Programação da Semana de Enfermagem no CAPE traz palestra de cuidados com feridas

Na tarde desta segunda-feira, dia 9, os profissionais que participam da programação da Semana de Enfermagem do COREN-SP assistiram a uma palestra sobre o cuidado com feridas baseado em evidências. A enfermeira Rosângela Oliveira, do Hospital Samaritano e mestranda pela USP, falou para um auditório cheio no CAPE.

Segundo Rosângela, esta área ainda tem muito a ser explorado, sendo um campo muito rico para a Enfermagem. Principalmente no que se refere a estudos baseados em altos níveis de evidências. A enfermeira começou a palestra indicando o principal banco de dados para estes estudos, a Cochrane Library (link para http://cochrane.bvsalud.org/portal/php/index.php).

Para praticar o cuidado baseado em evidências, o profissional deve começar transformando a necessidade de informação em pergunta. Em seguida, deve identificar a melhor evidência para responder a essa pergunta. O terceiro passo é acessar as principais bases de dados e buscar estudos bem delineados. Por último, o enfermeiro precisa realizar uma análise crítica da evidência em relação à aplicabilidade e à validade.

Após apresentar os tipos e níveis de evidência, Rosângela mostrou alguns conceitos já pautados em evidências. São eles:

– A presença de necrose impede a cicatrização de feridas (como regra, deve-se remover a necrose, com poucas exceções);
– O ambiente úmido é melhor do que a gaze seca;
– A cicatrização de feridas é impedida pela presença de bactérias (por isso, é indicado o uso de terapia microbiana);
– A afirmação de que “não importa o que coloca na forma, o essencial é o tratamento das causas subjacentes” não é válida. É importante sim o que se coloca na ferida.

Para tratar a ferida da melhor maneira possível, é necessário entender como cada tipo de lesão funciona. Por isso, o profissional deve se perguntar o que a ferida necessita, com base nas dimensões, tipo e quantidade de tecido/exsudato, pele ao redor e estado microbiano. Em seguida, deve verificar as especificações do fabricante para entender o que o produto faz, e sua performance em relação aos similares. Porém, de nada adianta escolher um produto incômodo ou muito caro para o paciente, por isso, é preciso avaliar suas condições médicas e psicossociais. Finalmente, o enfermeiro deve pensar no que está disponível e no que é prático.

Os produtos para cuidar das feridas, segundo a forma de utilização, podem ser primários (contato direto) ou secundários (colocados acima do primário). De acordo com a atividade, podem ser passivos (de proteção, secos), interativos (moduladores de umidade), bioativos (antimicrobianos) e imunoativos (inibir metaloproteases, fatores de crescimento).

Segundo Rosângela, existem mais de 370 produtos para tratar feridas no país. “Não faltam tecnologias, só é preciso ser racional e ter um bom protocolo na instituição”, afirmou. A enfermeira falou ainda de métodos e novidades nas fases do cuidado: limpeza e desbridamento, modulação do exsudato, absorção e proteção, proteção e hidratação.