Profissional de saúde: sua ajuda é fundamental para vencermos a luta contra a hanseníase

Coordenador do Programa Municipal de Hanseníase de São Paulo desde 2013, o enfermeiro Carlos Tadeu Maraston Ferreira abre os olhos da população sobre os riscos da hanseníase. Ele deixa claro que, ao contrário do que muitas pessoas pensam, a doença não só não foi erradicada como ainda continua infectando muitos brasileiros anualmente. “Nosso país ocupa a segunda colocação mundial em números absolutos de casos, logo atrás da Índia. Somos tidos como um país endêmico, sobretudo as regiões centro-oeste e nordeste”.

Enfermeiro Carlos Tadeu Maraston Ferreira durante palestra no Coren-SP Educação

Ele conta que tanto o município quanto o estado de São Paulo são polos de migração, por isso muitas pessoas chegam ao estado com a doença e às vezes nem sabem disso. “Existem dados epidemiológicos que mostram que estamos no final da endemia e no começo do controle da doença, mas por conta desse movimento migratório temos que manter uma vigilância permanente no estado”.

O mês de janeiro é particularmente importante quando se trata de conscientizar a população sobre a Hanseníase, por conta da celebração do “Janeiro Roxo”, uma campanha nacional de prevenção desse mal  — só no ano passado, surgiram 27 mil novos casos de hanseníase no Brasil. Carlos Tadeu explica que é de grande importância a adesão dos profissionais de enfermagem à campanha, auxiliando a educar a população sobre a doença.

“Um dos problemas da hanseníase é que ela é silenciosa. No início a pessoa não irá se queixar de dor e nosso modelo de saúde não é tratar quem não se queixa de dor”, coloca o enfermeiro.

Essa invisibilidade da hanseníase, sobretudo em seu estágio inicial, torna-se um desafio para o profissional de saúde. Os primeiros sintomas podem demorar até 5 anos para aparecer após o contágio. “O profissional de enfermagem tem que estar conhecendo bem sobre a doença para identificá-la. Ele deve ter esse compromisso com a saúde coletiva de trazer seus contatos para a unidade de saúde para serem examinados e receberem a vacina BCG”, diz Carlos Tadeu, que explica que embora não haja vacina específica para a Hanseníase, a BCG oferece certa proteção básica.

O enfermeiro explica que o principal sinal da hanseníase é o surgimento de manchas pelo corpo, que no início são de coloração mais clara que o restante da pele ou avermelhadas. É a essas manchas, que normalmente são associadas com a perda de sensibilidade local, que os enfermeiros devem estar atentos. Os pacientes que as apresentam devem ser imediatamente encaminhados a um clínico geral ou dermatologista para uma avaliação mais específica.

“O tratamento da Hanseníase é gratuito e se dá por meio de uma associação de antibióticos denominada poliquimioterapia. Dependendo da forma da doença o tratamento pode ser feito em seis meses com seis doses mensais e doses diárias de medicamentos ou em um ano, com 12 doses mensais além das doses diárias”, diz Carlos Tadeu. Os antibióticos utilizados são fáceis de serem encontrados e as mesmas unidades de saúde que fazem o tratamento estão equipadas para tratar também reações adversas e complicações advindas da baixa imunidade do paciente.

A prefeitura municipal de São Paulo tem uma página onde é possível obter mais informações sobre a Hanseníase, tanto para os profissionais de saúde quanto para a população, incluindo dicas de diagnóstico precoce e uma lista de locais que fazem o tratamento. Colabore com a campanha do Janeiro Roxo!

Dezenas de profissionais participaram da atividade ocorrida na última quinta-feira (10)

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