Coren-SP se une a outros órgãos em carta ao MP/SP em favor da quarentena em Marília

Os órgãos oficiais de saúde, como a OMS, são unânimes em afirmar que a única forma plausível de contenção da pandemia do Novo Coronavírus é o isolamento social.

Alinhado com a opinião de autoridades no assunto como a Congregação da Faculdade de Saúde Pública da USP, com 102 anos de história, o Coren-SP e outras entidades manifestaram-se, por meio de uma carta endereçada ao Ministério Público do Estado de São Paulo contra as medidas adotadas pela prefeitura de Marília, que ordenou a reabertura do comércio, das igrejas e do transporte público na cidade.

“É necessário o isolamento social, as pessoas precisam ficar em casa. Sabemos que vivemos uma situação difícil, mas cabe aos Governos, em tempos de crise, suprir as necessidades econômicas da Nação, do Estado e do Município, evitando sofrimento social da população”, diz a carta.

Pelo Coren-SP, o documento foi assinado por Renata Pietro, presidente do conselho.

A petição foi assinada também por muitas outras entidades, como o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Marília, a Associação Paulista de Saúde Pública (APSP), o Núcleo Regional de Saúde Pública de Marília (NURSP), o Conselho Municipal de Saúde de Marília (COMUS), a Associação Paulista de Medicina (APM) – Regional Marília e outros.

“Acho de grande importância a manifestação da categoria [da enfermagem], pois são a linha de frente e nossa maior preocupação nesse momento”, reiterou Tereza Machado, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Marília (COMUS).

A enfermeira Nayara de Fátima Mazini Ferrari, uma das idealizadoras da carta, falou um pouco sobre o início do movimento: “Ele iniciou pela mobilização do Coletivo de Mulheres Marília do qual eu e a psicóloga Camila Mugnai Vieira fazemos parte. O Dr Gilson Caleman, médico sanitarista, partilhando do mesmo sentimento de indignação quanto a postura de risco assumida pelo prefeito, teve a iniciativa de escrever a carta expressando com dados científicos a necessidade de manter-se ações adequadas para a preservação da vida, em proteção da população”, explicou. 

Ela conta que a partir daí, entraram em contato com entidades como ONGs, associações, líderes comunitários, conselhos, sindicatos, universidades e outros.

“Houve então um movimento muito importante dentro dos diversos grupos debatendo as consequências e implicações sobre o tema, passando inclusive pelo medo das entidades de manifestar-se e perder recursos. Foram dois dias de intensas discussões para assumir um posicionamento. O resultado foi muito positivo, a adesão foi incrível e agora sim tínhamos uma representatividade legítima da nossa população, dos profissionais que estão na linha de frente e do SUS”, comemorou Nayara, que é servidora pública estadual. 

Ela destaca também que a Defensoria Pública também apoiou o documento elaborado.

“Os dois Promotores, representando a expressão da sociedade, entraram com uma Ação Civil Pública que culminou em determinação judicial. O judiciário agiu de forma assertiva, por meio de delimitação de várias ações impostas à Administração Pública, orientadas ao monitoramento pelo MP e planejamento pelas instituições de Saúde competentes. Foi uma vitória do controle social, um ganho para a população fragilizada e vulnerabilizada por uma gestão tendenciosa! A vivência mais significante de todo esse processo foi sentir as pessoas agindo por solidariedade, pela dignidade dos mais vulneráveis, a proteção da coletividade, exercendo sua cidadania em nome de um bem maior, a vida!”, finalizou Nayara em seu depoimento.

Confira abaixo a íntegra da carta assinada pela presidente do Coren-SP e uma cópia do documento com todos os signatários:

Carta ao Ministério Público do Estado de São Paulo – Coren-SP

Carta ao Ministério Público do Estado de São Paulo – Todos os signatários

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