Primeira edição do Programa Cape no Interior discute temas em obstetrícia

A primeira edição do Cape no Interior, mais um programa que promove o aprimoramento continuo dos profissionais de enfermagem, idealizado e organizado pelo COREN-SP, começou com público de mais de mil e duzentos profissionais e acadêmicos presentes em auditórios em todo o estado, além de internautas. Nesta quinta-feira, dia 17, profissionais de Enfermagem assistiram a palestras durante a manhã no seminário “Parto normal: desafios e perspectivas na assistência e a utilização da simulação”.

O evento está sendo realizado no auditório da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp). Por meio de sistema de transmissão simultânea, também está sendo transmitido em sete subseções no interior (Santos, Araçatuba, Campinas, São José dos Campos, Ribeirão Preto, Marília e Presidente Prudente), mais o CAPE (Centro de Aprimoramento Profissional de Enfermagem), na capital.

O dia começou com a mesa de abertura, em que estiveram presentes representantes do COREN-SP, da Famerp, Funfarme, Secretaria Municipal de Saúde, Sindicato dos Enfermeiros e Fundap. Por meio de depoimento em vídeo, o secretário estadual de Saúde, Júlio Semeghini, saudou a iniciativa do COREN-SP de aprimorar sua rede de capacitação.

Já o presidente do COREN-SP, Cláudio Porto, disse que o Conselho tem colocado toda a tecnologia disponível para o aperfeiçoamento do
profissional. “Para combater erros e imperícia é preciso não apenas fiscalizar, mas é preciso dar um passo maior, a prevenção”, afirmou.

A primeira palestrante foi a enfermeira Ms. Karina Fernandes Trevisan, presidente da Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras do Estado de São Paulo (Abenfo-SP), que falou sobre o panorama da saúde materna no estado. Para a especialista, a imensa maioria das mortes de mulheres por complicações da gestação, aborto, parto e puerpério são um desperdício de vidas, pois a maternidade deveria representar continuidade da vida. E também porque essas mortes poderiam ser evitadas com assistência adequada.

Karina demonstrou com números que a taxa de natalidade tem caído, mas a queda na taxa de mortalidade não tem sido tão vertiginosa. Em 2007, houve 75 mortes para cada 100 mil nascidos vivos, contra 140 em 1990. Uma queda de quase 50%, mas ainda distante da meta do milênio estabelecida pela OMS, de 20 óbitos.

A enfermeira também apontou a necessidade de consultas pré-natais detalhadas. A maior parte das mulheres faz seis ou mais consultas, o que é um dado positivo, mas muitas vezes sem qualidade. Não se mede a altura uterina, não se identifica sífilis, não se fazem os exames adequados.

Em seguida, a enfermeira Dra. Camila Schnek apresentou o estudo Nascer no Brasil, do qual é coordenadora em São Paulo (/node/33742). Trata-se de uma iniciativa de Fundação Oswaldo Cruz para estabelecer a relação entre cesarianas eletivas e morbidade do recém-nascido e da mãe. Serão entrevistadas 24 mil mulheres em todo o país, inclusive no período pós-parto. Em São Paulo, as entrevistas devem começar em breve.

Por fim, Cláudio Porto falou de processo ético e desafios para a assistência com qualidade na área da saúde da mulher. Ele apresentou como
dificuldades a carga horária reduzida nos cursos para esse assunto, o foco de atuação no ambiente hospitalar, os campos de estágio insuficientes e inadequados. Também falou dos erros e imperícias. “Os processos éticos são uma atribuição do COREN-SP determinada em lei, e não nos furtaremos à nossa obrigação. Mas, nos últimos dois anos, temos priorizado uma fiscalização orientadora, além de levantarmos o debate e respeito da formação profissional”, disse.