COREN-SP realiza fórum sobre trabalho em ambientes com variação de pressão atmosférica

O trabalho em ambientes com grande profundidade tem crescido no Brasil, com a expansão de obras da construção civil e a exploração do petróleo na camada do pré-sal. Para discutir esta modalidade de trabalho, o COREN-SP foi pioneiro e realiza desde quarta-feira, dia 27, o 1º Fórum de Trabalho em Ambientes Disbáricos, no CAPE. O evento segue até quinta-feira, dia 28.

Um local disbárico é onde existem variações de pressão. Os principais trabalhadores que atuam sob diferentes pressões são os mergulhadores não recreativos, profissionais de Enfermagem nas câmaras hiperbáricas (para tratamento de pacientes com oxigênio 100% administrado sob pressão), operários da construção civil (nos chamados tubulões das grandes obras e túneis), pescadores de crustáceos, mineradores e pilotos da aviação militar e comercial.

Com a exploração do pré-sal no litoral de São Paulo, será significativo o número de mergulhadores instalados nas plataformas, o que abrirá um amplo campo de trabalho para profissionais de Enfermagem do Trabalho. A previsão é que o estado receba de 25 a 30 mil trabalhadores para a exploração do petróleo nos próximos dez anos. Da mesma forma, as grandes obras previstas para a Copa do Mundo, além do PAC, também serão oportunidades para a categoria.

Na abertura do fórum, o presidente do COREN-SP, Cláudio Porto, disse que a intenção do Conselho é conscientizar a categoria sobre estas novas oportunidades. “Temos que levar aos profissionais os conhecimentos sobre a atuação em ambientes disbáricos, e trabalhar para que a exposição ao risco não ocorra”, disse.

Os riscos são um dos aspectos centrais do trabalho sob variação de pressão. Os acidentes de trabalho e os efeitos a longo prazo no organismo são comuns, uma vez que não estamos acostumados a esta exposição. No entanto, falta previsão legal para acidentes disbáricos.

Em sua fala de abertura, o conselheiro do COFEN Osvaldo Albuquerque se comprometeu a discutir no Plenário do Conselho Federal uma resolução a respeito. “É preciso que o profissional esteja qualificado para atender com excelência este acidentado”, afirmou. A conselheira do COREN-SP Angélica Guglielmi informou que os conselhos de São Paulo e do Rio de Janeiro vêm elaborando um relatório sobre a normatização da Enfermagem marítima e offshore, que deve ser enviado ao COFEN em breve.

Além de COREN-SP e COFEN, participaram da abertura a Advocacia Geral da União (AGU), Ministério Público do Trabalho (MPT), Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) e Capítulo Brasileiro da UHMS (Sociedade de Medicina Subaquática e Hiperbárica).

Dever humanitário

Após a abertura, o médico Roberto Bammann, da UHMS, ministrou a palestra “O trabalho em ambientes disbáricos no contexto nacional e internacional”. O especialista mostrou que as principais patologias ligadas à variação de pressão são o barotrauma pulmonar (conhecido como explosão de pulmão) e a doença descompressiva, que deixa sequelas tardias.

Além das explicações científicas, Bammann ressaltou o “dever humanitário” da equipe de saúde que atua no trabalho em ambientes disbáricos. O médico falou da função de educar, orientar e treinar. “O trabalhador precisa saber a que condições ele está exposto e os riscos para a saúde”, disse.