Enfermeira desbrava caminhos da enfermagem no município de Matão entre os anos 80 e 90

Natural de Atibaia, a enfermeira Denise Paolinetti da Camara Minelli sempre se interessou pela área da saúde. A princípio, ela queria ser médica, mas migrou para enfermagem por causa da irmã mais velha de uma amiga, que na época trabalhava na Santa Casa de Araraquara e lhe serviu de inspiração.

A enfermeira Denise Paolinetti da Camara Minelli

“Eu cursei o ensino médio junto com técnico de enfermagem e também realizei um curso de instrumentação cirúrgica em Araraquara. Meu primeiro emprego foi no Hospital Oncológico Amaral Carvalho de Jaú e, após um ano trabalhando lá, foi anunciada a primeira turma da faculdade de enfermagem e obstetrícia. Não pensei duas vezes, prestei vestibular e fui aprovada em 4° lugar”, conta.

Ainda cursando a faculdade, Denise chegou a trabalhar no Hospital Geral de Jaú, por onde ficou por quatro anos, e após um ano de formada, pediu demissão em março de 1988 para ir trabalhar no Hospital Geral de Matão, instituição que permanece até hoje.

Segunda a enfermeira, o hospital de Matão estava em expansão, então um grupo de empresários denominado GEMA, decidiu investir no hospital construindo um moderno centro cirúrgico. Entretanto, eles precisariam de uma enfermeira com experiência na área, logo, Denise, viria fazer parte do grupo.

“Fiquei muito motivada e percebi que o hospital tinha futuro para crescer muito. Logo que iniciei minhas atividades, fui chamada para assumir um concurso publico estadual que havia prestado e sido aprovada para trabalhar no SUDS (hoje SUS), não pensei duas vezes e abri mão do cargo burocrático para permanecer onde estou até hoje e nunca me arrependi.  Em 1990, quando a gerente de enfermagem passou num concurso municipal em Araraquara, fui convidada pela diretora a assumir o lugar dela”, diz.

Enfrentando os desafios

Ao assumir o cargo de gerência, Denise também teve que lidar com os desafios, já que o município não tinha cursos de enfermagem. A maioria dos funcionários era prático, chamados de atendentes de enfermagem. A profissional relembra que, na época, decidiram impor algumas exigências para novas contratações, como, por exemplo, os candidatos terem o ensino fundamental completo, estarem aptos a frequentar cursos profissionalizantes de auxiliar de enfermagem.

Começaram a anunciar nas rádios cursos de atendentes de enfermagem para montarem um banco de candidatos com um mínimo de formação. “Começamos esse trabalho quando eu ainda era enfermeira responsável pelo centro cirurgico, eu dava a parte teórica e outras enfermeiras a parte prática. Muitos desses candidatos são enfermeiros e alguns ainda trabalham na instituição até os dias atuais”, destaca.

Não demorou muito e o Coren-SP passou a exigir a profissionalização dos atendentes de enfermagem e, com apoio do governo em parceria com sindicatos da saúde, foram criados cursos de Auxiliar de Enfermagem, a principio com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) denominados “Projeto Educação em Saúde”. Denise atuou como professora, supervisora e coordenadora. “Muita coisa começou a mudar, o que parecia impossível se transformou em realidade. Todos se profissionalizaram e após um tempo, o Centro Paula Souza ingressou com curso de Auxiliar e Técnico em Enfermagem na cidade, sendo hoje, a maior formadora de mão de obra para o Hospital”.

Fazendo parte da expansão do hospital

Em 1992, logo após a inauguração do novo bloco, o grupo GEMA se desfez e o hospital passou a caminhar com seus próprios recursos, permanecendo somente alguns dos empresários, de forma voluntária, no conselho administrativo e na diretoria executiva. Um deles permanece até os dias de hoje.

Em janeiro de 2009, Denise deu um grande passo em sua carreira: aceitou o convite para assumir a administração geral do hospital, ocupando hoje  a função de superintendente.  Isso foi e tem sido um grande desafio em sua vida pessoal e profissional, segundo ela.

Participou ativamente de importantes aquisições de novos serviços no hospital.  Em 2010, foi inaugurada a UTI neonatal, para reduzir  a alta taxa de mortalidade infantil na região. Posteriormente foram criadas as alas de hemodiálise , hemodinâmica, ala de oncologia, litotripsia, câmara hiperbárica e uma UTI com 18 leitos. Soma-se também a essas conquistas  a modernização dos serviços de imagem e do laboratório de análises clínicas, casa da gestante, maternidade de alto risco, alta complexidade em ortopedia, inclusão de leitos psiquiátricos, centro de ensino e pesquisa, residência medica, partindo para hospital de ensino.

Para Denise, a sua formação como enfermeira, o seu amplo conhecimento técnico e  seu preparo com  pós-graduação em administração e gestão em saúde, foram essenciais para trilhar esse longo caminho. “Sei que há muitos desafios pela frente, mas, sozinha nunca teria obtido o êxito que alcancei durante toda a minha jornada profissional.  Agradeço a todos que me ajudaram profissionalmente, que compõem a minha equipe, acredito que demos continuidade a um trabalho serio que vem sendo desenvolvido ao longo dos anos de uma instituição centenária  e que com  aprimoramento na formação profissional , governança corporativa,  e foco em prioridades,  podemos evoluir e trazer progresso e inovações ao meio em que vivemos.  Se tivesse que começar de novo começaria pela profissão de enfermeira, a qual eu me orgulho muito e que me norteia em muitas decisões até os dias de hoje”., finaliza

Denise ao lado da presidência da autarquia

 

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