Profissionais assistem a palestra sobre segurança na administração de medicamentos

Num momento em que se fala tanto em segurança do paciente, a Semana de Enfermagem promovida pelo COREN-SP teve na tarde desta quarta-feira uma palestra sobre segurança na administração de medicamentos. As enfermeiras Cláudia Dornellas de Barros e Juliana Folco de Souza, do Hospital TotalCor, apresentaram procedimentos realizados na instituição e discutiram casos relatados pelos participantes.

Após fazer um resgate histórico do debate sobre qualidade e segurança no mundo, Cláudia falou dos eventos sentinela revistos pela The Joint Commission, dos Estados Unidos, no período de janeiro de 1995 a setembro de 2009. Dos 6.428 eventos listados, aqueles relacionados com erros de medicação apareceram em quinto lugar, com 526. “Estes erros ocorrem em qualquer lugar, a qualquer hora, com profissionais competentes ou não”, afirmou.

O erro de medicação é um evento evitável, que acontece em qualquer fase da terapia medicamentosa, que pode ou não causar danos. Segundo Cláudia, a administração de medicamentos é atribuição do enfermeiro e de sua equipe. Ou seja, ele pode até delegar a competência ao subordinado, mas responderá pelo ato judicialmente, caso ocorra erro.

Cláudia fez um alerta sobre um aspecto pouco abordado quando se fala em erro de medicação: os erros não detectados no início ou no meio do sistema são atribuídos à Enfermagem, mesmo que ela atue no último dos processos, o preparo e a administração dos medicamentos. “Por outro lado, é a também a última oportunidade de interceptar o erro, o que aumenta a responsabilidade da Enfermagem”, disse.

De acordo com a palestrante, o enfermeiro é capaz de interceptar 86% dos erros de prescrição, transcrição e dispensação. Além disso, 95% dos erros resultam de sistemas defeituosos, e apenas 5% dos erros são puramente humanos. “Não adianta punir ou exigir mais cuidado, a única maneira de resolver é mudar o sistema”, disse Cláudia.

Entre os problemas na administração de medicamentos estão interferências no ambiente de preparo (barulho, local inapropriado), preparo incorreto, falhas na técnica de administração, nos registros e na relação com o paciente, descumprimento de procedimentos como horário, falhas ao copiar prescrição em etiquetas, rótulos e fichas, etc.

Para evitá-los, o profissional deve começar checando os sete “certos” da medicação: paciente certo, medicamento certo, dose certa, horário certo, via de administração certa, prescrição certa e validade certa. A administração deve ser feita à beira do leito. No caso de medicamentos de alto risco (MAR), é recomendável colocá-los sacos vermelhos, reduzir o número de apresentações, utilizar dupla checagem em pontos críticos, padronizar doses, incorporar alertas automáticos e centralizar processos mais suscetíveis a erros.