que morreram, mas, ainda assim, ouvimos o relato das famílias de como foi importante poder se despedir por vídeo”, diz.

Do outro lado da assistência

Após ser diagnosticada com Covid-19, Ivani explica que a experiência em estar do outro lado da assistência foi desesperadora. A profissional conta que a maioria das ações eram gerenciadas por ela junto com a sua equipe.

“Eu queria estar de volta para continuar. Os sintomas que senti foram dor de cabeça, falta de apetite e muita dor no corpo. Até pensei que estava com dengue. Mas o medo de morrer imperava só de pensar nos casos graves, e que poderia ser o meu também. Sinto falta do meu filho que não vejo desde o carnaval”, declara.

Para a enfermeira, é muito emocionante ver o paciente recebendo informações e o carinho de suas famílias. “Filmar a sua reação e devolver para quem está em casa ansioso por uma notícia vai além da técnica e assistência. É ser solidário, empático e humano”.

Equipe de profissionais do Mário Gatti

Confira o vídeo de uma das visitas virtuais que acontecem na instituição: